“Pertencer” é o novo single do cantor Ravih, que estreou também um podcast sobre representatividade no mundo esportivo – Foto: Júlio César/Divulgação
Para o lançamento do terceiro clipe de seu EP de estreia, Distância (dez/2020), Ravih resolveu expandir os trabalhos e transformar “Pertencer”, novo clipe de trabalho, em uma ponte de debate sobre diversidade e inclusão nos esportes, tema do vídeo e do podcast que ele estreia simultaneamente. Com quatro episódios, a primeira temporada do podcast “Pertencentes” traz entrevistas com os esportistas LGBTQIA+ Izzy Cerullo (rugby), Fábio Lemes (esgrima), Danielle Nunes (vôlei) e Josué Júnior (futebol).
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A ideia do podcast surgiu da própria letra – que trata da busca por um lugar de pertencimento -, somada às polêmicas recentes e constantes de homofobia e transfobia nos meios esportivos. O assunto rende uma calorosa discussão, dada a violência com que são tratados corpos não-binários, trans e pessoas com necessidades especiais dentro de competições, times e até mesmo dentre o público. As entrevistas revelam a dureza dos bastidores que os convidados já vivenciaram, levantando questões que precisam de mais debate público. Os quatro episódios de “Pertencentes” estão disponíveis aqui.
Foto: Júlio César/Divulgação
Já o vídeo, filmado no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa Marechal Mário Ary (COTP), em São Paulo, reflete sobre avanço e retrocesso usando a corrida como analogia: tentamos correr para frente, mas “algo” nos puxa para trás. Kim Vasconcello e Robson Siqueira contracenam com Ravih, representando a comunidade atleta LGBTQIA+ e PCD, e demonstrando a resistência e o lugar que ocupam esses grupos minoritários. Kim, mulher trans e PCD, é a força feminina no vídeo, inclusive tomando o lugar do Deus-homem na releitura que ela e Ravih fazem de “A Criação de Adão”, famosa obra de Michelangelo. Robson, dançarino do grupo Black in Lak’ech, reforça a figura do homem negro gay que convive com preconceitos e estereótipos na dança e esportes, mas que não se deixa intimidar.
Sobre combinar o clipe com o podcast, Ravih fala sobre usar a música também como ação social, promovendo uma inclusão mais eficiente que agrega públicos distintos, como os fãs de música e os de esportes. “Recentemente, o Brasil foi um dos dez países mais punidos pela FIFA por causa de gritos e cantos homofóbicos e transfóbicos das torcidas, por isso, para nós, era muito importante poder mostrar no vídeo que as pessoas LGBTQIA+ e PCD não estão sozinhas e que elas estão em todos os lugares, nos pódios, competições, mas também na equipe técnica, na torcida, etc. No podcast, falamos das vivências dos convidados e são histórias tocantes. Além da pressão de se tornar um esportista profissional, eles passam por uma pressão psicológica muito séria também”, conta ele.