“Sweeney Todd – O Cruel Barbeiro da Rua Fleet” estreia nesta sexta-feira – Foto: Stephan Solon
O Shakespeare do teatro musicado, Stephen Sondheim deixou uma extensa obra como legado, e talvez a mais famosa delas seja “Sweeney Todd – O Cruel Barbeiro da Rua Fleet”, que ganha sua primeira versão no Brasil. A curta temporada começa nesta sexta-feira (18.03), no 033 Rooftop do Teatro Santander, e tem uma proposta imersiva que, junto ao humor sombrio e inteligente da peça, promete conquistar o público.
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Inspirada no livro “O Colar de Pérolas”, publicado em formato de folhetim em 1846 pelos escritores britânicos Thomas Peckett Prest e James Malcom Rymer, a história macabra do barbeiro da Rua Fleet foi pensada por Sondheim para o teatro. Porém, sua popularização ao redor do mundo aconteceu principalmente após o filme do Tim Burton, estrelado por Johnny Depp e Helena Bonham Carter.
“Claro que o filme foi a porta de entrada dessa história para muita gente, mas Johnny Depp fez o dele e para uma mídia totalmente diferente”, conta Rodrigo Lombardi, intérprete do Sweeney Todd. Segundo ele, as referências estudadas foram diversas e a equipe buscou em todos os lugares o que havia de mais interessante para adaptar a versão original da peça.
Rodrigo Lombardi e Andrezza Massei estrelam nos papeis principais – Foto: Stephan Solon
Utilizando um pouco de tudo na construção de seu personagem, Rodrigo fala que em algumas cenas chega a pensar em “Star Wars”. “Às vezes eu estou passando a navalha no pescoço de alguém e penso como poderia ser um sabre de luz no lugar”, diz, entre risadas, sobre como cada ator também pega suas próprias inspirações, indo além do material de Sondheim.
Para ele, são essas pitadas que dão o humor que a peça precisa para manter um equilíbrio com o sombrio. “Toda beleza dessa peça tem uma sombra, e os horrores dessa peça são lindos”, comenta ele sobre a maestria do compositor em criar uma obra tão bem ligada e definida pela música.
O sentimento de reverência a Sondheim é compartilhado por todos que trabalharam na peça, quase como uma homenagem realmente. “Ele é tão genial que se a gente não atrapalhar fica incrível. O que a gente tem que fazer é prestar atenção no libreto e na partitura”, afirma Zé Henrique de Paula, diretor do musical.
Não que o trabalho esteja dado, afinal, traduzir uma obra inteira para português, mantendo sua proposta inicial, traz uma série de desafios. “O musical tem vários pontos de humor, mas também de horror e violência. Então tem que tomar cuidado para não ser seduzido por apenas um desses aspectos, e não ter medo de misturá-los.”
Mas a principal dificuldade dessa adaptação talvez tenha sido versionar. Sendo o próprio Sondhaim um compositor, tudo na peça gira em torno das canções, e Fernanda Maia, responsável por versar a peça em português, falou sobre seus processos. “De certa maneira, a gente tenta trilhar o mesmo caminho que ele fez. Eu tinha que fazer escolhas e me perguntar o que ele queria passar mais em determinado momento: sentido ou sonoridade?”, explica ela.
Foto: Ale Catan
Abarcar todas as referências de qualquer compositor já é difícil, de alguém como Sondheim então parece ser ainda mais, tamanha é a riqueza de sua obra. “Depois de versada eu ainda tenho que colocar isso na boca dos atores e ver como fica porque tem que fazer sentido e não dá para perder de vista que o teatro musical sempre foi um veículo popular”, diz ela sobre a importância de manter a peça entendível, para além de apenas bonita.
Já a adaptação do cenário não teve grandes problemas, o palco é onde se conta uma história e o 033 Rooftop do Teatro Santander oferece um belo espaço para a narrativa de Sweeney Todd. Quase como uma cidade cenográfica, o espectador pode ver a peça de mesas distribuídas pelo recinto ou mesmo do banco da Rua Fleet.
Para completar, a experiência imersiva, todo o menu feito para os visitantes apreciarem durante as apresentações é vegetariano. Afinal, a carne só é oferecida pela Dona Lovett, personagem de Andrezza Massei, mas é só acompanhar a história para suspeitar dos ingredientes que ela usa.
No enredo, Benjamin Baker é um barbeiro que se viu obrigado a ir embora de Londres por conta de uma briga com o cruel Juiz Turpin, papel de Guilherme Sant’Anna. Após 15 anos afastado da cidade, ele retorna sedento por vingança sob o pseudônimo Sweeney Todd. Porém, ao chegar ao local onde funcionava sua antiga barbearia, na Rua Fleet, Todd se depara com a decadente loja de tortas da Dona Lovett, interpretada por Andrezza. A partir daí, os dois se unem em busca da vingança de um e do sucesso da outra.
O musical estreia nesta sexta-feira e fica em cartaz até maio. Os ingressos estão disponíveis no site e na bilheteria do teatro. Mas corra porque algumas sessões já estão esgotadas.