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Gabriel Stauffer fala sobre estreia em “Pantanal” e amor pelo teatro

Foto: Victor Pollak

Simpático, Gabriel Stauffer foi uma criança de cabelo enrolado que sabia sorrir para a câmera, charme necessário para ser notado por agências de modelo e atuação. Percebendo isso, os pais o levaram para modelar ainda com quatro anos, e foi lá que ele começou a atuar em comerciais. Hoje, já com trabalhos no teatro, no cinema e na televisão, o artista se prepara para estrear na nova novela das 21h na Rede Globo, “Pantanal”.

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Gabriel, que sempre quis ser ator, conta que trabalhou em comerciais até a adolescência, mas se distanciou da área por um tempo, quando entrou para a faculdade de Publicidade e Propaganda. “Até que um dia me pararam na rua para perguntar se eu participaria de um casting de modelo, achei estranho mas topei fazer. Dali fui parar em uma agência no Rio de Janeiro”, conta ele sobre como largou o curso e se mudou para o Rio, onde estudou teatro na Casa de Artes de Laranjeiras (CAL), em 2013.

Seu primeiro trabalho profissional viria um ano depois, no musical “O Grande Circo Místico”, no qual interpretou Frederico, um dos personagens que mais marcaram sua vida. Para além da estreia no teatro musicado, Gabriel estava escalado como sub do protagonista, que saiu e o deixou para assumir seu lugar. “Era um musical em que eu cantava músicas do Chico Buarque e do Edu Lobo, era bem difícil, mas foi muito legal.”

De lá para cá já foram 11 musicais, e ele conta que o que mais gosta de fazer realmente é estar no palco. “Na verdade, eu comecei a fazer teatro e a cantar dentro da igreja, e depois, quando eu vim pro Rio para estudar isso, eu vi que podia usar essas aptidões que adquiri na infância e trabalhar melhor”, explica. 

Foi assim que o ator decidiu entrar para a aula de canto e trabalhar esse instrumento em que, aos poucos, foi reconhecendo que tinha potencial. Para atuar constantemente em musicais essa prática é essencial, e ele logo descobriu que o teatro musicado também rendia mais financeiramente.

Foto: Victor Pollak

“Eu acho que a arte do ator é o teatro, o cinema é a arte do diretor e a novela é a arte do autor. No teatro eu me sinto potente como ator, se alguma coisa der errado eu que vou ter que resolver e no final os aplausos eu que recebo também”, afirma.

Mas Gabriel também já teve diversos trabalhos no cinema, nos streamings e na TV. Sua primeira novela foi em 2017, “A Força do Querer”, na qual interpretava Cláudio, o namorado de um homem trans. “Acho que foi um dos meus personagens de maior visibilidade e, naquele momento, era muito importante a gente falar sobre isso, ainda é né”, comenta ele enquanto enfatiza o papel do artista em ser também um reflexo da sociedade, mostrando o que ela é e o que ela pode ser.

Outro personagem marcante para o ator é o próprio Dr. Gustavo, de “Pantanal”. A novela, que teve sua primeira versão feita em 1990 está sendo regravada, e na primeira fase desta nova edição Gabriel dá vida a um psicólogo apaixonado por Madeleine (Bruna Linzmeyer). Na segunda fase, o personagem já mais velho será vivido por Caco Ciocler.

“É muito louco porque como é um remake, as pessoas já viram o que vai acontecer, mas tem algumas mudanças. Por exemplo, esse núcleo do Rio de Janeiro, do qual o Dr. Gustavo faz parte, ganha mais destaque agora”, conta ele, sobre a diferença do texto escrito por Benedito Ruy Barbosa, para a primeira versão, e seu neto Bruno Luperi agora.

Embora já tenha trabalhado com a equipe e o diretor Rogério Gomes, mais conhecido como Papinha, em outras produções, Gabriel conta que o diferencial de “Pantanal” foi o local de gravação. “A gente teve essa oportunidade de viajar para lá e acho que essa experiência de estar dentro de outro ambiente, outro bioma, foi muito forte para mim”, diz ele sobre a diferença que faz para a atuação se inserir completamente em outra rotina.

Para ele, isso também trouxe uma forte reflexão sobre natureza e qualidade de vida. “Você vai adquirindo outros tempos, muito diferente de quando grava no estúdio. Como começamos bem antes, tivemos mais tempo de entrar mesmo no contexto do lugar”, conta. Porém, nem tudo são flores, uma percepção importante durante essa viagem foi a devastação do Pantanal.

Foto: Victor Pollak

Só na viagem de ida, Gabriel conta que eles ficaram cerca de seis horas em uma estrada de terra até a fazenda onde se hospedaram. “A gente passou por muito trecho queimado, seco, e foi bastante chocante de início”, afirma. Para o set de filmagens era outra viagem, enquanto a ida era de avião a volta era de carro e também durante esse trecho era possível ver muita devastação.

“Claro que a viagem aconteceu em um momento de seca no Pantanal, mas mesmo assim parecia uma seca fora do normal e faz a gente se questionar, será que a natureza se recupera mesmo depois de tudo isso?”, questiona ele, ressaltando a importância de levantar esse debate.

Atualmente, além da estreia da novela, Gabriel também tem curtido o retorno do público em relação à série “De Volta aos 15”, lançada em fevereiro na Netflix. Na história, ele interpreta Joel, personagem que vive um triângulo amoroso com Camila Queiroz e Breno Ferreira. Com um elenco de peso, a produção tem feito sucesso internacionalmente, figurando entre as séries de língua não inglesa mais vistas do mundo.

Para o ator, o personagem foi quase como um presente. “Você ter em uma série a chance de fazer um personagem com tantas nuances foi uma delícia”, ressalta. Isso acontece porque o enredo traz uma protagonista que consegue voltar no tempo, e a cada viagem algo se transforma no futuro. 

Ao todo foram quatro fases do personagem, indo de Faria Limer engomadinho a hipster cervejeiro. “Foi uma delícia de fazer e pensar como esse cara vai se portar, um mais esticadinho, esse outro vai falar um pouco mais rouco”, diz ele, que se tivesse que escolher diria que é mais parecido com o Joel hipster, um cara tranquilo que não força a barra.

Embora a segunda temporada de “De Volta aos 15” ainda não esteja confirmada, ele diz que espera ansioso para que tenha. Afinal, o último episódio pede uma continuação e o retorno do público tem sido ótimo, então as apostas são positivas.

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