Top

Súbita Companhia, de Curitiba, apresenta dois solos na Oficina Cultural Oswald de Andrade

“Mulher, como você se chama?” e “O Arquipélago” – Fotos: Elenize Dezgeniski

Súbita Companhia, de Curitiba, depois de percorrer festivais, mostras e realizar temporadas em cidades brasileiras, chega a São Paulo para estrear “Mulher, como você se chama?”, de Janaina Matter e “O arquipélago”de Pablito Kucarz. Os solos serão apresentados sequencialmente na sala 7 da Oficina Cultural Oswald de Andrade, gratuitamente, em uma temporada curta a partir do dia 8 de março de 2022, terça-feira. A vinda da companhia à cidade teria ocorrido em 2020, mas devido à pandemia, os planos foram adiados para 2022.

SIGA O RG NO INTAGRAM

As peças integram o projeto “Habitat”, composto por cinco solos que têm direção de Maíra Lour e investiga a relação do próprio corpo como uma casa, buscando nele questões poéticas, políticas e estéticas. Habituados a trabalhos coletivos, a proposta de criação de solos gerou a orientação de novos desafios cênicos à Súbita Companhia.

“Eles se assistiram durante o processo de criação, ofereceram referências, propostas, mas as decisões foram tomadas valorizando a expressão de cada um”, ressalta a diretora. Aos intérpretes foi dada a possibilidade de escolher um objeto cênico e também a convidar algum artista de fora da companhia para apoios técnicos específicos, como direção de movimento, dramaturgia e técnica vocal.

Foto: Elenize Dezgeniski

Essa será a primeira vez que a companhia fará uma temporada em São Paulo, permitindo que o público entre em contato com a linguagem cênica desenvolvida pelo grupo há mais de uma década. “Acreditamos na pesquisa teatral como fonte de inspiração e manutenção da criação artística e estabelecemos uma prática contínua que parte do corpo para os demais desafios da expressão teatral.”, conta Maíra.

“Mulher, como você se chama?”, de Janaina Matter, é uma reflexão sobre mulheres que de algum modo transformaram o mundo e tiveram seus nomes silenciados. Neste solo, a atriz parte da história bíblica da esposa de Ló, que se torna uma estátua de sal após desobedecer a ordem de não olhar para trás. O elemento cênico usado pela atriz para apoiar sua dramaturgia é justamente o sal. A obra se debruça no conceito de corpo como casa, como espaço de memória, permanência, criação e abraça a ideia de trazer muitas histórias em um só corpo, assumindo a ancestralidade e a ascendência para buscar entender se silêncio é abismo ou ponte.

Pablito Kucarz é autor de “O Arquipélago” e lida com suas relações familiares a partir da ideia evocada por essa estrutura geográfica, composta por pequenas ilhas que estão próximas, porém separadas por águas salgadas. Em sua narrativa, também há espaço para uma discussão sobre bullying, machismo, violência e homofobia vividas no período da adolescência. O elemento cênico eleito por Pablito é um copo de água que ele oferece ao público para firmar, dessa forma, uma espécie de pacto de intimidade. A água também metaforiza a ideia do arquipélago, como um elemento, uma chave para entrar no desenvolvimento da concepção cênica do solo.

Mais de Cultura