“Copacabana Mon Amour”- Foto: Divulgação
Na próxima quarta-feira (22.09), às 19h, acontece a live de lançamento do livro “Helena Ignez, Atriz Experimental”, que contará com a participação da atriz, roteirista e diretora e dos autores, os professores e pesquisadores Pedro Guimarães e Sandro de Oliveira. O evento será transmitido no canal do CineSesc no Youtube (youtube.com/cinesesc).
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“Uma obra pioneira que chega ao mercado com a proposta de revigorar a reflexão e a análise dedicadas ao trabalho de atrizes e atores do cinema brasileiro.” Com essas palavras, Ismail Xavier, professor emérito da Escola de Comunicações e Artes da USP, define o livro. Além disso, em seu texto de introdução, ele destaca as inovações que Helena trouxe para o trabalho autoral, em parte resultantes de sua parceria com Rogério Sganzerla (1946-2004) e Júlio Bressane nos filmes da produtora Belair, a partir de 1970.
“Monika”- Foto: Divulgação
A análise desenvolvida dedica-se, segundo Xavier, a um processo de criação que, pela riqueza de práticas e estratégias de atuação da atriz, permite uma ampla caracterização de métodos de trabalho do cinema moderno, com ênfase na sua vertente experimental, dada a variedade de estilos encontrada ao longo da carreira de Helena, conforme os diferentes momentos do cinema brasileiro. Ao se concentrar nesse momento de sua carreira em que, na produtora Belair, ela se aprimorou na condição de “atriz-coautora” dos filmes, pelas invenções em sua performance dentro de um cinema experimental por excelência, o chamado “cinema marginal”, conforme denominação nos anos 1970-80, ou “cinema de invenção”, expressão criada pelo crítico Jairo Ferreira.
Para situar o estudo desenvolvido pelos autores, há, no início da obra, referências sobre a formação de Helena, desde o curso na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, em um período que essa escola e a universidade se destacaram no cenário brasileiro como um centro formador de alta qualidade, a seus primeiros anos de atuação em peças de teatro e sua estreia no cinema com o curta-metragem “Pátio” (1959), primeiro filme de Glauber Rocha (1939-81). Casada com Glauber nesse período, depois se separou dele e mudou-se para o Rio de Janeiro, deixando na Bahia a memória de sua figura independente e libertária.
“Bandido da Luz Vermelha”- Foto: Divulgação
Adjetivos inerentes à atriz aqui homenageada, que o diretor regional do Sesc SP, Danilo Santos de Miranda, reforça: “Na imbricação de complexas realidades, vividas ou imaginadas, a arte tem solo fértil para se desenvolver. E o faz especialmente pelos artistas. No cinema, é de sua seara que emerge e se inscreve a atriz e cineasta Helena Ignez, em estilo próprio, de vanguarda e em diálogo com marcos da cultura nacional: o cinema novo, junto ao diretor Glauber Rocha, e o cinema marginal, com Júlio Bressane e Rogério Sganzerla, parceiros de criação e afeto. Neste livro, originalmente publicado em francês, somos convidados a conhecer a trajetória dessa atriz e autora que, atenta a seu tempo e com olhos e lentes para além do horizonte, tem sua marca calcada na liberdade de escolher permanecer ou romper com os cânones, se isso melhor lhe serve ao ofício de atuar”.
Como define Chistophe Damour, professor de Estudos Cinematográficos da Universidade de Estrasburgo (França), Helena Ignez foi capaz de insuflar na tela uma energia sem limites em contato direto com a cultura fervilhante do país e as vicissitudes de sua época. “Ao mesmo tempo expressionista e burlesca, hierática e sexual, cerebral e animal, naturalista e poética, Helena é uma atriz plural que impressiona a película com sua presença singular”, avalia Damour.
“A Mulher de Todos”- Foto: Divulgação
“Ao refletir sobre o percurso da atriz com precisão conceitual e clareza de exposição, este livro responde a uma forte demanda nas pesquisas de cinema, teatro e interpretação. Uma notável contribuição para os estudos da cultura brasileira”, sintetiza Xavier.