Exposição interativa “Darwin, o Original” chega ao Brasil
Foto: Renata Teixeira
Por Maiara Tissi
Após temporada em Paris, a exposição interativa “Darwin, o Original”, inédita no Brasil, chega ao Sesc São Paulo, mas especificamente ao Sesc Interlagos, onde ficará em cartaz a partir deste sábado (05.03) até 11 de dezembro. A exibição segue uma viagem pelas ideias revolucionárias de Charles Darwin (1809-1882) e as reviravoltas científicas que ele ajudou a criar ao elaborar sua teoria da evolução das espécies.
A mostra marca um novo capítulo da parceria entre o Sesc São Paulo e a instituição francesa Universcience, que concebeu e montou originalmente a exposição em colaboração com o Museu Nacional de História Natural da França. Para o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, trazer a exposição ao Brasil evidencia a importância do conhecimento científico que transborda em desenvolvimento social, político e cultural, reiterando o caráter educativo das ações da instituição.
Foto: Renata Teixeira
“Que possamos, ao tomar ciência do significativo papel desse território de saberes na manutenção de nossa qualidade de vida, colaborar para a construção de futuros mais acolhedores e sustentáveis para as atuais e próximas gerações”, conta o diretor. ‘Darwin, o Original’ conta com curadoria de Éric Lapie e curadoria científica de Guillaume Lecointre, com o apoio de um comitê científico multidisciplinar.
Ao longo da exposição é possível presenciar o contraste de dois universos: um predominantemente histórico, configurado no uso sistemático de reproduções de imagens do século 19, e um contemplativo, que permite que o tema da ciência evolutiva atual seja compreendido de forma diferente e com diversos conteúdos interpretativos atemporais.
Foto: Renata Teixeira
O que esperar da exposição
Entre os diferenciais do evento, sua interatividade acontece desde a entrada do visitante, que é imerso na mente e imaginação do cientista, referenciadas pelo último parágrafo da primeira edição de seu livro. Ao andar pelo percurso expositivo, a imersão acontece para se conhecer as diversas facetas do icônico autor de A origem das espécies: o naturalista, o biólogo, o pai, o humanista, o antiescravagista e o pioneiro da etologia animal e humana.
O público é guiado, a partir de então, por uma jornada que envolve e o acompanha na descoberta do trabalho de Darwin e do imaginário do período vitoriano. Com estações, compostas por filmes, dispositivos multimídia interativos e jogos, é possível explorar as referências históricas, intelectuais e culturais da sociedade da época em que o cientista viveu, além de elementos cronológicos de sua vida familiar. Por meio da observação e interação, mas também através de um roteiro de visita, o trajeto segue pelos diferentes temas da exposição.
Foto: Renata Teixeira
Uma das principais contribuições de “Darwin, o Original” é mostrar ao público não especializado como o legado do naturalista britânico foi fundamental para o desenvolvimento da ciência atual ao abordar uma variedade de campos, como zoologia, botânica, geologia, paleontologia, antropologia, geografia e, claro, história. Buscando confrontar as ideias de Darwin com o que a ciência evolutiva apresenta hoje, a mostra sintetiza os avanços, contestações, confirmações e dimensões do pensamento do cientista.
Darwin e o Brasil
Especialmente criada pelo Sesc para integrar a exposição “Darwin, o Original”, a sala Darwin e o Brasil tem curadoria de Leda Cartum e Sofia Nestrovski (pesquisadoras, roteiristas e apresentadoras do podcast de ciências e livros Vinte Mil Léguas) e consultoria de Flávia Natércia (pós-doutora em divulgação científica pela Unicamp-SP).
Dentre diversas obras, peças interativas e vídeos, o espaço traz uma “coluna do tempo”, desenvolvida pelo artista visual Márcio Ambrósio, que permitirá ao visitante olhar para o tempo em camadas: um tempo vertical, e não horizontal. Um botão acende uma sequência de luzes na coluna, revelando a porção da coluna relativa à camada de tempo a que um determinado objeto pertence.
O público poderá conhecer outras eras geológicas do Brasil, por meio de fósseis, da formação dos minerais e da arqueologia indígena, além de amostras de terra do próprio Sesc Interlagos. Serão explorados o Brasil do século 19 e a visita de Darwin e de outros viajantes para nosso território (especialmente o Sudeste brasileiro). A sala também busca direcionar o olhar do visitante para o entorno da unidade, trazendo uma representação da Cratera de Colônia, no extremo sul de São Paulo.
Foto: Renata Teixeira
Em todo o espaço, será possível escutar os improvisos feitos pelo clarinetista Luca Raele, inspirados nos cantos dos pássaros brasileiros. A obra traduz musicalmente o conceito da sala a partir de um olhar darwiniano para o contexto e o momento presente. Ao revisitar e reler eventos do passado e conectá-los com o território e a realidade do presente, o módulo acaba por propor aos visitantes um olhar – darwiniano – para o futuro.
Sesc Interlagos – Av. Manuel Alves Soares, 1.100, Parque Colonial, São Paulo.