Ator Samuel de Assis – Foto: Divulgação
Natural de Aracaju, o ator Samuel de Assis, de 39 anos, tem raízes no teatro e prepara um novo ano repleto de estreia em séries de diferentes plataformas de streaming. Começa a anotar aí: está em “Insania“, produção de terror da Star+, além de estar na sertaneja “Rensga Hits“, da Globoplay, e “Lov3“, da Amazon Prime Vídeo. E ele não para: “Começo a rodar uma série no início de janeiro, mas é segredo ainda”, contou.
SIGA O RG NO INSTAGRAM
Inquieto, já morou em três diferentes capitais brasileira e acredita que toda a sua vivência o torna cada vez mais completo e especial. “Sou um homem mais forte e maduro depois de tantas mudanças externas e interiores. Cada passo que dei e dou aproveito da melhor forma”, completa.
Como um homem negro que vive de cultura no Brasil, não pestaneja ao dizer que o intuito é, sim, promover um apagamento histórico e social para que o povo cresça e evolua sem referências. “O Brasil está virando um povo sem identidade, sem ideologia e será um povo sem caráter se o desmanche que estamos vivendo continuar. Isso tudo aliado ao racismo e aos preconceitos que fazem parte da nossa história”, finaliza.
Leia íntegra da entrevista com Samuel Assis abaixo.
Ator Samuel de Assis – Foto: Divulgação
RG – Hoje, aos 39 anos, já tendo morado em três grandes capitais, como enxerga seu início no mundo artístico?
Samuel de Assis – Tenho muito orgulho do meu começo, do início da minha carreira e história artística. Uma vez que decidi o que queria fazer, vim embora e me joguei de cabeça nas escolas e companhias que queria trabalhar e consegui. Vejo como um bom começo, com todas as dificuldades que têm. Mas foquei no que queria e fiz acontecer.
RG – Essas mudanças de cidades te ajudaram de que maneira para construir a sua personalidade, seu caráter hoje em dia?
Samuel de Assis – Sou totalmente entregue às mudanças, apesar de ser taurino. Costumo dizer que danço com as consequências que elas trazem. Com certeza, sou um homem mais forte e maduro depois de tantas mudanças externas e interiores. Cada passo que dei e dou aproveito da melhor forma para que possa ser cada vez mais inteiro.
RG – Você começou sua carreira no teatro, né? Como foram seus primeiros passos como ator?
Samuel de Assis – Cheguei em São Paulo pra fazer teatro com 18 anos e pensei: “quem são os melhores, hoje?”. Fui atrás e fiz de tudo pra trabalhar com eles. Fiz Escola Livre em Santo André com o Tó Araújo; passei na EAD (Escola de Arte Dramática ECA/USP) e depois fui pro Teatro Oficina do Zé Celso. Quando saí, em 2008, decidi que queria me jogar no mundo e alcançar outros mundos. Aí veio a televisão, cinema e, hoje, o mundo das séries é o meu carro chefe. Porém, se passo dois anos sem estar em cartaz no teatro, enlouqueço.
RG – A potencialidade do teatro no Brasil é explorada em toda sua possibilidade?
Samuel de Assis – Pelos artistas do teatro, sim, mas, pelo público, definitivamente não. O trabalho de fomentação ao público de teatro será eterno, infelizmente. Temos muito mais potencial para ser visto do que de fato é alcançado.
Ator Samuel de Assis – Foto: Divulgação
RG – Trabalhar em séries ou novelas diferem de que maneira para você, que tem suas raízes no teatro?
Samuel de Assis – São apenas veículos diferentes. Mas o trabalho, a dedicação, a entrega é a mesma. A diferença está apenas nos detalhes da execução.
RG – Agora, você se prepara para estrear na série de terror da Star+ com a Carol Castro. Conte um pouco para a gente sobre seu personagem, processo de gravações e preparação, e muito mais.
Samuel de Assis – Foi tudo muito surpreendente (assim como a série), o encontro dessa turma que se amou de cara, a entrega da equipe, o jogo cênico maravilhoso, tudo. A Carol é um acontecimento. É uma potência de mulher, atriz e parceira. Tenho muita sorte de ter praticamente todas as minhas cenas com ela e o nosso jogo foi lindo. O Lucas é a maior representação do grande enigma da série que é: o que é real e o que é imaginação? É um cara carismático, envolvente e muito surpreendente que te deixa instigado a descobrir qual é a verdade. Foi bem complexo e por isso mesmo prazeroso fazê-lo. No primeiro dia de leitura, vi que tinha um “problemão” nas mãos e lembrei logo da frase que o Zé Celso me disse uma vez: “Você tem um problema? Graças a Deus! Sua arte é resolvê-lo”.
RG – Como você, um homem negro que vive de cultura e arte no Brasil, enxerga o atual momento político do nosso País?
Samuel de Assis – Olha, um imbróglio de egoísmos e mesquinharias. A grande questão ainda está no desmanche da educação e da cultura, um povo sem acesso é o que eles querem, inclusive para eleger quem tá eleito. O Brasil está virando um povo sem identidade, sem ideologia e mais pra frente será um povo sem caráter se o desmanche que estamos vivendo continuar. Isso tudo aliado ao racismo e aos preconceitos que fazem parte da nossa história, só piora, sempre, a nossa má situação.
RG – Quais são seus próximos projetos, fora estes?
Samuel de Assis – Começo a rodar uma série no início de janeiro, mas é segredo ainda. Tenho duas séries para estrear: “LOV3”, na Amazon Prime Vídeo, e “Rensga Hits”, na Globoplay. Além do filme “Clube dos Anjos”, que está rodando os festivais e acabou de ganhar melhor roteiro adaptado em um festival da Itália. E ainda, meu espetáculo solo “E VOCÊS, QUEM SÃO?”, que estreei online e pretendo estrear presencialmente no ano que vem.