Montagem com capa do livro e retrato de Luís Filipe de Lima – Foto: Leo Aversa
Quase como um manual para entender o samba urbano carioca, “Para Ouvir o Samba: Um Século de Sons e Ideias” é o novo livro de Luís Filipe de Lima e foi publicado pela Fundação Nacional de Artes (Funarte). Seu lançamento está marcado para esta quinta-feira, dia 17 de março, no Teatro Dulcina no Rio de Janeiro, e contará com um pocket show. O evento integra as ações da Mostra Bossa Criativa Arte de Toda Gente, parceria da Funarte com a UFRJ e tem entrada gratuita.
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O compositor e escritor Nei Lopes, que assina o prefácio, considera a edição “uma espécie de enciclopédia da cultura do samba”. Nas 320 páginas de análise histórica crítica – dissertativa, mas cheia de histórias; e escrita com a informalidade típica do estilo musical que aborda – Luís Filipe de Lima, músico e pesquisador, constrói um mecanismo teórico para que as pessoas de fato “ouçam” o samba: desenvolvam uma escuta qualificada, que as permita entender realmente essa linguagem; sua multiplicidade (em formas de manifestação e em conteúdos); e seus muitos sentidos artísticos.
O “segredo” deste caráter plural do samba estaria em sua “mutação permanente”, avalia Haroldo Costa. “É isso, fundamentalmente, que Luís Filipe de Lima demonstra neste livro, ao mesmo tempo que sublinha a importância do gênero no processo de construção da identidade brasileira”, comenta o escritor e produtor cultural, na orelha do livro.
O pocket show
O roteiro desta apresentação de Luís Filipe de Lima e Pedro Miranda foi criado especialmente para o lançamento do livro “Pra se Ouvir o Samba” no Teatro Dulcina. Parceiros antigos – Luís produziu três dos quatro discos de Pedro , foi diretor musical de vários de seus shows, e ganharam juntos o Prêmio da Música Brasileira em 2017, na categoria de melhor disco de samba. O duo executará neste show, variadas combinações musicais possíveis: Pedro no vocal, no violão e na percussão, com Luís Filipe no violão de sete cordas e na percussão.
No show, os músicos buscam explorar em especial as formações de dois violões, mas também se revezando entre violões e percussões e um duo de pandeiros. No roteiro do show passam em revista mais de uma dezena de estilos de samba, como samba-choro, partido-alto, samba de terreiro, samba-enredo, bossa nova, samba-canção, pagode dos anos 1980 e sambalanço, entre outros. O show é inspirado no Livro “Pra se Ouvir o Samba”, e busca apresentar na prática o foco principal do texto, destrinchando a multiplicidade de subgêneros do samba para o público leigo. Em tom ligeiro e sempre bem-humorado, o autor falará um pouco sobre todos esses estilos entre um número musical e outro.
Para Ouvir o Samba: a proposta
Em 18 capítulos, o autor, violonista profissional, compositor, arranjador, professor e produtor musical traça um resumo da trajetória do samba desde o início do século 20. Também descreve e caracteriza as muitas modalidades dessa manifestação, assinalando nomes que fizeram história – num registro de algumas das principais músicas que integram esse legado.
Por meio da edição, o leitor poderá compreender as diversas derivações do samba – tais como o maxixado da Cidade Nova e do Estácio; o samba de exaltação, o samba-choro e toda sua linhagem; o samba-canção; o de breque (muito divulgado por Moreira da Silva), a bossa-nova, o partido-alto, e muitas outras.
A publicação foi preparada para agradar a leigos e a conhecedores do tema. “A ideia é mostrar, em perspectiva histórica, a variedade de elementos que o samba reúne, ao se multiplicar em mais de duas dezenas de subgêneros. Assim, o trabalho contempla o panorama histórico do samba urbano carioca, do seu surgimento em fins do século XIX até os dias de hoje, destacando a perspectiva do ouvinte e fornecendo ferramentas ao leitor para que aprofunde sua experiência de escuta”, define Luís Filipe de Lima.