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“O sotaque foi o mais difícil”, diz Gil Coelho sobre príncipe Augusto de “Nos Tempos do Imperador”

Gil Coelho como o príncipe alemão Luis Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, de “Nos Tempos do Imperador” – Foto: Reprodução/Instagram/@gilcoelhoo

Alto, simpático, bom ator. Podiam ser muitos, mas aqui estamos falando de Gil Coelho, que atualmente vive o príncipe Luis Augusto de Saxe-Coburgo-Gota na novela das 18h da Rede Globo, “Nos Tempos do Imperador”. Sabe aquele cara com uma pegada de alemão, então, é ele. Para Coelho, o grande problema dessa interpretação foi o sotaque, com o qual se preocupou do começo ao fim e treinou, inclusive, fora das produções Globo. “Nós tivemos uma preparação com a equipe da emissora, mas eu sou um ator que gosta de ter a minha própria equipe para me preparar, e tenho conquistado bons resultados com isso”, conta.

Foto: Lúcio Luna

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Em cena com outros colegas, o sotaque era ainda o que mais incomodava para eles, temiam que, no fim das contas, talvez se tornassem incompreensíveis. Na verdade isso não acontece, muito pelo contrário, as cenas em que aparecem juntos é sempre de muita qualidade.  “Havia momentos em que estávamos em cena eu, Daniel Torres [que interpreta o príncipe Gastão de Orleáns], e o Marcelo Valle [que dá vida ao General Dumas]. E eram três sotaques diferentes. Nossa preocupação era se íamos nos entender em cena, se iria rolar, mas deu tudo certo”, diz. 

Ator desde sempre, Coelho teve nos pais seus grandes incentivadores na profissão. A irmã, cantora, também. Ele estreou na Oficina de Atores de Globo logo cedo, e para a qual tem grande estima, tanto que, à época, acabou largando as faculdades de direito e de arte cênicas para se desenvolver na prática. Mas isso não o fez deixar de ser estudioso, até hoje, gosta de estudar e se preparar para os papéis com colegas, mesmo quando tem disponível uma equipe de produção para tanto. 

Leia a seguir entrevista do ator feita por RG via Zoom.

Foto: Lúcio Luna

Como começou sua carreira?

A minha mãe tinha uma ideia de que eu devia lidar com artes ou medicina, e minha irmã gostava de cantar. Então a minha mãe levou a minha irmã para fazer teatro, para ajudar a desinibir, ter presença de palco, era o teatro onde a Natália Grimberg, diretora da Globo, dava aulas. Minha mãe também me levou para fazer uma aula experimental, e eu me apaixonei de cara, fui fazendo cursos livres. Aí minha mão morreu quando eu tinha 17 anos. Então comecei fazer a faculdade de teatro na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), mas não terminei. Eu fui fazer comerciais e deu certo. Fiquei encorajado por ter passado no teste. Então meu pai disse: ”É isso o que você quer, né?” E eu respondi que sim, então ele me propôs que fizesse a faculdade de direito durante o dia que ele me ajudaria na faculdade de teatro à noite.  Entrei na Estácio de Sá. Mas na sequência eu fiz um teste para a Oficina de Atores da Globo, passei, meu pai ficou super feliz, e eu larguei tudo, fui me dedicar à oficina. Aí começou a minha carreira mesmo, foi uma oportunidade muito especial que a Rede Globo me deu. E não tem mais isso, né? Eram dez meninas e dez meninos do Brasil todo, eles te pagavam para estudar e tinha aulas com os melhores professores. Foi muito gratificante. 

Tem algum papel da sua carreira que você gostaria de destacar?

Eu costumo dizer que a novela “I Love Paraisópolis”, em que eu fiz o Lindomar, foi uma dos personagens que mais me encorajaram, me fez mergulhar, a encarar as minhas escolhas. Eu fiz aquele cara com humor, um personagem leve, sem medo de pirar, sem medo de se jogar. Esse personagem me ajudou bastante na minha carreira como ator. Eu não sou uma humorista, mas eu sou um ator que se sente muito bem fazendo humor. Eu sou um cara bem-humorado na minha vida, e acabo levando isso para os personagens também. Outro papel foi o personagem que fiz com a Isis Valverde em “Amor.com”, que é uma comédia romântica.

Foto: Lúcio Luna

Como surgiu a oportunidade para interpretar o príncipe Luis Augusto em “Nos Tempos do Imperador”?

Eu vinha numa sequência de dois anos na Record TV, onde fiz “Jesus”, que foi incrível e fiquei muito feliz de fazer parte desse projeto. Daí eu passei um tempo fora estudando inglês e voltei para fazer “Gênesis”. Ao final, apareceu esse convite para fazer “Nos Tempos do Imperador”, em que interpreto o príncipe Luis Augusto de Saxe-Coburgo-Gota. Isso foi em março de 2020, e as gravações começariam em 15 de abril, mas aí a pandemia fez tudo parar, e acabei não assinando o contrato com a Globo. Fiquei sem saber se a novela iria voltar ou não, pois havia parado sem tempo determinado para recomeçar. Então eu fui vivendo a pandemia e estudando bastante sotaque, o personagem, e estava emocionalmente preparado caso a novela não fosse retomada. Fazia treinamentos com meu coach pelo FaceTime, tipo andando pela casa, fazendo a construção corporal, tempos, onde eu poderia viver, estudando características do personagem, da Leopoldina, desse casamento, da história dessa família, o que aconteceu. Foi fazendo o esboço desse personagem, a parte teórica já estava bem forte. Aí, quando a pandemia deu uma baixada e pudemos voltar, com todos protocolos da emissora, nós tivemos as preparações, afastados uns dos outros, eu comecei a entrar na prática e pensei: “vai rolar”. Só que veio uma segunda parada, que foi neste ano, mas aí eu já estava com os textos, os capítulos, e já havia feito aulas online de etiqueta com a produção da novela. Nós tivemos uma preparação com a equipe da emissora, mas eu sou um ator que gosta de ter a sua própria equipe para me preparar, e tenho conquistado bons resultados com isso. 

Marcelo Valle, Gil Coelho e Daniel Torres – Foto: Reprodução/Instagra/@gilcoelhoo

Qual foi o aprendizado mais difícil?

Olha, a etiqueta, mal ou bem, está sempre muito inserida em filmes ou outros produtos que a gente já assistiu. O corporal eu fui vendo muitas novelas imperiais, assisti bastante “Novo Mundo” também, onde “bebi” muito daquela fonte. Mas o que eu tive mais dificuldade foi o sotaque, porque além do sotaque de você estar falando um outra língua, eu aprendi palavras em alemão e tal -, o mais difícil do sotaque é saber que você está sendo entendido. Passei muito tempo da pandemia com a minha irmã, e eu ficava falando com ela com o sotaque, e ela me zoando. Acho que o mais difícil foi ter a coragem de assumir que o sotaque estava legal. E havia momentos em que estávamos em cena eu, Daniel Torres [que interpreta o príncipe Gastão de Orleáns], e o Marcelo Valle [que encara o General Dumas]. Eram três sotaques diferentes. Nossa preocupação era se íamos nos entender em cena, se iria rolar, mas deu tudo certo. 

Foto: Lúcio Luna

Quais seus planos futuros, tem algo para cinema ou teatro?

Eu tive alguns convites de série e de novela, mas ainda não batemos o martelo. Para 2022 estou querendo escrever algum projeto, que já tenho alguns idealizados, e participar de alguma peça de teatro, tenho muita vontade de voltar aos palcos. Estou com bastante vontade de ter algo que eu participe mais, de projetos autorais para o próximo ano.

Como cuida da beleza e do corpo, tem algum ritual, gosta de exercícios?

Como eu sou um cara alto, eu sou do tipo que esbarra nas coisas, chuta um pedaço de quina de parede. Mas eu faço academia três vezes por semana, adoro fazer spinning. Estou buscando atividades que concentrem mais os movimentos corporais, como alongamento, e estou interessado em me jogar na ioga também. Mas bike é a minha paixão.

Foto: Lúcio Luna

Tem bichos de estimação?

Não, mas adoraria ter um cavalo, sobretudo depois do meu papel como o príncipe Luis Augusto. Confesso que cheguei a dar uma olhada no aras que nos acompanha, mas por enquanto é um sonho. Acho que eu seria feliz com um cavalinho.

Como lida com as redes sociais?

Eu acho a internet uma coisa espetacular, pena que as pessoas usam para maldades, de vez em quando. A minha irmã, por exemplo, foi vítima de clones de redes sociais, entraram nas contas dela. Sobre as redes sociais, eu acho que sou um cara que vai dando aquelas variadas, tem momentos que eu estou muitos nas redes, outros menos, mas eu gosto de ler, de participar, olho os comentários, respondo nem que seja com um emoji. Eu sou um bom leitor da redes sociais. Acompanho muito o que os internautas comentam da novela, as críticas, eu dou muita atenção a isso, gosto de ler. Como essa novela foi diferente, passa com as gravações encerradas, às vezes recebo uma dica ou uma crítica que penso: “Pô, isso é legal, poderia ter feito assim”. Eu fico feliz quando estou participando mais das redes, mas não é sempre que dá. 

Fotos Lúcio Luna.
Stylist: Samantha Szczerb.

Foto: Lúcio Luna

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