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Cinco motivos para assistir ao musical “A Família Addams” no Teatro Renault

Foto: divulgação

Se é desgosto e infelicidade que procura, cara mia, então você precisa ver “A Família Addams – O Musical”. O comentário, que pode não parecer muito positivo para algumas pessoas, para esta família incomum soaria mais como um elogio. Isso porque, a maior característica dos excêntricos personagens criados por Charles Addams é o antagonismo com tudo que é considerado bom e feliz.

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Não que a peça seja triste e assustadora, apenas que Gomez, Mortícia, Tio Fester, Wandinha, Feioso, Vovó e Tropeço tem seu próprio senso de humor. O cartunista americano que os criou, o Addams original, se é possível dizer assim, tinha apenas 21 anos quando teve seu primeiro quadrinho publicado pela “The New Yorker”. E ao longo das seis décadas seguintes ele se tornaria um dos maiores colaboradores da revista.

Embora os personagens da Família Addams sejam os mais famosos do cartunista, eles não apareciam na maioria de seus quadrinhos, inclusive, só foram devidamente batizados no início dos anos 1960, quando uma série de TV sobre eles foi criada. Depois disso, diversos shows e filmes foram produzidos, e agora é a vez do musical da Broadway, que toma o palco do Teatro Renault em São Paulo.

Nesta obra, a Família Addams protagoniza uma história original com a qual muitos pais podem se identificar. Wandinha, a filha mais velha de Gomez e Mortícia, que costumava ser a mais assustadora de todas, cresce e se apaixona por um jovem e doce rapaz. Contrário a tudo que a família acredita, o menino parece estar levando a garota para o bom caminho.

“A Família Addams – O Musical” – Foto: Caio Galluci/divulgação

Como se isso já não fosse preocupante o bastante, a filha confidencia para o pai seu amor pelo garoto e implora para que ele não conte a sua mãe. Agora, Gomez se vê dividido entre o compromisso com a esposa e com a filha, e é obrigado a fazer algo que nunca havia feito, guardar um segredo de Mortícia. Porém, tudo pode mudar na noite em que os Addams oferecem um jantar para o garoto e sua família “normal”.

O RG foi assistir ao musical e elencou cinco motivos para convencer quem ainda está em dúvida sobre ir conhecer esta família.

Crítica ao “American Way of Life”

Esta não é a primeira vez em que o musical é montado, na verdade, ele estreou na Broadway em 2010, mas não conseguiu cativar o público nem a crítica de Nova York. No Brasil, por outro lado, a primeira adaptação internacional do espetáculo foi um sucesso, e esta nova montagem pretende atingir o mesmo feito. 

Tudo indica que a diferença na percepção vem do leve deboche que “A Família Addams” faz do estilo de vida americano, o famoso “American Way of Life”. Se por lá eles não gostaram tanto das brincadeiras, por aqui elas tiveram um ótimo desempenho.

Piadas engraçadas e atualizadas

O espetáculo, já está em sua segunda montagem e traz algumas novidades. Enquanto a primeira foi dirigida pelo americano Jerry Zaks, a nova tem direção do italiano Federico Bellone. E além dos cenários, figurinos e músicas repaginadas, o toque especial do musical são as piadas atualizadas.

Com referências mais brasileiras, engraçadas e até sensuais, o humor da peça se baseia bastante no sarcasmo, no deboche e na sensualidade. Uma comédia ácida que torna engraçado até o mais sombrio dos comentários para quem é só “gratiluz”.

Wandinha tortura Feioso em cena do musical da família Addams – Foto: Caio Galluci/divulgação

A mansão Addams

Quase como um personagem próprio, a famosa mansão da família Addams ganha vida na medida em que as cenas mudam. Feita para girar e apresentar diferentes cômodos, a mansão é um dos pontos altos do musical, permitindo com que o espectador veja tudo de diferentes perspectivas.

Com oito metros e meio, a casa tem alguns apetrechos que a deixam ainda mais interessante, como os quadros que se movem relembrando os mortos. O efeito especial vem junto a vários outros igualmente inovadores e fazer a plateia perder o ar quase como Feioso, quando Wandinha o coloca em um de seus equipamentos de tortura.

Performances incríveis

Estrelada por Marisa Orth e Daniel Boaventura, assim como em sua primeira versão, o musical da Família Addams entrega tudo no quesito performances. Para além da potência na voz, a expressividade de Boaventura dá o charme que Gomez precisa para se destacar com seu texto engraçado e eloquente. Afinal, é preciso usar todos os artifícios possíveis para contracenar com Orth, uma Mortícia elegante e poderosa que, tal qual no enredo, é quem manda na casa. Com um número musical de deixar o queixo cair, Marisa ainda conta com uma cena inteira de improviso solo que conquista qualquer um.

O resto do elenco não passa batido e brilha cada um em seu momento. Dos Addams, Bernardo Berro faz Tio Fester, Liane Maya performa como vovó, Pamela Rossini está no papel de Wandinha, Raphael Souza e Rodrigo Spinoza dividem a interpretação de Feioso e Tiago Kaltenbacher faz Tropeço. Enquanto dos Beineke, o pretendente Lucas é interpretado por Dante Paccola, e seus pais, Mal e Alice, são respectivamente Fred Silveira e Kiara Sasso.

Exemplos reais

Para além de sarcástico, engraçado e levemente sombrio, o musical da família Addams encena situações com as quais toda família pode encontrar um pouco de semelhança. Seja nas desavenças internas, nas expectativas dos pais sobre os filhos ou no carinho e acolhimento. É tranquilizador ver como os Addams são estranhos, afinal, toda família tem seu próprio nível de estranheza.

A segunda montagem do musical estreou no último dia 10 de março e fica até 31 de julho de 2022. Os ingressos podem ser comprados no site da Tickets For Fun.

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