Isabelle Huppert em “A Dona do Barato” – Foto: Divulgação
Conhecida por seus personagens complexos e até sombrios, Isabelle Huppert chega às telas do cinema brasileiro apresentando um lado diferente. Em “A Dona do Barato”, comédia de Jean-Paul Salomé, Isabelle é Patience Portefeux, uma mulher frustrada com os rumos que sua vida tomou e saudosa de tempos mais interessantes. Com estreia marcada para esta quinta-feira (23.09), o longa é uma boa pedida para quem gosta de mulheres fortes e prontas para entrar em confusões.
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Trabalhando como tradutora de francês-árabe para a polícia, especializada em escutas telefônicas, Patience mal consegue pagar todas as contas. Até que um dia, ela descobre que o filho da cuidadora de sua mãe é um dos traficantes a quem escuta e precisa lidar com o conflito de ajudar a prendê-lo ou libertá-lo. Mas a indecisão não dura muito, até porque, embora sua intenção realmente seja proteger a conhecida, Patience precisa de dinheiro e vê ali uma boa oportunidade para conseguir.
Assim, a personagem de Isabelle entra para uma rede de tráfico de drogas numa trajetória um pouco atrapalhada, porém, consciente. Tudo isso enquanto ainda mantém seu trabalho na polícia, obtendo informações importantes ao mesmo tempo em que limpa seus rastros como “La Daronne” ou “A Dona do Pedaço”, na tradução brasileira.
Isabelle Huppert interpreta Patience Portefeux – Foto: Divulgação
Nesse ponto do filme acontece uma importante virada na atitude da personagem, representada pela cena em que ela caminha até a varanda enquanto fogos de artifício atravessam o céu. O momento parece repetir o mesmo capturado anos antes por um fotógrafo, e transformado no quadro que Patience arremata mais cedo no filme, em um leilão. Uma das poucas extravagâncias a que ela se permite.
A foto mostra uma jovem Patience em uma lancha com os tais fogos de artifício ao fundo. E, segundo explica em determinado momento, é da época em que ela ia junto com os pais fazer “coisas que não agradariam um policial”, confessa para o chefe do departamento de polícia, papel de Hippolyte Girardot, e com quem tem uma relação amorosa.
Da frustração à autoconfiança, a ascensão da personagem também fica evidente no figurino, que passa de roupas lisas e básicas a lenços estampados, óculos escuros e batom vermelho. A excentricidade e a segurança da persona criada por Patience aos poucos vai passando para ela mesma, que se torna mais ousada em seus planos.
“A Dona do Barato” é outro filme de Jean-Paul Salomé, que gosta de explorar máscaras e disfarces em seus personagens. Baseado no livro “La Daronne”, de 2017, o longa tem roteiro de Salomé com a autora do livro, Hannelore Cayre, e Antoine Salomé. A filmografia do diretor ainda conta com “O Fantasma do Louvre”, “Arsène Lupin – O Ladrão Mais Charmoso do Mundo”, a versão com Romain Durys, e “Contratadas para Matar”.
O papel de Patience Portefeux destoa da filmografia de Isabelle Huppert, vencedora de inúmeros prêmios internacionais, incluindo um Globo de Ouro de Melhor Atriz e uma indicação ao Oscar por sua interpretação no filme “Elle”. Mas, ainda que com uma personagem leve, a atriz consegue explorar outras camadas na protagonista, tornando o filme mais interessante. É menos uma comédia e mais uma história de uma mulher de certa idade que tem a chance de mudar totalmente sua vida e decide aproveitá-la.
O longa estreia nos cinemas nesta quinta-feira (23.09) e, no Brasil, tem distribuição da Imovision. Veja o trailer: