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Exposição “São Paulo, sua, nossa Pauliceia Desvairada” retrata uma capital longe das elites

Tríptico “Ateliê expandido”, do artista José De Quadros, em mostra na galeria Arte 132 – Foto: Henrique Luz

Próximo ao aniversário da capital paulista, ao centenário da Semana de Arte Moderna de 22 e ao bicentenário da Independência do Brasil, a galeria Arte132 apresenta São Paulo, sua, nossa Pauliceia Desvairada”, individual de José De Quadros, em cartaz a partir de 22 de janeiro. A mostra evidencia a realidade da capital longe das elites e enfatiza sua pluralidade, com obras repletas de elementos que remetem à periferia e ao entorno do ateliê do artista, localizado no Itaim Paulista, extremo leste da cidade.

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Por meio de pinturas e desenhos, Quadros ressalta as minúcias do cotidiano, a arquitetura popular, varais, antenas de televisão e fios de alta tensão, uma alusão às questões sociais, políticas e culturais. Ao todo são 40 obras expostas, que convidam o visitante a conhecer São Paulo a partir da narrativa de quem realmente está inserido na diversidade da cidade.

Wüstenameisen (Formiga do Deserto) – Foto: Henrique Luz

O título da exposição, inspirado na obra Pauliceia Desvairada”, de Mario de Andrade, propõe o alargamento do olhar sobre a capital paulista. “O modernismo falava e retratava o centro de São Paulo. A periferia não, ela foi esquecida. José De Quadros busca outros elementos e propõe um diálogo horizontal sobre a cidade de São Paulo, o que é visto na série Atelier de São Paulo’”, explica a curadora Tereza de Arruda.

“O artista contemporâneo não vive de uma ambientação idílica e fictícia, mas da realidade que lhe é imposta. No caso de José De Quadros, estas características são marcantes, pois ele convive com as discrepâncias da Pauliceia, por viver na periferia de São Paulo, a transpor em suas obras parte deste universo em um ato de interlocução, inserção e visibilidade de seu entorno, que compõe a pluralidade desta cidade desvairada”, complementa Tereza.

“Ao longo da história da arte, vários artistas fizeram trabalhos referentes a seus ateliês, sempre mostrando-os de uma forma romântica ou mítica. Quando abordo o tema ateliê, não mostro o óbvio para um pintor, mas o que está ao redor. De certa forma, as coisas banais retratadas adquirem um outro sentido quando mostradas nesse contexto e passam a ter um valor superior, desprendido da nossa visão normal do cotidiano”, declara Quadros.

 

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