“O Bailado do Deus Morto” reestreia no Teatro Oficina marcando a volta do coro à pista da rua Lina Bo Bardi. Depois de quase dois anos fechado, o Oficina reabre suas portas celebrando a entrada em um novo tempo e os 63 anos de reexistência da cia.
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A reabertura do Oficina ao público começou em outubro, no dia 28, aniversário da Cia, com “PARANOIA”, em que Marcelo Drummond, em um quase solo, interpreta poemas de Roberto Piva em uma cena-poema-visual vertiginosa. Com “O Bailado do Deus Morto” o coro volta à cena como estrela dos movimentos de retomada, povoando o teatro com as máscaras icônicas de Flávio de Carvalho em danças absurdas e cantos de súplica, medo, alegria e ira. As impressionantes máscaras de alumínio arcaico-futuristas projetadas por Carvalho em releituras produzidas para o Oficina voltam aos corpos-cavalos que as sustentam.
“O Bailado do Deus Morto” foi a última peça encenada no Oficina com a presença do público antes de fecharmos as portas, no dia 13 de março de 2020, agora, retorna musical e vingadora. Trata-se de uma peça escrita por Carvalho em 1933 para a inauguração do Teatro da Experiência, projeto idealizado por ele: um espaço para prática e apresentações no qual o teatro fosse encarado de fato como experiência – cênica, arquitetônica, humana, dramatúrgica. Com isso, Carvalho pretendia impulsionar o teatro feito em São Paulo e no Brasil a outras, mais ousadas, aventuras estéticas.
O “laboratório de pesquisas teatrais”, duramente perseguido pela censura de então, teve vida curta e Carvalho não pôde realizar seu projeto de encenar ali peças de Oswald de Andrade. Mas o espaço pôde abrigar a estreia e algumas poucas apresentações “d’O Bailado”, com seu coro de músicos negros da recém-nascida Vai-Vai vestindo as máscaras de alumínio desenhadas por Carvalho e algumas outras poucas experiências, “como a coletânea de danças e cânticos da época da escravidão, que causou vivo sucesso e onde Henricão (fundador da Vai-Vai presente no elenco da primeira montagem “d’O Bailado”) e sua “troupe brilharam”, como descreve o próprio Carvalho em seu relato da epopeia do Teatro da Experiência.
A peça se dá “numa escala de alguns milhões de anos” e quer provocar reflexão, e alguma turbulência, sobre a relação da espécie humana com a ideia de Deus, em uma dança-cântico com movimentos descritos em detalhe nas rubricas do autor. Ingressos aqui!