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“Mães Paralelas”: 5 motivos para assistir ao novo longa de Almodóvar

Elenco de “Mães Paralelas”como cineasta Pedro Almodóvar – Foto: Divulgação

Por Maiara Tissi

Motivos não faltam para assistir a “Mães Paralelas”, novo filme de Pedro Almodóvar que estreou diretamente no catálogo da Netflix na última semana. Almodóvar nos entrega não só a estética e as temáticas provocadoras que amamos, como também uma trama cheia de emoção e intensidade. O longa, que está na lista de indicados ao Oscar deste ano, tem foco nos traumas e heranças que carregamos não apenas de nossas famílias, mas do lugar de onde viemos e das histórias que nos precederam.

O enredo gira em torno das personagens Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit) no dia do nascimento de suas filhas. Duas mães solteiras e sozinhas, elas compartilham um quarto de hospital e iniciam ali uma amizade inesperada. Enquanto Janis está feliz pela oportunidade de ser mãe, Ana não se sente pronta e não tem o apoio, por vez, de sua mãe. As estradas tão diferentes que as levaram até aquele momento tendem, a partir de então, a se tornar cada vez mais intrínsecas.

Caso ainda tenha dúvidas se este é o próximo filme que você vai colocar para assistir na Netflix, listamos 5 motivos para não perder “Mães Paralelas”:

  • Roteiro cheio de história: uma longa jornada até as telas de streaming

 Apesar de ser seu mais recente lançamento, a premissa de “Mães Paralelas” estava nos pensamentos de Almodóvar havia cerca de 18 anos. Segundo uma entrevista dada pelo diretor, grande parte do que apresenta no filme vem de um desejo que começou a ganhar forma há muito tempo, porém, não estava pronto para sair do papel.

Dentre as poucas pessoas que já tinham conhecimento sobre a história está Penélope Cruz. A atriz, que é amiga de longa data do diretor, dá vida à protagonista Janis e marca com “Mães Paralelas” seu oitavo trabalho juntos. Dessas parcerias cinematográficas que valem a pena acompanhar, aqui, a dupla se mostra em uma fase sólida e madura. Não tem como perder.

  • As cores quentes de Movida Madrileña, o movimento contracultura pós-franquista.

O início da carreira de Almodóvar se deu entre o final da década de 1970 e início de 1980, momento em que a Espanha resgatava sua expressão e identidade após o regime de Francisco Franco (1892-1975). Grande parte dos artistas da época participaram do movimento denominado Movida Madrileña, que nasceu após a morte de Franco, a partir principalmente da nova geração espanhola.

Inegavelmente, o movimento é algo que o diretor carrega ao longo de toda sua carreira. Seus filmes seguiram a essência de sua mensagem assim como formaram, por meio de suas cores vibrantes, suas escolhas transgressoras e seu ímpeto contestador, a essência do próprio Almodóvar. Em seus personagens talvez polêmicos e sempre provocativos, pode colocar na tela as personas e mensagens que queria destacar para o mundo.

Agora, mais comedido em alguns pontos, mas ainda visceral, Almodóvar utiliza muitos desses elementos em “Mães Paralelas”. Seja na escolha para sua trama ou em sua estética, detalhismo e a força narrativa, ter tanto em um filme é sempre um presente. E dessa vez, não é diferente.

  • A família e para além dela: Almodóvar reflete sobre a herança social

Dois aspectos um pouco fora do usual em “Mães Paralelas” é como Almodóvar dispensa o humor e usa de um melodrama mais sutil. Tudo em seu roteiro favorece o destaque para a vivência das mães em cena e no que significa a maternidade e a ancestralidade para elas – ou para ele. Apresenta, assim, uma intensidade que está mais relativa às dores e feridas – individuais e coletivas – que escolheu contar dessa vez.

A proposta do diretor se demonstra efetiva quando ele intercala as linhas narrativas das mães paralelas com a busca de Janis para reivindicar uma parte importante da história de sua família. Essa relação constante com seu passado é o que abre a trama para questionamentos sobre o quanto de nossa história está em quem veio antes de nós, e sobre como podemos resgatar, ou preservar, essas memórias que não são apenas nossas.

Penélope Cruz e Milena Smit – Foto: Divulgação

  • Rejeitado para o Oscar, mas convidado para a festa mesmo assim

Almodóvar é um cineasta com uma série de indicações ao Oscar, e já levou estatuetas para casa por “Tudo Sobre Minha Mãe” e “Fale Com Ela”. Não seria estranho imaginar, portanto, que “Mães Paralelas” estaria na lista de Melhor Filme Estrangeiro na premiação deste ano [que acontecerá no dia 27 de março]. O filme, porém, não foi o escolhido da Espanha para representar o país na corrida pela indicação.

Em seu lugar, o longa escolhido foi “O Bom Patrão”, filme de Fernando León de Aranoa, estrelado por Javier Bardem [marido de Penélope Cruz]. A Academia Espanhola de Cinema explicou que sua decisão foi… estratégica. Acreditando que  Almodóvar e Penélope conseguiriam indicações mesmo sem o apoio da academia, foi decidido dar o espaço de divulgação para outra produção. E assim, a vaga na categoria estrangeira não foi nem para um filme nem para o outro.

É preciso admitir que estavam certos em prever que “Mães Paralelas” não passaria despercebido, afinal. O longa concorre a Melhor Trilha Sonora e Melhor Atriz para Penélope Cruz. Apesar do caminho fora do esperado, a presença na premiação é importante para testemunho de sua relevância e para movimentações futuras no mercado estrangeiro. A gente só agradece. Assim podemos adicionar mais um filme incrível à listinha de aquecimento para o Oscar desse ano!

  • Para se inspirar e maratonar: a lista que a Netflix deixou de presente

Os filmes de Almodóvar são surpreendentes, autênticos, provocam uma aura de suspense e em sua grande maioria conseguem ser ainda, junto a tudo isso, muito divertidos. Para o lançamento de “Mães Paralelas” na plataforma, a Netflix adicionou a seu catálogo mais 11 filmes do diretor. É uma festa de Almodóvar para o público aproveitar grande parte de seus maiores sucessos, toda aquela direção de arte apaixonante e seus muitos pontos de virada surpreendentes.

Publicamos uma lista aqui com todos os títulos que estão disponíveis agora na plataforma. Aproveitem para assistir “Mães Paralelas” e começar aquela maratona de filmes inesquecíveis de Pedro Almodóvar! 

 

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