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SP: Peça de Tennessee Williams, “Anjo de Pedra” estreia neste sábado

Foto: Ronaldo Gutierrez

Por Maiara Tissi

A cidade de São Paulo recebe neste sábado (19.03) a adaptação de “Anjo de Pedra”, peça do dramaturgo Tennessee Williams, que aqui é dirigida por Nelson Baskerville, com tradução de Luis Marcio Arnaut e David Medeiros. No palco do Teatro Tucarena se encontram os atores Sara Antunes, Ricardo Gelli, Kiko Marques, Chris Couto, Carolina Borelli, Luiza Porto, Thomas Huszar e Selma Luchesi.

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Escrita em 1948, “Anjo de Pedra” (“Summer and Smoke”) sucedeu grandes sucessos de bilheteria do escritor, como “À Margem da Vida” (“The Glass Menagerie”), “Gata em Teto de Zinco Quente” (“Cat on a Hot Tin Roof)” e “Um Bonde Chamado Desejo” (“A Streetcar Named Desire”). O autor é um dos mais montados e premiados em todo mundo, tendo diversas adaptações de suas peças no Brasil, incluindo “Anjo de Pedra” em 1950, com Cacilda Becker, e, em 1960, com a atriz Nathália Timberg.

Foto: Ronaldo Gutierrez

A trama acontece no verão de 1916, quando John, um estudante de medicina, reencontra Alma, sua vizinha. Apaixonada desde criança por ele, ela tenta se aproximar. Em conflito entre a educação rígida do pai e pulsões sexuais reprimidas e comportamento excêntrico, Alma não consegue se relacionar com outros rapazes. Já John, é uma espécie de playboy, ateu, não apegado a regras e moral, mulherengo e desleixado. O romance entre eles parece ser destinado ao desfecho quente e árido, como costuma ser o clima que envolve as peças de Tennessee.

A nova montagem de “Anjo de Pedra” é um desejo antigo do diretor Baskerville, que convidou Rodrigo Velloni, seu amigo há 20 anos, para produzir a montagem.  “Tenho uma história de amor com ‘Anjo de Pedra’ a montei algumas vezes no Teatro-Escola Célia Helena. Sempre preferi essa obra a outras mais famosas do autor”, conta o diretor.

Foto: Ronaldo Gutierrez

“Em toda sua obra, Tennessee disseca a sociedade conservadora dos EUA e a influência desse pensamento sobre a vida das pessoas. Porém, em ‘Anjo de Pedra’ ele o faz de forma mais aguda e quase didática: Alma, a filha de um pastor anglicano é apaixonada desde criança pelo filho do médico da cidade, e por meio de alguns encontros ao longo da vida vamos percebendo um grande amor crescendo, junto com uma grande diferença comportamental. John é um jovem cheio de vida e a experimenta em toda sua potência, enquanto Alma implode seus desejos e é incapaz de demonstrá-los.”, continua.

“Na genialidade de Tennessee conseguimos acompanhar a história em pelo menos duas camadas: no microcosmo, a impossibilidade de amor entre duas pessoas e, no macrocosmo, a tragédia que ocorre quando a religião (representada por Alma) tenta impor-se à ciência (representada por John)”, completa.

Foto: Ronaldo Gutierrez

“Este espetáculo tornou-se imprescindível nos dias de hoje, em que alguns grupos tentaram desacreditar a ciência. Nos EUA de Tennessee, em 1916, onde a peça se passa, John luta para isolar o vírus da gripe espanhola que dizimou 50 milhões de pessoas”, conclui Baskerville.

“Anjo de Pedra”

Tucarena – R. Monte Alegre, 1.024, Perdizes, São Paulo. Até 14 de maio de 2022.

 

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