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Veja o resumo do melhor do Lollapalooza desta sexta

Foto: Reprodução/Iznstagram/@lollapaloozabr

Por João Victor Marques e Maria Laura López

Detonautas (Palco Budweiser – 13h05-13h50)

Quem abriu o palco principal do Lollapalooza Brasil no primeiro dia de evento foi a banda brasileira Detonautas. Ainda com público tímido e chegando ao Autódromo de Interlagos, o grupo comandado por Tico Santa Cruz cantou clássicos, evocando a nostalgia muito em alta nos dias de hoje para o festival.

Entre as faixas, o vocalista, com apoio de mensagens no telão de LED, levantou questões de apoio à vida e ao bem-estar emocional. Falou sobre o Centro de Valorização da Vida. Visivelmente feliz e emocionado, Santa Cruz exaltou a possibilidade do retorno aos palcos e a volta da vida comum após o ápice da pandemia de Covid-19. 

O Detonautas finalizou o show da forma mais atual possível: Tico Santa Cruz comentou sobre a chegada de Anitta ao lugar mais alto das paradas musicais com “Envolver” e, de quebra, rebolou no Lollapalooza. Excelente aquecimento, para um dia que entregou tudo. E antes que a gente se esqueça: ao final do show, o próprio público puxou o coro “Fora Bolsonaro”.

JXDN (Palco Ônix – 13h55-14h40)

Herdeiro de Blink 182, Jaden Hossler, ou JXDN, quer reviver o rock emo entre os jovem, e, de certa forma, tem conseguido. Famoso no Tik Tok, o simpático garoto de 21 anos animou o público pulando com uma camisa do Brasil enquanto cantava as músicas de “Tell me about tomorrow”, álbum que foi inclusive produzido por Travis Barker, do Blink 182.

Mas não vá pensando que o show será como os clássicos do pop-punk de 15 anos atrás, isso talvez frustre o espectador. Levando apenas uma bateria e uma guitarra, eles precisaram usar muita coisa gravada, como o contrabaixo e outras vozes, então coube ao cantor animar a plateia com seu charme. Várias vezes ao longo do show ele agradeceu ao público e disse estar vivendo um sonho. “Vocês foram uma das melhores plateias para as quais já toquei.”

No fim, talvez essa sua estreia nos palcos brasileiros seja mais sobre construir sua imagem e estética para o público mesmo. Tudo indica que ele tem potencial para voltar depois, em um momento mais maduro.

Matuê (Palco Adidas – 14h45-15h30)

Com seu boné de chifrinhos, tranças na altura dos ombros e muitas projeções alucinógenas nos telões do palco Adidas, o rapper Matuê, de 28 anos, entregou um show repleto de hits, que fez com que o público cantasse até ficar sem voz com ele. 

O artista de Fortaleza é, hoje, o principal nome do trap (subgênero do hip hop, nascido na década de 2000, nos Estados Unidos), e ter um show como o dele ocupando espaço no line up do Lollapalooza Brasil mostra como este movimento musical está aquecido, recheado de talentos e que merece sua atenção. 

Matuê canta com bases gravadas e voz com bastante sintetizadores e autotunizada, mas isso é a cereja do bolo para quem foi extravasar e acabar de cantar com o hit “Quero Voar”, por exemplo. Mais um brasileiro que fez bonito e esbanjou energia.

Turnstile (Palco Budweiser – 14h45-15h30)

Com 12 anos de carreira, Turnstile já está mais do que estabelecida no cenário underground do punk-rock. Ainda assim, sua estreia no Brasil demorou mais do que seus fãs gostariam, criando uma expectativa enorme para as apresentações da banda que, além do Lollapalooza desta sexta-feira, também tocaram no Cine Joia, no dia anterior.

O quinteto mostrou toda sua animação com o público brasileiro e comandou a multidão em vários momentos. “Eu preciso de vocês, eu preciso que vocês pulem com a gente”, disse eles antes da bateria entrar com tudo, fazendo o tablado de plástico que cobre parte da pista vibrar.

Gratos pela oportunidade, eles falaram sobre como é bom poder tocar novamente depois de tanto tempo sem fazer shows ao vivo. E ainda pediram para que todos se cuidassem, curtissem as apresentações mas não esquecessem de tomar água e se manter hidratados. Parece que eles já sabem o quanto o show deles exige fôlego do público.

The Wombats (Palco Ônix – 15h35-16h35)

Um dos shows mais aguardados deste primeiro dia de festival, The Wombats teve que ser pausado depois que um forte temporal começou. No fim, eles não conseguiram voltar e o público teve que se contentar com aquelas quatro primeiras músicas, que não eram seus maiores clássicos.

É uma pena porque os integrantes pareciam bem animados de voltar ao Brasil para o Lollapalooza. Logo que pisaram no palco, o vocalista, Matthew Murphy, arriscou um belo português, agradecendo ao público e dizendo como estavam felizes em tocar. Ele já havia antecipado um pouco do show em entrevista ao RG, e esse início foi realmente bem parecido com o que ele havia dito: uma mescla de músicas novas e antigas.

Os outros integrantes do trio, Tord e Dan, também estavam curtindo e interagindo com o público. O baterista, que estava com uma blusa do Brasil, chegou a fazer um último grande elogio antes da chuva cair. “As plateias são boas na América do Sul, mas vocês estão levando isso para outro nível.”

 

Pabllo Vittar (Palco Adidas – 16h40-17h40)

Pabllo Vittar entrou com dez minutos de atraso ao palco Adidas do Lollapalooza Brasil. Mas a culpa não foi dela: uma hora antes, mais ou menos, uma chuva torrencial, com fortes rajadas de vento, caiu sobre o Autódromo de Interlagos. Mas nem isso findou a espera de quem sonhava com um festival depois de dois anos pandêmicos.

Numa espécie de retorno apocalíptico, a drag queen cantou grandes hits de sua carreira para um show lotado de verdade. Passeou entre o repertório de seus quatro álbuns de estúdio e rebolou muito ao lado de seu balé de seis integrantes. Brilhou cantando sua parceria oficial com Lady Gaga, “Fun Tonight”.

Muito mais que qualquer outro show, este transbordou representatividade: foi lindo ver Pabllo, uma drag queen do Maranhão, levar ritmos nordestinos, como arrocha, pisadinha e forró, ao palco de um dos maiores festivais do País. Ao final, gritou “Fora Bolsonaro” no palco e desceu para agarrar uma bandeira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A maior que nós temos.

O cabelo azul já é marca registrada de Ashnikko – Foto: reprodução/Instagram/@ashnikko

Ashnikko (Palco Perry – 19h-20h)

Estreando no Lollapalooza, Ashnikko deu um show de energia no palco. Cantando e dançando, ela sustentou a atenção do público mesmo estando apenas com mais uma DJ no palco. Mas a cantora realmente não precisa de muito, ela sozinha com suas letras e looks icônicos já é bastante.

Antes de cantar “Working Bitch”, um de seus maiores sucessos, a cantora leu o cartaz de um fã e ajudou a divulgar seu Only Fans e ainda disse “vai lá ganhar seu dinheiro”. Algo que só poderia ser ela mesmo, com seu estilo excêntrico que vem conquistando uma legião de seguidores.

O show cheio de sensualidade e agressividade já era esperado e a cantora realmente não deixou a desejar. É uma pena que a maior parte do público a viu apenas como uma sombra já que os telões não refletiam a sua imagem.

 

Doja Cat (Palco Onix – 20h10-21h10)

O talento, a presença de palco e o poder de hipnotizar o público que assiste são características inversamente proporcionais à altura de Doja Cat, que mede apenas 1,65 de altura. Amala Ratna Zandile Dlamini, que responde sobre a alcunha escrita acima, subiu ao Palco Onix do Lollapalooza Brasil 2022 como uma das atrações mais esperadas da noite e sagrou a expectativa prometida.

O show começou morno, com sua beleza e figurinos rosa roubando cena nos grandes telões posturados ao lado do palco, que recebia uma multidão que se instalou no morro para assistir a rapper norte-americana. Ao meio do show, foi a vez de uma sequência de seus sucessos que bombam, principalmente, nas redes sociais: “Woman”, “Need to Know”, Get into it” e o maior deles, “Say so”. 

É incrível ver como Doja faz movimentos certeiros no palco, toma conta, conduz e entrega sem você nem perceber que ela te envolveu por completo. Brinca com sua voz, ora cheia de sintetizadores, ora com Auto Tune, ora sem nada. Doja Cat sabe, e sabe muito, como prender o público e divertir todo mundo, do início ao fim. Um dos melhores shows da noite.

Jack Harlow (Palco Adidas – 21h15-22h15)

É bom deixar claro logo de cara que o rapper norte-americano Jack Harlow pareceu estar encantado com o público brasileiro durante todo o show que fez no palco Adidas no Lollapalooza Brasil 2022. Chegou a dizer que não sabia se tinha fãs ou pessoas que conheciam sua música por aqui.

Em show melancólico e solitário (apenas ele e o microfone no palco), logo de cara, pegou uma bandeira do Brasil com a plateia e amarrou sobre seus ombros, ficando assim até o final da apresentação. Cantou seu maior hit “Industry Baby” e passeou por seu repertório recente para os que conheciam ou não o que pessoas chamam de “o Eninem da Geração Z”. Fofo e educado sempre. Chegou a descer na plateia, foi no meio da galera.

Sua semana no Rio de Janeiro rendeu o encontro com Ronaldinho Gaúcho, um de seus maiores ídolos declarados, e a amizade com alguns rappers da cena nacional. Trouxe de surpresa L7nnon para cantar com ele no palco do Lolla. O público cantou a plenos pulmões “Freio da Blazer”, um dos maiores hits do rapper carioca. Para quem conhecia ou não Jack Harlow, foi bonito ver um artista emocionado cantando fora de casa. Bela forma de encerrar aquele palco no primeiro dia de evento.

The Strokes (Palco Budweiser – 21h15-22h45)

Com a tranquilidade de quem toca em casa, The Strokes volta ao Brasil para encerrar o primeiro dia do Lollapalooza 2022, após dois anos de edições canceladas por conta da pandemia. O indie rock da banda encheu a pista do palco Budweiser, mas não foi como das outras vezes. Embora tenha tocado clássicos como “You Only Live Once”, The Strokes adicionou algumas novidades ao seu setlist, como as cinco melhores músicas do álbum “The New Abnormal”, o mais recente deles.

Diante de um público de fãs já apaixonados, Julian Casablancas nem se esforçava para ganhar a multidão. Quando falava, eram piadas internas ou que brincavam com o festival, como “o que é isso, um shopping?”, disse apontando para uma das estruturas iluminadas. Mas eles realmente não precisavam se esforçar muito, aquele público sempre fora deles, e aguardava ansiosamente o retorno.

Por isso mesmo, a banda não deixava de falar o que pensava e se posicionar. Ao invés do tradicional logo do The Strokes, o bumbo da bateria de Fabrizio Moretti tinha as cores da bandeira da Ucrânia. E ao final do show, o baterista, que é brasileiro, gritou um “fora bolsonaro”, sendo aplaudido e acompanhado por parte do público.

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