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Veja o resumo do melhor do Lollapalooza deste sábado

Foto: Getty Images

Por João Victor Marques e Maria Laura López

Mais um dia de shows e muita curtição. O sábado teve ninguém menos que Miley Cyrus, que chamou ao palco a nossa número um do mundo no Spotify, Anitta. Ainda teve Jão, Silva, Emicida, Alessia Cara, MC Tha, Clarice Falcão, ASAP Rocky, entre tantos outros. Veja o que foi destaque neste sábado no Lollapalooza.  

MC Tha – Foto: Rerpdução/Instagram/@mcthaa/@alli.zao

MC Tha (Palco Adidas – 13h05-13h50)

No auge do Sol do início da tarde, quem abriu os trabalhos no palco Adidas no segundo dia de Lollapalooza Brasil 2022 foi a cantora e rapper brasileira MC Tha. Toda de vermelho, ela usava um vestido com rendas e tule, junto de um óculos Juliet, muito comum dentro da cultura do funk.

Entregou grandes hits do seu álbum debut, “Rito de Passá”, que mesclam funk com batidas de terreiro. Em diversas horas, sua religião foi pauta dentro do show de uma forma tão linda que mesmo quem não conhecesse nada sobre se emocionou.

No meio do show, enquanto conversava com o público, mostrou que estava emotiva por estar ali e dedicou o show a todas as pessoas que faleceram durante a pandemia de Covid-19 e aproveitou para puxar um coro “Fora Bolsonaro” e, na sequência, um “Volta Lula”. Cada vez mais, MC Tha se mostra como uma potência musical que não se enquadra em padrões e entrega um som de qualidade em tudo que se propõe.

Clarice (Palco Ônix – 13h55-14h40)

Soltar o ukulele e arrumar uma boa banda parece ter ajudado Clarice Falcão a se soltar. Carismática, a cantora realmente se entregou ao público e esbanjou a felicidade de estar no palco após dois anos e meio fora dele, o que ajudou a mascarar parte do seu nervosismo. A voz, no entanto, às vezes entregava, falhando aqui ou ali, e errando algumas letras.

O público e seus fãs definitivamente gostaram de sua energia, aplaudindo mesmo quando errava e cantando em coro suas músicas mais famosas como “Eu me lembro” ou “Eu esqueci você”. Mas o auge do show foi “Monomania”, música de 2012, que emocionou a cantora. “Eu fiz essa música há dez anos e vi muita gente cantando. Tenho uma coisa para dizer para vocês… vocês estão velhos! E eu também”, brincou.

Clarice ainda cantou um single inédito sobre se apaixonar no banheiro químico. “Essa música fala de algo que pode acontecer com vocês hoje ainda, se é que já não aconteceu”, disse. Sem saber como dizer adeus, a cantora não falou muito, preferiu logo cantar “Como é que eu vou dizer que acabou? (Problema meu)”, música com a qual encerra o show.

Silva (Palco Budweiser – 14h45-15h45)

Já mais para o meio da tarde, onde a previsão dizia que iria chover muito, o Sol seguiu sendo o grande astro rei no Autódromo de Interlagos e foi a vez do capixaba Silva subir no palco principal do festival em um clima gostoso de outono paulistano.

De regatinha preta e óculos escuro, fez um setlist repleto de faixas muito conhecidas entre todos os seus cinco álbuns de estúdio. Entregou, também, faixas que regravou de Marisa Monte. Ele estava leve, solto e entregue ao público, que cantava junto e curtia (mesmo se não fosse o maior fã do mundo do cantor). 

Um dos grandes momentos foi a participação do amigo e rapper Criolo. Cantaram juntos “Soprou”, do álbum “Cinco” de Silva. Foi um espetáculo de show para curtir, sorrir e se divertir enquanto tomava uma cerveja bem gelada.

Jup do Bairro – Foto: reprodução/Instagram/@jupdobairro

Jup do Bairro (Palco Adidas – 14h45-15h45)

De preto com um buquê de rosas brancas, Jup do Bairro sobe no palco Adidas em clima de enterro. Com músicas pesadas que trazem sua vivência enquanto mulher trans e negra no País que mais mata pessoas trans e travesti no mundo, a primeira parte do show é mais intensa até na melodia, com bastante rap e rock como em “Pelo Amor de Deize”.

A performance da artista foi completo e teve diversos momentos de destaque, como quando se emocionou ao mandar um recado para a mãe. “Sei que você tá assistindo, essa aqui é para você”, disse. Ela também abriu o espaço do seu palco para que seus backing vocals e músicos pudessem brilhar durante o intervalo em que trocava de roupa.

Sua volta, com uma blusa estampada “Hannah Montana do Bairro”, em referência a Miley Cyrus, que tocou mais tarde no mesmo dia, marcou uma virada na apresentação. Mais descontraída e com bastante funk, o fim do show veio para deixar uma mensagem de esperança e alegria. É uma pena que a apresentação não tenha conquistado muito o público do festival que não a conhecia, mas foi perfeita para os fiéis fãs, que marcaram presença na grade do palco.

Jão – Foto: Reprodução/Instagram/@lollapaloozabr

Jão (Palco Onix – 15h50-16h50)

Polvo inflável no palco, Sol estalando, um coro musical bem alto, uma banda potente e hits emotivos: estes foram alguns dos ingredientes do show do Jão na tarde deste sábado no Lollapalooza Brasil 2022. Com o palco Onix lotado (não se via o fim da multidão no morro), o cantor do interior de São Paulo consagra um pop-rock que tem rodado o País dando sold out em várias casas de show.

O show é repleto de hits do mais alto nível de sofrência, falando de amores e de momentos autodepreciativos, como “Eu vou morrer sozinho” e muitos outros. O ponto chave de Jão é a identificação que o público tem com ele, tanto nas músicas cantando sobre relacionamentos, como na sua bissexualidade assumida e cantada em faixas, bem como, também, no não uso de playbacks, que engaja o público a cantar a plenos pulmões com o cantor como se eles estivessem, juntos, em uma sala de karaokê no bairro da Liberdade, em São Paulo.

O público puxou o coro “Fora Bolsonaro” e o artista seguiu nesta toada, dizendo que este era o maior hit desta edição do festival, e aproveitou para pedir que todos os seus fãs se registrem para votar. Fechou o show com seu atual grande hit “Idiota”, indo para a galera. Ele se entregou à multidão e a multidão recebeu ele muito bem, como deve ser feito com um dos principais nomes do pop nacional hoje em dia.

Remi Wolf – (Palco Adidas – 16h55-17h55)

Divertido e colorido, Remi Wolf conquistou o público do Lollapalooza com seu indie-pop, trazendo para a frente do palco não apenas quem já a conhecia. As imagens psicodélicas junto aos gifs chamativos que apareciam no telão de fundo do palco ajudavam despertando a curiosidade para a estética trash anos 2000 da artista.

Na mistura de referências, Remi surpreende com uma combinação inteligente, mostrando que embora tenha uma carreira recente, sabe como se sustentar em um festival como esse. Suas músicas de maior sucesso foram os pontos altos do fim de tarde, “Sexy Villain” e “Hello Hello”, mas a cantora também apostou em alguns covers, como “Crazy” e “Electic Feel”, para engajar o público e convidá-lo a cantar junto.

Feliz em estar no palco brasileiro, a artista ainda arriscou um português em “bom dia”, “obrigada” e “eu te amo”, com o último ela chegou a se declarar para o público que respondeu com “Remi, eu te amo”. No fim, ela desceu na plateia e terminou o show pedindo para que todos bebessem água porque o dia estava quente.

Alessia Cara – Foto: Reprodução/Instagram/@lollapaloozabr

Alessia Cara (Palco Adidas – 19h05-20h05)

Simplesmente simpática. Esta foi a minha primeira impressão que qualquer um que esteve no início da noite no Palco Adidas teve da cantora canadense Alessia Cara. Cantando pela primeira vez no País, ela mostrou que se importava com o público de uma maneira que ainda não havia sido visto no festival.

Conversou em português várias vezes, fez um teatrinho todo na nossa língua antes do hit “Lie to me” e até cantou faixas em português. Para o show, escolheu fazer cover de “Flor de Lis”, de Djavan, e uma versão completa de “Saudade fez um samba”, de João Gilberto. Além disso, ainda convidou o brasileiro Jão para cantar ao seu lado a faixa “You let me down”.

Finalizou o show com seu bom pop farofa eletrônico em “Stay”. Foi um dos shows mais legais até agora. Que prazer assistir Alessia Cara. Espero que ela cumpra a promessa que fez no palco e volte mais vezes ao Brasil.

Emicida – Foto: Getty Images

Emicida (Palco Budweiser – 19h05-20h05)

Os vitrais reproduzidos nos telões já deixavam claro, Emicida levaria a plateia à igreja para glorificar a música, o amor e a vida. Já no início ele declarou que estava com saudade dos palcos e deixou alguns recados para a plateia como: “Se você tem de 15 a 18 anos vai tirar o título de eleitor”. Algo que vem sendo dito por alguns artistas nesta edição do Lollapalooza, em ano eleitoral.

Com um show dividido em atos, Emicida demarcou bem os diferentes momentos da história que estava contando. Um primeiro ato mais solo e agressivo, seguido de um com diferentes participações, incluindo Rael e Drik Barbosa. Além de Majur, que entrou para acompanhá-lo em “Amarelo”, faixa que gravaram juntos no último álbum do rapper.

Antes de finalizar com “Principia”, o artista ainda tirou um tempo para falar sobre Taylor Hawkins, baterista da banda Foo Fighters, que faleceu nesta sexta-feira. “Todos nós de alguma maneira admiramos o Foo Fighters. Nesse momento, eu queria emanar aqui as melhores energias para a família desse irmão que infelizmente nos deixou.”

ASAP Rocky (Palco Onix – 20h10-21h25)

Fogos, muita fumaça, fogo, papel picado, quatro telas de LED no palco e apenas ele. ASAP Rocky foi a principal atração de rap do festival e subiu ao palco Onix do Lollapalooza Brasil para entregar um show completo, curto, sem censura nas partes picantes de suas músicas e eletrizante do início ao fim.

O look do papai do ano (ele espera o primeiro filho ao lado da namorada Rihanna) chamava atenção e mostrava que a potência de Rocky ali mesmo, no primeiro olhar. Vestia um suéter, calça jeans, botas de pelinho do tipo UGG e uma kilt sobre sua roupa. Cantou seus principais hits, como “Lord”, “LSD”, “Sundress”, “Everyday” e muitos outros.

Miley Cyrus – Foto: Reprodução/Instagram/@lollapaloozabr

Miley Cyrus (Palco Budweiser – 21h30-23h00)

Antes mesmo de o show começar, o bumbo da bateria no palco de Miley Cyrus já emocionava. O TH escrito dentro de um coração homenageava Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters falecido na sexta-feira, e foi uma prévia do que seria o show que Miley dedicou ao amigo. Em especial, na música “Angels Like You”, quando a emoção da cantora era visível e na qual ela falou sobre como gostaria de ver o amigo uma última vez. Foi também nesse momento que ela contou que só não cancelou o show porque o ele ia querer que ela continuasse.

Apesar disso, Miley conseguiu segurar o público e manter a energia alta com um setlist de muito rock, equilibrando as músicas de seu álbum mais recentes com alguns dos clássicos mais importantes da carreira como “7 things”, “The Climb” e “Party in the U.S.A.”. No meio disso, a cantora ainda arrumou um espaço para incluir “Boys Don’t Cry” e convidar Anitta ao palco em uma performance incrível.

Miley se declarou para a cantora brasileira, que disse ser uma das artistas mais fodas de todo o mundo e alguém que ela sabe que sempre topa tudo, seja ligar para falar besteiras ou mesmo ir até o Lollapalooza cantar sua música. “Ela também acaba de chegar ao topo do Spotify global com sua música. Já fazia tempo que o Brasil merecia estar nessa posição, mas se era para ser alguém, estou feliz que foi ela”, comentou sobre a conquista de Anitta.

O espetáculo ainda teve outros pontos de destaque, como um pedido de casamento gay no palco. O casal, que se conheceu no último show de Miley no Brasil, há mais de sete anos, foi convidado pela cantora para eternizar esse momento ali com ela. “Espero que o casamento de vocês seja melhor, porque o meu foi um desastre”, comentou. Como este foi último show da turnê da cantora pela América do Sul, ela aproveitou a última música para anunciar o lançamento de seu próximo álbum, “Attention”, no dia 1º de abril.

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