Cultura

Pedro Andrade fala sobre estreia na CNN Brasil e seu novo programa de entrevistas

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Foto: Divulgação

A CNN Brasil estreia no próximo dia 17 sua primeira produção internacional: “Entre Mundos com Pedro Andrade”. Sempre aos domingos, às 22h30, o programa, que está sob o guarda-chuva da CNN Soft, promete ser um jornalístico de peso e será produzido e apresentado pelo jornalista Pedro Andrade. “A CNN Soft representa um tipo de jornalismo pelo qual sou apaixonado. Desde o início da minha carreira sempre procurei compartilhar notícias de credibilidade e conteúdo relevante, mas com leveza”, diz Andrade.

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Na primeira atração ele percorre todo os Estados Unidos, mas o apelo não está nos destinos, e, sim, no lado humano dos lugares visitados. O apresentador conhecerá as pessoas de uma forma mais próxima, e são elas que definirão os rumos da  aventura. “Esse programa é assim, ele traz gastronomia, religião, noite, diversão. Mas isso tudo está no banco do carona, os protagonistas desse programa são as pessoas, como elas se sentem, o que elas querem, o que mudou”, conta.

Entre as comunidades visitadas pelo jornalista, escritor e apresentador, estão uma tribo indígena do estado de Washington; bairros de judeus ultraortodoxos do Brooklyn; pescadores da costa de Massachusetts. Será apresentado também um grupo de pessoas que largaram tudo para trabalhar remotamente de vans, em uma jornada sem fim pela América do Norte. Andrade conseguiu vivenciar de forma profunda a rotina de comunidades que normalmente têm acesso muito restrito a quem é de fora. Há ainda episódio sobre a indústria da maconha e a comunidade asiática nos EUA, que passou por grande preconceito devido à pandemia de Covid-19.

“Estou superentusiasmado. Este programa ocupa meus sonhos e ambições há muito tempo, mas as coisas acontecem quando têm que acontecer, no lugar certo e na hora certa. Produzir este programa aqui na CNN é um sonho para mim”, relata.

Sobre encabeçar a primeira produção internacional da emissora, Andrade é direto: “Eu fico honrado, mas para mim faz muito sentido, porque eu me considero a personificação dessa intercessão cultural”.

Leia a seguir entrevista que RG fez com o apresentador.

Foto: Divulgação

Como surgiu o convite para ir para a CNN Brasil?

Eu diria que a gente já se paquerava havia algum tempo. Na verdade, no ano passado, quando eu estava falando com a CNN dos Estados Unidos sobre um projeto, durante a pandemia, eu sempre mostrei entusiasmo com a chegada da CNN no Brasil. Estamos falando do maior canal de notícias do mundo, eu assisto à CNN há pelo menos duas décadas, então quando emissora chegou ao Brasil eu fiquei empolgado, mas eu tinha outros compromissos. Na época eu estava produzindo e apresentando um programa grande aqui nos Estados Unidos, ainda estava no “Manhattan Connection, tinha contrato com outra emissora, um histórico com a Globo, do qual eu me orgulho demais, mas quando meu contrato acabou, eu já tinha saído do “Manhattan”, foi um encontro natural. Eu me identifico com o formato do novo jornalismo da CNN, acho que eles também se identificam com a minha linguagem, meu estilo de apresentar, de trabalhar, de ver o mundo. Então logo que eu deixei meus compromissos, esse convite surgiu.

Na sua opinião, como é encabeçar a primeira produção internacional da CNN Brasil?

Eu fico honrado, mas para mim faz muito sentido, porque eu me considero a personificação dessa intercessão cultural. Eu sou o primeiro e único apresentador brasileiro a trabalhar em rede nacional americana – já trabalhei com a ABC, com NBC, com a Vice etc.- e sempre tive a procuração em manter esse dois públicos. O que é gostoso é saber que nesse mundo globalizado eu posso misturar esses trabalhos também, de certa forma. Acho que se tem algo que a pandemia ensinou para gente é que se a temos que estar longe fisicamente, podemos estar próximos emocionalmente, porque nós temos temos essas as ferramentas, essa tecnologia, e acho que o mundo está cada vez menor. Eu faço meus programas aqui nos EUA com muito orgulho de ser brasileiro. 

Foto: Reprodução/Instagram/@poedroandradetv

Qual sua expectativa com o resultado do programa?

Olha, eu tenho que ser honesto. Eu estou feliz com o resultado. Eu acho que o público brasileiro nunca assistiu a nada parecido do ponto de vista cinematográfico para televisão, o acesso que a gente teve dentro dessas comunidade, com por exemplo os indígenas americanos, profissionais do sexo, judeus ultraortodoxos, eu me sinto mais preparado para ter essas conversas, de apresentar e ser produtor-executivo de um programa como esse, depois de visitar mais de 65 países, entrevistar líderes de cartel, refugiados norte-coreanos, prostitutas japonesas, indígenas isolados na Amazônia, eu me sinto mais pronto, mais maduro para realmente embarcar nessas realidades e me aprofundar nesse universos que a gente vai mostrar par a público no “Entrevista Mundos com Pedro Andrade”. Então minha expectativa é que o público goste. A CNN me deu uma liberdade singular, e eu acho que de um jeito ou de outro eu trabalhei em projetos que tinham receio de pisar no calo alheio. 

Tirando os Estados Unidos, que é o primeiro país a ser apresentado, quais são os próximos destinos que o público pode esperar?

Bem, com esse projeto eu quis mostrar as muitas faces de uma nação, as muitas nuances de um país, então cada temporada vai mostra um país diferente. Mas é muito louco porque, assim como o Brasil, os EUA são uma nação gigante, né? Multifacetada, riquíssima culturalmente, então eu exploro realidades muito diferentes sem sair de uma mesmo país. A gente ainda não pensou na próxima temporada, nos próximos destinos, mas já que esse programa passa longe do estereótipo do programa de viagem, eu acredito que a localização geográfica dessas histórias é um tanto quanto irrelevante, porque eu estou em busca do aspecto humanos dessas comunidades.

Veremos um Pedro Andrade diferente no programa?

Sem dúvida. Eu confesso que me sinto mais preparado do que nunca, mais maduro que nunca, eu tenho uma voz muito mais relevante nesse projeto, um projeto que saiu da minha cabeça, no qual eu tive a liberdade de escolher profissionais a dedo, pessoas que eu respeito e com as quais eu gostaria de trabalhar por muito tempo. Algumas com quem eu já trabalhei, como o Gustavo Nasser, que é o diretor e diretor de fotografia do projeto. Ele é muito talentoso, um dos melhores, viajou comigo por mais de 50 países, passou quatro meses na Amazônia comigo.

Como é vivenciar de forma mais profunda o lado humanizado dos personagens e lugares?

É um presente. Eu não gosto da expressão ‘sonho realizado’ porque eu não tenho sonhos, eu tenho planos, mas o gosto é de ‘sonho realizado’. Na vida, em poucos momentos eu sou tão feliz como quando eu estou exercendo o ofício que escolhi para mim. Quando alguém abre a porta para mim, abre o coração para mim – é outra expressão cafona, mas que descreve o que eu estou tentando dizer -, eu fico agradecido, fico lisonjeado, fico impressionado com a generosidade que essa pessoas tiveram com a gente. Um dos grandes privilégios da minha vida e me sentar como uma pessoa desconhecida, e que talvez eu nunca mais veja na vida, e poder perguntar o que eu quiser. Isso para mim não tem preço. E nesse projeto eu pude me aprofundar, pude questionar, ir mais a fundo, porque quando você está falando de uma país ou de uma cidade, aquilo te prende a uma expectativa, não de turismo, mas de estilo de vida, gastronomia etc. Esse programa é assim, ele traz gastronomia, religião, noite, diversão. Mas isso tudo está no banco do carona, os protagonistas desse programa são as pessoas, como elas se sentem, o que elas querem, o que mudou. 

Foto: Reprodução/Instagram/@poedroandradetv

Conte algumas novidades dessa primeira jornada pelos EUA?

Difícil escolher algumas porque são tantas. O fato de eu ter investido tanta energia, tanto de mim nesse projeto, torna a aceitação do público ainda mais visceral. Quando eu apresentei ao projeto à CNN, eu disse que não tinha interesse em fazer um programa parecido com qualquer outro, eu queria que esse projeto fizesse as pessoas pensarem. Eu não as estou influenciando para levantar uma bandeira, mas eu queria que as pessoas assistissem e se lembrassem, se emocionassem e quisessem compartilhar esse projeto com outras pessoas, que estimulasse questionamentos. Eu acho que muita gente vai se surpreender com o episódio dos judeus ultraortodoxos, o episódio focado na indústria da maconha, que por enquanto é um dos meus favoritos. Eu acredito que por essa diferença de opinião entre os americanos e os brasileiros… acho que isso vai chocar algumas pessoas, mas vai fazer com que muitas outras, que já tinham uma opinião formada sobre a maconha, talvez repensem. E mais uma vez, o programa não intenciona fazer apologia a nada, eu simplesmente uso números, estatísticas e falo com pessoas que entendem muito mais daquele assunto particular do que boa parte da população. Então, mergulhar nesses assuntos, como dos indígena americanos, é de uma poesia que é impossível você assistir e não repensar uma série de coisas. E esse é o intuito do programa, fazer com as pessoas, pensem conversem e se divirtam. 

Você faz tudo de improviso ou há um roteiro a ser seguido?

Eu diria que 90% é orgânico, é visceral, eu não preparo perguntas, eu não chego com um plano, uma agenda específica, eu chego de cabeça aberta, pronto para aprender, ouvir. Mas claro que essa curadoria de pautas tem que existir, e para isso eu trabalho com uma produtora, a Duo Productions, que é nova, mas eles têm experiência, de uma dupla de brasileiros. Trabalho também com produtores e roteiristas, mas eu, como produtor-executivo e apresentador do programa, a minha voz tem uma presença muito forte nesse planejamento. Mas há surpresas, se estou em um táxi e o taxista tem uma história incrível, a gente “microfona” o taxista e ele vira um personagem. 

Foto: Divulgação

O que as pessoas podem esperar da nova produção?

Acho que podem esperar um programa que não deve nada em qualidade de produção, em conteúdo, a outros projetos, nacionais ou internacionais. Esse é um projeto do qual eu tenho muito orgulho e o apresentaria em qualquer país, qualquer emissora, de qualquer lugar. Eu acho que as pessoas devem esperar um programa humano, leve, corajoso e autêntico.

O programa foi gravado durante a pandemia, como se deu esse processo?

Parte do projeto sim, porque ainda estamos numa pandemia, mas parte do projeto eu estava na Amazônia filmando para a Vice e para Rolo, para a TV americana. Por isso, durante as gravações eu passei por 76 testes de Covid-19, semanas e semanas “quarentenado” em hotéis de beira de estrada, até porque Deus me livre levar um vírus para uma comunidade isolada ou para qualquer lugar. Eu não peguei Covid-19, eu sou muito cuidadoso com o uso de máscara, sou vacinado, acredito em ciência. Então isso aconteceu antes desse programa começar, mas depois a gente continuou com essa cautela. Isso dito, é claro que o mundo mudou, nós temos um episódio inteiro dedicado à comunidade asiática aqui nos EUA, é um dos melhores episódios na minha opinião, mas é impossível escolher dois, três, quatro porque eu amo todos. O episódio asiático, por conta da pandemia e por conta de uma retórica abarrotada de xenofobia, e racista e ignorante, muita gente canalizou esse ódio, despejou essa raiva na comunidade asiática, diziam “é vírus chinês”, “é culpa dos chineses” etc. Houve um aumento da agressão a asiáticos nos EUA por conta disso. Então um dos episódios foca nisso, é um tema difícil, um tema que não existiria sem a pandemia, mas eu tenho muito orgulho da forma como conseguimos lidar com esse tópico delicado, de uma maneira que eu acho que vai inspirar muita gente.

Foto: Divulgação

E como você acha que um programa que aborda viagens será recebido em um momento em que ocorre a reabertura de países e a retomada das viagens?

Mais uma vez eu tomo muito cuidado com esse título “programa de viagens”, porque ele não é coerente com o projeto que eu desenvolvo. Meus programas demandam viagens, mas são muito distantes daquelas expectativas de turismo, como fique aqui nesse hotel, ou coma em tal restaurante. Eu quero que as pessoas se apaixonem por essas pessoas, por essa essência, por essas vozes, e, consequentemente, se elas se apaixonarem por essas pessoas, que elas visitem aquele lugar, por esse lugar ser o lar dessas pessoas. Então eu não acho que o meu programa vem atrelado com viagens, eu quero que a pessoa viaje sem sair de casa. E o meu conceito de viagem evoluiu muito de um tempo para cá. Viagem para mim é muito mais do posto de vista emocional, é muito mais que você ir do ponto A ao ponto B. É como você ir ao restaurante e conhecer um chef iraniano, é você abrir sua cabeça para outras possibilidades, outras realidades, outros pontos de vista, outras opniões, então o programa é sobre isso, não é apenas uma fonte de inspiração para você comprar uma passagem para algum lugar.

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