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Drags Sara e Nina cantam a diversidade em “Céu de Framboesa”; ouça

Foto: Betina Polaroid

Após um ano de muito trabalho e duas músicas lançadas a dupla de drag queens Sara e Nina, vividas pelos atores Gabriel Sanches e Alessandro Brandão, respectivamente, lançam o seu primeiro álbum intitulado “Céu de Framboesa”. Ouça aqui!

“Muita gente no nosso país sabe o que é ter medo. Medo de andar sozinha numa rua mal iluminada, medo de ser recriminada por usar um banheiro público, medo de tomar dura de polícia por causa da cor da pele, medo de apanhar por andar de mãos dadas com o (a) namorado (a). O medo é ainda mais presente quando há ausência de direitos e leis que assegurem nossa existência. Nosso ‘Céu de Framboesa’ fala de nossas lutas, nossas dores, nossas histórias, nossos amores. O oposto do medo é o amor. O direito de amar que é de todo e qualquer ser humano. O dia 10 de dezembro é marcado por ser o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Qual data melhor que essa para falar sobre tudo o que estamos falando? Queremos somar nossa voz num dia tão importante, cantando nosso ‘Céu de Framboesa’”, diz Nina sobre a data escolhida.

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Primeiro a ser lançado pela dupla, o álbum reúne 12 faixas inéditas, sendo oito composições próprias e quatro presentes de compositores amigos. Dialogando com a temática da diversidade, o trabalho reúne composições de gêneros variados, desde o pop oferecido por Joana Bentes em “#jádeu”, passando pelo funk em parceria com Donatinho na música “Movimento de Translação”, pela música caipira que é “Quando Morre uma Mulher”, a marchinha de João Bittencourt e até pela erudição e sofisticação da guitarra e do arranjo de Nelson Faria em “Água Seca”.

“A vontade de iniciar um trabalho autoral veio da necessidade em expressar artisticamente as vivências de Sara e Nina ao longo dos anos juntas, desde 2016, tanto nos palcos como nas ruas e em encontros e relações com outras pessoas da mesma comunidade, a população LGBTQIA+. Nossas dores e lutas são nossa história diária, assim como nossas conquistas. Vivemos mais na luta que no regozijo e o nosso trabalho é justamente sobre a possibilidade de transformação desse quadro”, diz Sara. “Além de contar e cantarmos histórias de dor de tantas e tantos de nós, estamos também fazendo uma ode ao direito de ser quem se é”, completa Nina.

Foto: Betina Polaroid

Os atores querem aproveitar a visibilidade dada pelo trabalho que realizam na novela “Quanto Mais Vida Melhor!”, atual trama das 19h da TV Globo, onde Alessandro dá vida à drag “A Chefe” e Gabriel vive o executivo Ronaldo Cintra, para chamar a atenção para o trabalho que fazem como Sara e Nina.

“Acreditamos que esse holofote seja muito importante para mostrar esse trabalho. Não somente por nós, mas também por várias Saras e Ninas que não são vistas, que trabalham, que sofrem represálias todos os dias e muitas vezes, infelizmente, são mortas em crimes que se tornaram corriqueiros no Brasil, que é o pais que mais mata pessoas LGBTs”, ressalta Sara. 

Os atores, ambos nascidos em Brasília, em certo momento, escolheram morar no Rio de Janeiro . Uma amiga em comum os apresentou e o que era flerte virou um casamento de 12 anos. A dupla Sara e Nina foi criada em 2014 e o álbum começou a gravado em 2019 em um momento difícil, já que eles estavam em processo de separação. Isso reverberou em “Céu de Framboesa”, que fala sobre assuntos difíceis de uma forma leve e inspirada.

“Gravar esse álbum foi, de alguma forma, celebrar o nosso processo. A gente sempre teve certeza do nosso amor e sempre foi muito importante que a gente cuidasse dele. Da mesma forma que levamos anos construindo um casamento, também levamos anos desconstruindo e mais: trabalhando juntos uma outra forma de continuar nos amando”,  analisa Sara .

A dupla aproveitou os intervalos entre as gravações da novela e foram ao estúdio onde já finalizaram o seu próximo trabalho intitulado “Minhas Mulheres Tristes”. “Pretendemos lançar esse novo álbum no primeiro semestre de 2022. Se trata de uma releitura de sucessos do samba-canção que foram cantados ou compostos por mulheres”, conta Nina.

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