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Fotógrafa Dani Tranchesi abre exposição sobre feiras livres na galeria Nara Roesler do Rio

Foto: Dani Tranchesi/Divulgação

Uma profunda ligação entre imagem e literatura é o ponto de partida da exposição “3 é 5“, a nova série da fotógrafa Dani Tranchesi. A edição final das imagens privilegia as feiras dos bairros de Santa Cecília, Bixiga e Campos Elíseos, em São Paulo. Mostra o mundo particular e universal dos personagens que vivem e trabalham nas feiras, suas histórias, suas memórias, o jogo entre claro e escuro e o mundo da oralidade diária onde a linguagem de cada um apresenta sempre uma surpresa para o visitante.

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Depois de ser montada em São Paulo, em 2021, o projeto chega ao Rio de Janeiro com curadoria inédita assinada por ​​Diógenes Moura, criada especialmente para a galeria Nara Roesler, com uma nova experiência com cores e formatos, além da exibição do curta-metragem feito pelo cineasta Pedro Castelo Branco.

A mostra traz ao público uma seleção de 30 imagens que, além de documentar os processos de montagem e desmontagem de uma feira livre, colocam em primeiro plano seus diversos personagens, figuras humanas que assumem os papéis de feirantes, fregueses, em sua constante, frenética e caótica movimentação.

Para Diógenes Moura, curador do projeto, a exposição e o livro mostram que a feira é um lugar de resistência, que consegue se manter viva diante de um mundo onde tudo se tornou online: “Tem um potente apelo visual, mudanças constantes de luz, personagens muito particulares, várias histórias, muitos detalhes, também alguns mistérios e segredos. Para a palavra e para a imagem, que é o universo ao qual me dedico como escritor e curador, a feira é um mundo muito próximo ao de uma ópera”.

O livro 3 é 5 (Vento Leste Editora), com imagens que compõem a mostra, é organizado a partir de três momentos. No primeiro, começando com a feira ainda na madrugada, sem a presença dos fregueses, constrói-se o cenário da narrativa, com elementos da montagem das barracas, o amanhecer e a preparação para o que está por vir. No segundo, os feirantes se tornam protagonistas ao posarem em um estúdio improvisado em certos pontos da feira.

“É quando eles se revelam para além da dureza do trabalho cotidiano, virando atores de uma ópera encenada ao acaso. É uma maneira de torná-los existentes para além da resistência intrínseca da atividade que exercem” – diz Dani Tranchesi sobre o livro

A terceira e última parte da publicação traz um material extra, com registros dos fotogramas do curta-metragem do cineasta Pedro Castelo Branco, imagens em preto e branco que fogem ao habitual making of e se revelam uma obra complementar e distinta do livro.

O filme, revelado em preto e branco, expõe o ofício de um feirante que precisa trabalhar em meio a uma pandemia, mas sempre com bom humor, mostrando suas relações com os fregueses e falas tão peculiares. “Minha intenção, desde o começo, foi de captar a atmosfera da feira, fazendo com que o espectador se sinta parte daquele espaço caótico e cativante”, explica o diretor.

Foto: Dani Tranchesi/Divulgação

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