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Dan Galeria abre exposição de Franz Weissmann

Foto: João Cazzaniga

Em parceria com o Instituto Franz Weissmann, que assina curadoria, a exposição Enreda-te o Material e o Espiritual” apresenta o pioneirismo de Franz Weissmann (1911-2005), artista que envolveu ativamente o espectador na obra, anos antes da publicação do Manifesto Neoconcreto, de 1959, do qual foi signatário. A mostra fica aberta para visitação a partir de 30 de novembro na Dan GaleriaA, na cidade de São Paulo, e na Dan Galeria Interior, novo espaço localizado no complexo Bandeiras Centro Empresarial, área de empreendimentos na cidade de Votorantim.

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Em 1951, a obra “Cubo Vazado”, de Weissmann, já apresentava todas as características que poucos anos depois passariam a ser celebradas como fundamentais para o salto da arte brasileira rumo ao Construtivismo: autonomia da forma em total afastamento da representação mimética, foco na ideia matemática que ordena a composição, envolvimento do espectador tanto sensorialmente quanto mentalmente. Daí a obra oscilar, para quem a observa, entre o sensorial e o intelectual ou, para usar a expressão do próprio artista, “entre o material e o espiritual”.

Esta satisfação dos sentidos e do intelecto é apresentada na Dan Galeria interior em 15 esculturas que impressionam pela junção de monumentalidade e leveza, enquanto que o espaço da Dan Galeria no bairro do Jardins, em São Paulo, abrigará a diversidade lúdica de 37 pequenas maquetes coloridas, criadas por Weissmann entre os anos 1940 e 2003. O conjunto foi selecionado pela direção do Instituto Franz Weissmann dentre cerca de 1000 diferentes protótipos criados pelo artista, muitos deles nunca expostos e nem fabricados em escala escultórica.

Tanto nas maquetes quanto nas grandes esculturas percebe-se a ativação do espaço vazio que marca a obra de Weissmann. Entre os planos e as linhas das criações do artista vê-se a forma do que antes era invisível, recortes que transformam o espaço em uma renda geométrica. Recolhendo a percepção sensorial desses recortes e entregando-a para o processamento intelectual, adivinha-se a fórmula geométrica do recorte, de tal forma que se possa imprimi-la ao espaço mesmo quando o metal da escultura não estiver presente. É por isso que Weissmann dizia que o melhor lugar para instalar sua obra é na memória. É possível transformar as toneladas de aço colorido ou de vergalhões de ferro em uma forma espiritual, abstrata, intelectual que, sem peso, vive na mente do espectador.

Esta exposição em dois espaços ativa também dois tempos: a ideia representada na maquete aguarda perenemente para ser concretizada, ou melhor, neoconcretizada, pois será inseparável do tempo do espectador que, desde o “Cubo Vazado”, de 1951, tornou-se participador.

Rua Estados Unidos, 1.638, Jardins, São Paulo, SP; (11) 3083-4600. Até 29 de janeiro de 2022.

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