Avenida Amazonas ao redor da praça Raul Soares recebe a pintura de Sadith Silvano e Ronin Koshi – Foto: reprodução/Instagram/Nereu Jr
A última edição do Circuito Urbano de Arte (Cura) fez história ao trazer para o Brasil a maior obra do povo Shipibo já feita no mundo. A pintura-ritual dos artistas Sadith Silvano e Ronin Koshi, da Amazônia Peruana, retrata uma grande Anaconda na avenida Amazonas, ao redor da praça Raul Soares em Belo Horizonte.
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Com 2.870m², a pintura começou a ser feita no dia 21 de outubro, assim que o Cura começou, e terminou na madrugada desta quinta-feira (04.11). Para celebrar a vida e a sabedoria ancestral do povo Shipibo, o mural tem como base os grafismos kenês, padrões geométricos e labirínticos que viraram patrimônio cultural do Peru.
Nas cerimônias com ayahuasca, os guias Shipibo costumam entoar suas canções medicinais e curativas enquanto visualizam formas e desenhos. Depois, tudo que foi visto nesse processo é bordado em tecidos.
O mural tem como base os grafismos kenês – Foto: Cadu Passos
Os artistas quiseram passar toda essa sabedoria ancestral por meio de desenhos que remetem a esses bordados e ainda trazem a Anaconda. A mãe d’água é guardiã das águas do rio Amazonas, e agora, guardiã também da avenida Amazonas e da praça Raul Soares. O espaço de imersão, que tem sido utilizado pelo Cura nesta edição, quer trazer uma reflexão sobre território, povos originários e diversidade.
Segundo os organizadores do evento, a obra de arte pública convida todos a olhar para o chão da praça e perceber de outra forma os padrões marajoara do piso. Além de homenagear a magia e a história dos povos originários.