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Paula Mel: sambista deixou carreira na moda para encarar a música

Paula Mel – Foto: Divulgação

Por Li Lacerda

Não há dúvidas de que Paula Mel é uma grande revelação do samba. A cantora foi uma grata surpresa do gênero em 2021, com seu EP de estreia “Um Sol”, parte do projeto “Janelas”, disponível nas plataformas digitais, trazendo parcerias com nomes como Jorge Aragão, Maria Rita e o grupo Revelação – para dar tom a sucessos como “História”, “Corda Bamba”, “Viver a Vida” e a canção que dá nome ao trabalho. Mas quem ver todo esse sucesso nem imagina que tudo isso começou durante a pandemia – já que Paula está entre os 71,4% de brasileiros que mudaram de profissão durante o período de medidas restritivas para conter o avanço da crise sanitária provocada pela Covid-19. Número levantado em pesquisa realizada pelo site Empregos.com.br.

“Lá no fundo todos nós temos aquele sonho guardado na gaveta, que por algum motivo não conseguimos concretizar. E chegou a hora de dizer sim pra esse sonho que sempre foi cantar”, é assim que Paula Mel inicia contando a sua trajetória musical que começou a ser trilhada em 2020, durante período em que morou em Portugal com a família. A curiosidade é que este era um momento em que a cantora já buscava novos caminhos profissionais, mas ainda não sabia que na verdade a música seria o seu verdadeiro destino.

“Quando meu primeiro filho (Gustavo, 15 anos) nasceu, eu tinha 25 anos, havia me formado em contabilidade e já trabalhava na área. Depois de algum tempo comecei a perceber o quanto eu gostaria de estar mais presente nos pequenos detalhes do dia a dia dele e senti uma necessidade enorme de abrir mão, por um tempo, do meu trabalho para estar com ele. E resolvi aproveitar esse período para estudar arquitetura, curso que eu tinha imensa admiração. Porém, acabei não finalizando porque decidimos morar nos EUA”, conta Paula, que depois de algum tempo acabou voltando para a área de finanças, profissão na qual permaneceu até nascer sua segunda filha, a pequena Alice, de seis anos.

O momento acabou sendo de muitas mudanças para a artista, que com a sua família foi morar em Portugal, onde ficaram por três anos e meio e onde ela começou a desenvolver uma nova profissão, dessa vez como design de moda. “Depois que finalizei o curso, eu estava decidida a criar uma marca de roupa. Estava tudo certo e eu já estava finalizando os processos burocráticos para abrir minha empresa. Minha primeiro coleção, inclusive, já estava pronta para confecção, quando começou a pandemia e tudo parou. E lá foi bem complicado essa questão do isolamento. Nosso único motivo de deslocamento era casa-supermercado. Então decidi desistir, por vários motivos… alta do euro, toda a crise financeira gerada pela pandemia, enfim… E foi aí que tudo começou”, relembrou sobre o início de sua carreira.

Com os planos interrompidos e sem muitas perspectivas do que ainda estaria por vir com a pandemia, Paula começou a se voltar para um sonho antigo, a música. E contou com a ajuda do seu marido, Marcos Sá, autor, produtor musical, e arranjador das canções que compõem o EP. “Acredito que todos nós, nesse período, passamos por um processo de olhar para dentro, e rever as nossas questões, nossos desejos, nossos anseios, ver realmente o que nos faz feliz. E a música é uma coisa que em todos os momentos da minha vida esteve presente comigo. Desde a minha infância, com as rodas de samba em que participava com a minha família, e sempre andou em paralelo com a minha vida profissional. Eu e meu marido começamos a compor e quando a gente viu já tínhamos umas 12 canções”, contou.

Maria Rita e Paula Mel – Foto: Divulgação

O passo seguinte foi vir para o Brasil, onde enfim reuniu coragem suficiente para apostar no seu maior sonho e lançou oficialmente sua carreira como cantora. Com estilo musical em um primeiro momento mais voltado para o samba, Paula chegou no mercado musical brasileiro já com muita moral no meio, conquistando, como já contamos no início, bambas como Jorge Aragão, Maria Rita e o Grupo Revelação, parcerias do seu primeiro EP.

“Quando decidimos ir embora de Portugal, na verdade íamos voltar para os EUA. Foi quando fecharam as fronteiras e tivemos que repensar tudo. Com a pandemia ficou inviável estar lá, profissionalmente falando. Resolvemos, então vir pra Floripa, onde já havíamos morado por dois anos antes de sair do País. E foi tudo coisa de Deus mesmo, porque não vejo lugar melhor para estarmos agora. Estamos felizes de estar aqui”, relembra, concluindo em seguida: “A vida nos leva para outros caminhos. E estou feliz que o meu seja a música”.

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