Stefano Volp se prepara para o relançamento de “Homens Pretos (não) Choram” – Foto: Victor Vieira
Assim como muitos jovens que embarcam no mundo da literatura por meio dos livros de fantasia, foi a partir de “Harry Potter” que Stefano Volp entendeu que queria escrever suas próprias histórias. Agora, o autor se prepara para um 2022 cheio de novidades, como a estreia de seu primeiro thriller psicológico, e o relançamento de “Homens Pretos (não) Choram”, que tem o início da pré-venda, pela Harper Collins, no dia 13 de janeiro.
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“Apesar de ser a reedição de um livro que já existe, nós consideramos como um livro novo porque, além de um projeto gráfico totalmente diferente, ele também tem três contos inéditos e um prefácio do Jeferson Tenório“, contou Volp. A participação de Tenório, vencedor do prêmio Jabuti do ano passado, junto com a grande recomendação feita pelo Emicida dão ainda mais força para a nova edição.
O livro de contos é o terceiro do autor, antes disso ele já havia publicado “O Segredo das Larvas”, distopia que foi best-seller na Amazon, e “Nunca Vi a Chuva”, que é um drama. Essa característica de transitar entre os gêneros já pode ser considerada uma marca de Volp, que deve estrear sua próxima obra também em 2022, dessa vez na categoria de suspense.
A nova história se passa em uma cidade conservadora no interior do Brasil, onde uma peça adaptada de “Romeu e Julieta” é encenada sob a perspectiva do romance entre Romeu e Júlio. Mas o veneno utilizado para o teatro acaba sendo verdadeiro, e um dos atores realmente morre em cena. “A polícia local classifica a morte como um suicídio, mas um colega do ator resolve investigar melhor e o livro se desenrola a partir desse jornalista que busca entender o que realmente aconteceu”, explica o autor.
Para esse thriller, as pessoas podem esperar um protagonismo que raramente se vê: um homem preto e bissexual. Ele é quem conduz a investigação, e vai precisar enfrentar traumas psicológicos para descobrir o que realmente aconteceu naquela cidade. Embora escreva para diferente gêneros, Volp conta que algumas similaridades entre suas obras passam pelos protagonistas, que são sempre homens negros, e pelo debate sobre as masculinidades, que ele busca propor.
Foto: Victor Vieira
“Acho que a palavra chave do meu trabalho é a vulnerabilidade. Essa força do macho, que é a força física, não acho que leva a nenhum lugar bom. Então é hora da gente começar a entender que a força vem de outro lugar, e por que não da vulnerabilidade?”, questiona.
Além desses próximos lançamentos, o autor, que também é roteirista e tradutor, falou dos demais trabalhos. Atualmente ele está produzindo um roteiro para uma série da Netflix, que deve começar a ser gravada entre o final de 2022 e o início de 2023, e é sua primeira vez como roteirista sênior. Já no campo da tradução, Volp está trabalhando na autobiografia da Agatha Christie, escritora de romance policial que tanto o inspirou quando era mais novo.
Outra novidade envolve o resgate das novelas seriadas em formato de folhetim, projeto para o qual o Sesc Pompeia convidou o escritor. “É muito legal porque eles remuneram um autor para que aquela obra produzida esteja disponível de graça para todo mundo que quiser acessar”, destaca. Seguindo a ideia dos gêneros variados, essa é a primeira história de horror escrita por Volp. Ao todo serão seis capítulos e o primeiro deve ser publicado no site do Sesc Pompeia ainda em janeiro.
Com trabalhos em tantas frentes diferentes, o autor conta que alternar entre eles o ajuda a equilibrar as coisas, embora ainda assim não seja fácil. “É uma responsabilidade muito grande. Até 2020 meu trabalho era independente, mas depois assinei contrato com algumas editoras e as coisas acabaram mudando na questão do prazo, da avaliação”, explica.
Animado com os trabalhos que o aguardam em 2022, Volp relembra do menino de 15 anos que era quando começou a escrever seu primeiro livro. Tendo se desenvolvido a partir de referências como Pedro Bandeira, Monteiro Lobato, Ruth Rocha e Jorge Amado, ele também reforça a importância da literatura nacional.
“Nas livrarias, as primeiras prateleiras sempre são dominadas por livros internacionais. Temos autores muito bons no nosso País, histórias incríveis que têm conquistado até outros países. É cada dia mais necessário defender e valorizar a nossa literatura”, ressalta.