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Matheus Abreu: “Fazer arte no Brasil não é simples”

Matheus Abreu interpreta Tigrão em “Quanto Mais Vida Melhor!” – Foto: Mario F. Canivello

Terça-feira era dia de teatro. Gravado na memória de Matheus Abreu, este dia da semana era o mais desejado por ele que, na época com nove anos, teve seu primeiro contato com a atuação na escola. Não demorou muito para que o garoto entendesse a importância que isso tinha em sua vida, e decidisse investir na carreira. Com trabalhos no cinema e na televisão, atualmente o ator se destaca no papel de Tigrão, na novela “Quanto Mais Vida, Melhor!”, da Globo.

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“O teatro me apresentou lugares que eu poderia acessar ali que em nenhum outro lugar eu conseguia. Então foi algo que me pegou de forma muito intensa logo cedo”, conta ele, embora a decisão de realmente seguir na profissão tenha vindo um pouco depois, aos 11 anos. 

Como morava em Ouro Branco, pequeno município de Minas Gerais, Matheus precisou ter uma conversa com a família sobre a vontade de fazer teatro e suas possibilidades ali. “Meu pai recebeu essa notícia e falou: ‘olha, você tem noção de que trabalhar com arte é muito difícil? E que trabalhar com arte no Brasil é mais difícil ainda?'”, relembra o ator. Hoje, ele reconhece que o pai estava certo, mas não se vê fazendo outra coisa.

Foi depois de ter certeza do que queria que o garoto levou o teatro para além das aulas na escola e começou a fazer parte do Grupo Galpão. Ainda assim, seu primeiro trabalho foi  no cinema, com 15 anos, em “O Segredo dos Diamantes”, papel para o qual inicialmente ele havia sido descartado. 

Ator tem trabalhos no cinema e na televisão – Foto: reprodução/Instagram

Ângelo, esse primeiro personagem, foi um dos mais importantes para Matheus, desde o processo de ser escolhido, da preparação, até a filmagem e o contato com a equipe, momento em que tudo era muito novo para ele. Depois, o ator chegou a participar de alguns outros filmes até conseguir seu primeiro papel na televisão, na minissérie “Dois Irmãos”.

“Quando fui fazer ‘Dois Irmãos’, eu senti uma proximidade muito grande com o cinema, por trabalhar com uma câmera só, pelos tempos, era muito parecido com o que eu já tinha feito”, disse. Para o estreante na TV esse processo ajudou bastante, a dificuldade mesmo veio em “Malhação: Viva a Diferença”, programa muito diferente do que ele havia feito até então.

O ator conta que já no primeiro dia de set sentiu que teria que reaprender muita coisa. “Eu lembro que, na cena, eu estava fazendo um hambúrguer, enquanto tinha uma discussão com uma das pessoas que contracenava e tendo que interagir com três câmeras”, conta sobre a dificuldade de acertar a angulação das câmeras, já que no cinema normalmente se trabalha com apenas uma.

Foi nessa época também que Matheus entendeu a diferença entre gravar e filmar: normalmente se utiliza o termo gravação para TV e filmagem para cinema. Mas os termos acabam se misturando em alguns trabalhos, que têm características de ambos os tipos de produção, e ele conta que até hoje se confunde às vezes.

No momento, o ator se destaca na televisão, no papel de Tigrão, na novela “Quanto Mais Vida Melhor!”, da Globo. “O personagem apareceu para mim no meio da pandemia, quando eu estava em casa em um momento de reclusão muito forte”, comenta. Seu nome já estava sendo cotado para o papel pois o diretor, Allan Fiterman, e sua equipe são os mesmo de “O Sétimo Guardião”, novela da qual Matheus também participou.

A preparação para interpretar o Tigrão é que foi diferente de outras até então. Isso porque, no enredo, o personagem anda de skate de manobra, e o ator precisou aprender algumas coisas do esporte, pelo menos para que a edição conseguisse encaixar suas cenas com as do dublê. “Por mais que eu treinasse, um dublê faria muito melhor do que eu. Então o que eu aprendi foi mais a andar na pista mesmo”, explica.

Matheus Abreu e alguns colegas do set de filmagens de “Quanto Mais Vida Melhor!” – Foto: reprodução/Instagram

O ator ainda contou que apesar de fazer trilha de moto há algum tempo, o skate parece mais perigoso para ele. Além de ter tido mais dificuldade no skate, ele se sente mais exposto do que no motocross, que tem um equipamento de segurança enorme. “Mas eu herdei um skate do Tigrão, acho que era a parte mais importante desse personagem e eu realmente gostaria de ficar com uma parte dele”, diz ele, que ainda pretende dar um rolê com o skate em algum momento mais para frente.

Ainda este ano, o ator aguarda ansioso pela estreia de “Pureza”, filme em que interpreta Abel, o filho da Pureza, papel de Dira Paes. O longa conta a história real dessa heroína que vai atrás do filho e descobre que ele estava preso em uma fazenda como escravizado por dívida, prática ainda muito recorrente no Brasil. Pureza então descobre uma série de fazendeiros que praticam esse crime e consegue salvar diversas pessoas.

Matheus também citou outra produção que deve começar a ser gravada em 2022, mas para o qual ele já está escalado desde 2017. “A gente está com verba para fazer esse filme desde essa época, mas não conseguimos a liberação para a produção. A ideia é que isso finalmente aconteça este ano”, explica ele sobre as dificuldades que a arte enfrenta no País.

“O fazer arte já não é simples, e às vezes a gente ainda tem muitos obstáculos no processo. Hoje estamos em uma realidade que não temos nem um Ministério da Cultura, fala-se muito em economia mas não entendem o quanto a indústria artística gera empregos e movimenta economias locais”, afirma o ator.

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