A Galeria Base, encerra sua agenda expositiva de 2021 com “Mar”, do artista multimídia Luiz Martins, composta por duas séries: “Vestígios Primários”, com trabalhos em técnica de têmpera acrílica, e “Mar”, composta por obras inéditas, criadas em nanquim e aguada, em um conjunto de 25 desenhos e pinturas que atestam o comprometimento do artista com questões de sustentabilidade e preservação ambiental. A curadoria é de Ana Paula Lopes.
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Dividida em duas partes, a mostra exibe no piso térreo “Vestígios Primários” onde obras com utilização de cores nas quais muitas delas resultam de uma técnica autoral – de têmpera acrílica sobre papel de algodão para alcançar a paleta pictórica pretendida – onde o artista marca a superfície do papel em alusão às cicatrizes deixadas nas peles dos escravos dando origem a formas rupestres. “Luiz une suas origens – negra e indígena – o resultado é um conjunto potente com acabamento refinado e uma técnica única”, explica Daniel Maranhão.
Predominam os tons terrosos, porém cores vivas, como amarelo e vermelho, completam a unidade. Trata-se de “Um conjunto de tons de ocre e cor, que se desenvolve a partir de uma simultaneidade entre antropologia e a etnografia rupestre, delineado por uma grafia circular, que tenciona uma aspereza e secura de um cerrado, como se fossem gravuras em rochas”, explica Ana Paula Lopes.
No andar superior, há a série “Mar”, que surge após longo período de gestação criativa. “Mar” nasce em 2016 quando Martins começa a coletar materiais lançados à praia pelo mar em suas caminhadas pela Praia do Sonho. Conchas, pedra, corais e tantos outros materiais orgânicos são levados ao ateliê e dão início à construção de desenhos “como se assim devolvesse ao mar aquilo que foi lançado por ele”, completa Maranhão.
“Série de desenhos na qual faço uma representação dos fragmentos encontrados em caminhadas pelas areias em busca de entender a potencialidade desses elementos deixados pelos mares em longo de sua trajetória, elementos que para mim representam força, energia e fluidos de ligação entre vida contemporânea e ancestralidade”, diz Maranhão.
Foto: Divulgação
Esses novos desenhos e pinturas não mostram o óbvio; não são registros de verde e azul, que vem à mente quando se pensa em mar. Ao revés, são imagens em branco e preto, com nuances de cinza. As técnicas escolhidas pelo artista – nanquim e aguada – acrescidas por alguns artifícios como sopro mecânico, mostram-se como fundamentais e precisas para que Martins alcance o resultado pictórico final por ele explorado.
Alameda Franca, 1.030, Jardins, São Paulo.