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Pinacoteca de São Paulo abre exposição panorâmica de Rosângela Rennó

Pinacoteca de São Paulo – Foto: Levi Fanan/Divulgação

A Pinacoteca de São Paulo celebra os 35 anos de carreira da artista mineira Rosângela Rennó com uma mostra panorâmica que reúne cerca de 130 obras entre 1987 e 2021. A exposição “Pequena ecologia da imagem” apresenta os principais argumentos que a artista desenvolveu em torno da “fotografia expandida”, aquela que extrapola a criação de imagens autorais e inclui seus processos técnicos e sociais. Além de obras que pontuam toda essa trajetória, a curadoria inclui trabalhos que serão vistos pela primeira vez e um projeto comissionado pela Pina.

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O ineditismo no Brasil fica por conta da instalação Eaux des colonies (2021), resultado da residência artística de Rennó em Colônia, na Alemanha, e a série Seres notáveis do mundo (2014-2021), produzida em Las Palmas, Espanha. Ainda faz parte da seleção, a videoinstalação Terra de José Ninguém (2021), uma reunião de videoaulas distribuídas pela igreja católica, em 1980, no tocante a luta do cidadão comum pelos direitos políticos e civis, que foi comissionada pela Pinacoteca de São Paulo para esta exposição. Também ganham ênfase os trabalhos Realismo fantástico (1991); Série Vermelha (Militares) (2000-3) e Arquivo Universal (1992-).

Artista Rosângela Rennó – Foto: Divulgação/Gabriela Lima

Com curadoria de Ana Maria Maia, a mostra adota trabalhos de linguagens diversas, das fotografias às coleções, objetos, instalações e obras audiovisuais que estarão distribuídas em três salas no quarto andar da Pinacoteca Estação. Apesar da variedade de suportes, há um direcionamento para o modo como a artista observou e comentou um imaginário histórico brasileiro e suas persistências no presente. A organização expositiva abandona a cronologia para uma apresentação com bases nos assuntos tratados de forma persistente e reincidente no decorrer da sua trajetória.

“A artista considera a fotografia um pretexto para se questionar os arquivos, as narrativas e as relações de poder que fazem algumas imagens existirem e circularem, enquanto tantas outras permanecem invisíveis e, portanto, esquecidas. Nesse sentido, embora a linguagem fotográfica seja de fato predominante enquanto suporte e assunto em seu trabalho, ela aparece de forma expandida, o que envolve assumir seus bastidores, fazer críticas e desconstruções; entrelaçá-la a textos, máquinas, objetos e coleções”, resume a curadora Ana Maria Maia.

Ao todo, serão 3 núcleos temáticos. O primeiro deles se dedica à privacidade dos sujeitos e às políticas da memória. Neste espaço, constam trabalhos do início da carreira de Rosângela Rennó, quando predominava o recurso aos arquivos de família, de tom autobiográfico, e uma autorreferência dos processos e materiais fotográficos. A série Pequena Ecologia da Imagem, 1988, obra título da mostra, está nesta sala e parte dos álbuns de fotos tiradas por seu pai. Rennó manipula os elementos da imagem, deixando ora muitos escuros, apenas as silhuetas, e faz comentários visuais e textuais nas próprias fotos reveladas. Na sala, há também obras posteriores, como a série Corpo da alma (2003), feita a partir de fotos de jornais em que familiares de desaparecidos portam fotografias para publicizar sua busca. A artista reproduz essas imagens e, a partir delas, reflete sobre o papel da fotografia como atestado de existência, muito mais do que apenas memória.

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