Por Adriana Lerner (@arrivalsgate)
Neste mês, mais especificamente entre quarta-feira (16.03) e domingo (20.03), São Paulo ganha mais uma feira de arte para a alegria dos colecionadores nacionais, internacionais e do público em geral. A ArtSampa é a irmã caçula da ArtRio e já estreia com um bom histórico após 11 edições na capital carioca com muito sucesso.
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A nova feira, que reúne mais de 50 expositores, é realizada pelos mesmos sócios da ArtRio, Brenda Valansi e Dream Factory. O debut acontece no Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, popularmente conhecido como Oca, obra de Oscar Niemeyer com mais de 10 mil metros quadrados dentro do Parque Ibirapuera, na região sul da cidade. Ao redor, outros 8 mil metros quadrados de jardins projetados por Burle Marx e o jardim de esculturas do MAM se tornam a extensão da mostra ao ar livre, apostando em projetos inovadores customizados exclusivamente para esta primeira edição da feira.
Sua idealizadora, Brenda Valansi, é veterinária de formação, mas a paixão pela arte a fez trocar o cuidado com os animais por telas e cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e na PUC, ambos no Rio. Em 2020, conquistou o título de carioca do ano na categoria Arte dado pela revista “Veja Rio”. Naquele mesmo ano, com determinação e muita coragem durante a pandemia, realizou a única feira de arte contemporânea em formato presencial no País – a décima edição da ArtRio, na Marina da Glória. Brenda afirma que o resultado positivo desta edição foi o que a fez sonhar e planejar a nova versão paulista da feira de arte. “Mesmo com a crise atual em vários âmbitos, este mercado brasileiro é capaz de acomodar de importantes artistas a jovens talentos nacionais”, conta ela ao RG.
Brenda Valansi – Foto: Divulgação
Com a ArtSampa, a organizadora do evento descreve seu desejo de ampliar o perfil dos visitantes e atrair para a feira pessoas de fora do mundo da arte, como já faz com muito êxito nas edições cariocas do evento. A principal intenção da feira, então, é democratizar a arte: levar para o público geral e amplo, fora do nicho, dando um toque mais diverso a ela. “A ArtRio sempre acontece em um ambiente agradável, que possibilita novas conexões e muito networking para o publico, galerias e artistas. Além dos espaços das galerias, temos editoras com lançamentos de livros, um ciclo de palestras presencial e online, performances e festas, criando uma experiência diferenciada de feira.”
Perguntada como transportou esta magia da versão carioca da feira para São Paulo, Brenda responde que levou em consideração a arquitetura da icônica OCA, seguiu o caminho das curvas de Niemeyer e convidou importantes galerias já estabelecidas do circuito nacional e também galerias jovens a apresentarem propostas que apostassem na originalidade e no diálogo com o espaço.
O processo seletivo que avaliou estas propostas foi conduzido pelo Comitê de Seleção da ArtSampa, composto pelos galeristas Juliana Cintra (Silvia Cintra + Box 4); Filipe Masini e Eduardo Masini (Galeria Athena) e Antonia Bergamin (antes diretora da Galeria Bergamin & Gomide).
A videoarte também está presente na primeira edição do evento com o tradicional programa MIRA, da ArtRio. Com curadoria de Victor Gorgulho, apresenta artistas emergentes e consagrados de diferentes gerações. Brenda conta que as projeções diárias serão realizadas no topo da cúpula da OCA, permitindo ao público ocupar o mezanino para assisti-las.
1 / 3fc3094d66de2f670ea511c0f3145808eObra Balada 33, de Osvaldo Carvalho, da Janaina Torres Galeria – Foto: Divulgação
2 / 3IMG_3817Mãe 01, do artista Roched Seba, do Instituto Vida Livre – Foto: Divulgação
3 / 3ac1ffd3ed131bcf366b1f3b768de7511Obra sem título do polonês Maciej Babinski, da galeira MAPA – Foto: Divulgação
O apoio a instituições é uma constante na ArtRio. Sendo assim, no novo membro da família, não seria diferente. Para a ArtSampa, Brenda cita as seguintes participações: Instituto Vida Livre, uma organização não governamental que trabalha na reabilitação e soltura de animais em situação de risco no Rio de Janeiro; a Rede NAMI, uma rede de mulheres que usa as artes urbanas para promover os direitos das mulheres; e o Instituto Inclusartiz, que promove diálogos e integração por meio de arte e educação. A estas, se juntam instituições paulistas e de outras áreas do Brasil que, por meio da arte, aumentam a representatividade.
“Chegar a São Paulo no ano do centenário do movimento modernista é muito emblemático. Temos como compromissos a valorização da arte brasileira, o estímulo a novos artistas e o reconhecimento da arte como forma de expressão da sociedade e sua cultura”, conta a presidente da ArtRio.
Com a estreia do evento, as feiras de arte comandadas por Brenda ganham ainda mais relevância. A missão, então, é trabalhar cada vez mais com os marchands brasileiros e trazer colecionadores de fora. A participação de galerias internacionais faz parte dos planos para o futuro. Um sonho? Conseguir cada vez mais levar a arte para novos lugares do Brasil, realizando feiras menores em regiões fora do Sudeste. Um sonho possível.