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Livro “Ser Artista”, de Marcus Montenegro, vira peça e traz Beth Goulart como diretora

Marcus Montenegro,Leona Cavalli, Beth Goulart, Charles Möeller e Regina Antonini – Foto: Edu Rodrigues

O empresário e produtor Marcus Montenegro é um criador de conteúdo sem limite. Autor do livro “Ser Artista”, ele agora leva sua obra para os palcos, com direção de Beth Goulart e com a participação dos atores Charles Möeller e Leona Cavalli. Promete ser um espetáculo daqueles que quem assiste, tem vontade de voltar. O lançamento da peça se deve ao sucesso do livro. “O espetáculo é a pura devoção de amor, respeito e gratidão pelos 35 anos convivendo com os maiores nomes do teatro brasileiro, e que o público se emocione com essas histórias e se reconheça, se identifique”, diz Montenegro. 

Escrita a quatro mãos, com a parceria de Regina Antonini, a peça tem previsão de estreia em 2023, no Rio de Janeiro, onde deve ficar por dois meses e depois viajar o País. Passa por São Paulo, outras cidades e parte para Portugal, onde o time de atores que a interpreta será de portugueses – Ricardo Carriço e Leonor Seixas. 

Levamos um papo com Montenegro sobre a peça, leia a seguir a entrevista completa.

Como surgiu o convite para a peça ou foi ideia sua? 

A ideia foi minha devido à repercussão do livro ter sido altamente positiva e resolvi fazer então uma adaptação teatral, e convidei a Regiana Antonini para escrever comigo.

Como foi a escolha dos atores?

Depois que o texto ficou pronto senti a necessidade de ter um ator para fazer o papel do personagem de Montenegro, que fosse relativamente similar comigo e tivesse uma história de vida também muito próxima à minha, a paixão pelo teatro, então como eu produzi o “Abre Alas”, que foi o primeiro grande musical da vida do Charles Möeller e do Botelho, que eles dirigiram, meus amigos da vida toda. Por isso que eu convidei Charles Moeller, com o corpo mais gordinho, de barba branca, me lembra muito, o jeito de ser amável de lidar com as pessoas, e a Leona Cavalli, que eu acho que é uma grande atriz e porque eu vou homenagear um grupo de mulheres importantes com quem eu trabalhei, algumas vivas e outras já falecidas.

Você participou do roteiro?

Foram oito meses de reuniões infinitas, em uma criação coletiva de quatro mãos entre mim e Regiana Antonini.

Como é ter o Charles Möeller como ator em sua peça?  

Primeiro é uma honra, um grande prestígio ter um homem com a importância dele dentro de um cenário artístico e também se manifestou numa reunião comigo a vontade de voltar a atuar e eu achei que o “Ser Artista” seria o projeto certo para ele voltar a atuar. Ele estava à procura de texto e quando eu mandei o texto para ele, ele leu em uma hora meia e me ligou, parou tudo que estava fazendo, estava extremamente emocionado, honrado e aceitou convite na mesma hora.

Marcus Montenegro, Beth Goulart, Charles Möeller, Regina Antonini e Leona Cavalli – Foto: Edu Rodrigues

Fale sobre a participação de Beth Goulart como diretora?

A participação da Beth como diretora, e a Beth faz parte da minha história, coincidentemente, o começo da peça eu narro como eu conheci a Beth Goulart com 11 anos de idade, e termina numa peça, a última atriz que eu falo no espetáculo é a Nicette Bruno, eu encerro com ela. Então, a família Goulart faz parte da minha vida, é uma segunda família, eu tinha o hábito de almoçar na casa da Nicette e do Paulo [Goulart] constantemente. E a Beth é uma grande diretora, já tinha me apaixonado por um espetáculo que ela fez sobre a Clarice Lispector e também sobre o “Perdas e Ganhos”, da Lya Luft, que ela dividiu com a mãe. É ainda do meu escritório, me conhece muito bem, minha grande amiga, então foi uma escolha que tinha tudo a ver, não só com a minha história, mas também com a minha com a minha proposta artística.

E Leona Cavalli interpretando as divas?

Foi uma coisa meio acidental. Um dia ela veio me visitar, em uma tarde sem comprometimento profissional, era puro carinho e eu estava finalizando o texto e me deu vontade de chamá-la para fazer uma leitura naquela hora sem ela saber o que ela iria ler. Fomos para uma sala de leitura nos fundos do escritório e começamos a ler. Quando ela começou a ler as grandes damas, cada uma já dentro do clima, ela se emocionou muito e eu percebi que ela era a pessoa certa para dar voz a todas as mulheres.

Quando a peça deve entrar em cartaz?

A peça está com previsão de estrear, entrar em cartaz, em janeiro de 2023, nós vamos começar a ensaiar em novembro e dezembro, temos duas possibilidades de estreia, dois teatros disponíveis, mas ainda não está acertado, porque está dependendo de um projeto até maior para a gente ir para o teatro ou não. Mas o cronograma é esse.

Você já teve vontade de interpretar, já que trabalha com tantos artistas?

Sonho de garoto. Quando era criança sonhava em ser ator, mesmo tendo feito vestibular para medicina, na verdade com a maturidade entendi que era apenas uma paixão pela arte e admiração por estes atores, logo que eu comecei a trabalhar com produção eu percebi que eu tinha que trabalhar era no backstage, não só produzindo, como cuidando deles e, hoje, virando um autor e roteirista.

Qual sua expectativa com a peça e a recepção do público?

A minha expectativa da peça e a recepção do público é que seja verdadeiro o resgate da profissão ser artista. O espetáculo é a pura devoção de amor, respeito e gratidão pelos 35 anos convivendo com os maiores nomes do teatro brasileiro e que o público se emocione com essas histórias e se reconheça, se identifique. Eu quero deixar um legado de eterna gratidão e valorização, e que esses nomes não caiam no esquecimento, que a suas carreiras sirvam de inspiração para a transformação das futuras gerações.

Como se vê sendo interpretado?

Eu acho engraçado, nunca pensei que um dia eu pudesse ser interpretado por alguém, mas eu tenho uma expectativa bastante positiva em relação a Charles, porque eu acho que a nossa alma é muito próxima e nesse momento é só gratidão e gratidão que eu sinto.

Marcus Montenegro e Leona Cavalli – Foto: Edu Rodrigues

A ideia é viajar com a peça pelo Brasil?

A ideia é viajar com a peça pelo Brasil, a gente estreia no Rio de Janeiro por dois meses, depois inicia uma segunda temporada em São Paulo e no segundo semestre de 2023 a gente faz a peça em Portugal, com a direção da Beth Goulart, mas lá será feita pelos atores portugueses, o Ricardo Carriço, grande ator para o papel do Montenegro, e a Leonor Seixas, uma grande atriz de Portugal que fará as atrizes brasileiras.

Qual a sensação de ver sua obra virando uma peça de teatro?

A sensação de ver a minha obra virar uma peça de teatro é tudo que um autor sonha quando escreve um livro, ainda mais eu sendo um autor, que produziu mais de cem espetáculos, entre shows e peças, eu só descobri isso depois que eu escrevi um livro. Então é um sonho que se realiza e que não para por aí, porque virá agora audiobook, o Charles Moeller que vai gravar, e depois a peça será gravada em outras línguas também e será traduzida, e se Deus quiser, eu chego na série que está sendo criada.

A exemplo do livro, acha que será uma obra voltada àqueles que se interessam pela carreira artística?

Eu acho que vamos atravessar a fronteira novamente, assim como o livro atravessou. O livro atingiu médicos, advogados, digitais influencers, assessor de imprensa, foi muito além da carreira artística em si como ator. É um espetáculo para os apaixonados pelo teatro, que é o grande público que sempre lotou as casas espetáculos da Marília [Pêra], da Bibi. [Ferreira], da Tônia [Carreiro], da Nathalia [Timberg], da Irene [Ravache], da Nicette, independentemente do que elas estavam fazendo na televisão. Esse público que acompanha aonde aquelas atrizes vão, o que elas fazem artisticamente, é que é é importante. Então eu acho que o livro, em todas as obras derivadas que virão, irá agradar a todos aqueles que são apaixonados por arte, cultura, formação e educação que o que eu acredito para o País.

Há ideia de fazer um outro livro ou dar continuação a esse?

Com toda certeza, o “Ser Artista 2” começou a ser escrito na pandemia. Lancei o “Ser Artista 1”, em setembro de 2020, no auge da pandemia, e comecei a escrever o dois em setembro de 2021, um ano exatamente após o lançamento.

Vai começar obviamente falando sobre o momento da revolução artística que a pandemia provocou dentro do próprio meio, levando os artistas a se expressarem de outras maneiras por meio do mundo online, as reinvenções de carreira. Aproveitar o seu tempo livre para o estudo, formação e criação e assim como eu também reestruturei a minha carreira durante esse processo, vou contar até a estreia da peça “Ser Artista”.

Marcus Montenegro – Foto: Edu Rodrigues

Fale sobre o mundo artístico hoje, o que mudou com a pandemia?

Acho que o mundo artístico hoje, depois da pandemia, mudou completamente com relação ao posicionamento, com entrada definitiva dos streamings no Brasil, criando uma grande indústria do audiovisual, provando importância de quanto o artista foi fundamental para que a pandemia fosse mais salutar e saudável de conviver com ela, com todos as mazelas que passamos, afinal de contas, todo mundo buscou um livro, uma música, assistiu a reprises de novelas, uma série, um filme para entreter a mente, então a pandemia mostrou muita a força do artista, a importância do artista. É claro que o mundo artístico foi um dos mais penalizados porque ficou impedido de trabalhar, as portas do teatro foram fechadas, as produções foram interrompidas e no momento em que o mercado estava extremamente fortalecido iniciando essa grande indústria. Agora eu vejo a retomada absoluta, os teatros estão enchendo novamente, os streamings mostrando sua força na produção. Quem entendeu a missão da importância de que nós não somos nada, que existe uma força superior que nos leva a qualquer momento, talvez nos tornemos pessoas mais compreensivas e amorosas para lidar com as dificuldades da carreira.

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