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Laura Zandonadi lança EP com releituras de Caetano Veloso, Djavan e Novos Baianos

Laura Zandonadi – Foto: Juliana Ramos

Inspirada pelo universo feminino e a realidade de mulheres, Laura Zandonadi dá à luz seu novo trabalho, intitulado “A Voz de Alguém”, com três composições de grandes nomes música brasileira. O EP é fruto de um processo de debate sobre novos olhares para cada uma das canções escolhidas: “Alguém Cantando” (Caetano Veloso), “Água” (Djavan) e “A Menina Dança” (Moraes Moreira/Galvão). Assim, sem alterar as letras, mas pensando nos tons melancólicos ou excitantes que as canções provocam, a experiência criativa da cantora passa pela abertura de significados diferentes dos que os compositores trouxeram originalmente. A partir deste conceito, Laura traça uma relação entre voz e ótica feminina e as narrativas das composições masculinas. As faixas serão lançadas com arranjos, produção musical e mixagem do contrabaixista e parceiro da cantora desde 2004, Thaizinho Costa. Ouça aqui!

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“A escolha das músicas foi feita de forma muito intuitiva. São canções das quais já me sentia próxima, seja por já cantá-las há algum tempo ou pelas emoções que me proporcionam, por sua profundidade. Caetano Veloso sugestivamente inspira o nome e abre o EP com ‘Alguém Cantando’, música que fez parte do meu repertório em shows realizados entre 2013 e 2016. Uma nova roupagem foi construída, numa versão mais jazzística que permeia todo o álbum, com pitadas de black music”, conta Laura.

“Do Djavan, fiz uma escolha afetiva pelo compositor, um dos meus preferidos, e que senti que não poderia estar fora do projeto. Reencontrar essa canção foi um transbordar: ‘Água’ que gera (nova) vida, um gestar, as lágrimas, o gozo. Somos água”, explica a cantora.

Com o intuito de problematizar a relação das mulheres com elas mesmas, independentemente da origem poética das canções, porém de maneira reforçada ao compreender seus contextos, a obra ressignifica a vida e a arte, jamais dissociadas. Um percurso que se faz necessário e urgente. Entender a relevância das pontes, conexões e intercessões entre os universos ditos femininos e masculinos se mostra indispensável para a evolução, revolução e enriquecimento dos novos tempos.

“‘A Menina Dança’ fala de como as mulheres buscam a apropriação de si em uma sociedade onde são vistas muitas vezes apenas como objetos de prazer para o outro. A busca do próprio prazer é também um resgate daquela menina criança que ainda vive dentro de nós, lugar seguro e acolhedor de se visitar na memória e no corpo”, comenta.

Para debater as canções, a artista criou um grupo de WhatsApp com mulheres de diferentes áreas, que com suas próprias experiências no mundo colaboraram para transformar estas interpretações no sentir e pulsar feminino, contribuindo assim para um resultado mais potente e coletivo.

“Foi uma explosão de sentidos. Fui tomada por uma riqueza de possibilidades e, então, aquelas mesmas músicas se tornaram totalmente novas para mim”, declara a intérprete.

A proposta foi contemplada em 2020 no Prêmio Erika Ferreira de Criação e Desenvolvimento (Chamada Pública SMC 01/2020) da Secretaria Municipal de Cultura de Niterói, um instrumento que selecionou e premiou ideias criativas que resultam em projetos e/ou processos artístico-culturais inéditos.

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