João Trevisan – Foto: Second
Por Camila Martins
Pintor, escultor, licenciado em geografia e bacharel em direito, João Trevisan foi o único brasileiro escalado pelo curador/colaborador norte-americano Simon Watson para expor sua escultura de seis metros, “Missão, Visão e Impacto na Paisagem da Arte”, para a primeira mostra internacional Art D’Égypte intitulada “Forever Is Now”, nas pirâmides de Gizé e no planalto de Gizé, ao redor do Cairo, Egito. A exposição ficará em exibição por três semanas, a partir do dia 21 de outubro até 7 de novembro de 2021.
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O artista, que nasceu em Brasília, mora em São Paulo e, em breve, vai se mudar para Nova York. Trevisan ganhou notoriedade 2014, e foi indicado ao prêmio Pipa nos anos de 2019 e 2020. Suas mostras mais recentes passaram pela Slag Gallery, em New York; e pelo Museu de Arte Sacra de Sao Paulo, além de ter suas artes espalhadas por vários locais do Brasil e do mundo.
Foto: Ana Pigosso
As obras de Trevisan exploram questões inerentes a uma poética poderosa que envolve matéria, peso, leveza, articulação, equilíbrio e política. Uma de suas criações exploram uma linha férrea, perto de sua casa em sua cidade natal. Impulsionado pela força da passagem do trem em encontro com a estética, o artista visualiza pedaços de madeira rústica além de ferros, parafusos e fragmentos de metais – estes compõem esculturas na forma de grandes vigas de madeiras conectadas por dobradiças de ferro; uma pilha limpa em forma de ventilador; grandes parafusos industriais; uma pilha de placas de ferro – todas com pátina de ferrugem avermelhada que ecoa as superfícies das pinturas, além de unir experiência em geografia e direito na construção precisa de um corpo.
Foto: Ana Pigoso
“Quando visualizo os materiais no trilho, eles já estão prontos”, relata Trevisan.
Sua matéria possui uma profundidade efetiva a ser carregada pelo artista em sumo cuidado e autocontrole. Essa execução insistente, entre a ferrovia e seu ateliê resulta na presença da força do artista. Trevisan compreende seus trabalhos escultóricos como uma matéria que instiga sua relação bilateral.
Foto: Ana Pigosso
Por meio da filosofia Budista, ele se encontra na meditação com o intuito de achar o equilíbrio certo para a estruturação de suas obras. “A meditação me ajuda a encontrar o meu ponto de equilíbrio.”
Em suas telas, Trevisan adquire um pensamento poético potente em que praticamente visualiza a estética do vagão de dentro de um trem que transcende para suas pinturas. Ele pinta de 8 à 10 camadas de preto, no qual, passa por um longo processo até chegar em um resultado, em que depois, vai desgastando as camadas de forma linear com um exercício corpóreo em linhas retas; um exercício de desgaste, no qual incorpora a vibração da força de um trem passando sobre as madeiras dormentes, em metáfora. Para sua obra, o artista usa uma paleta de cor que ele encontra de forma intuitiva, ou que chama a sua atenção. “A pintura da série “Intervalos” acaba sendo um desdobramento de um pensamento escultórico que é visto na ferrovia”, explica.
Foto: Ana Pigosso
Exposição
“Forever is Now” está sob a responsabilidade do Ministério do Turismo e Antiguidades, do Ministério das Relações Exteriores do Egito e da Unesco – em que os monumentos no Egito sobrevivem como patrimônio mundial em proteção e promoção da diversidade das expressões culturais que representam a fusão da herança antiga e da arte contemporânea.
No total, 10 artistas participam da mostra; além de Trevisan, estão o russo Alexander Ponomarev; Gisela Colón, nascida em Porto Rico e radicada nos EUA; O francês JR; O ítalo-americano Lorenzo Quinn; os egípcios Moataz Nasr e Sherin Guirguis, esta residente em Los Angeles; os britânicos Shuster + Moseley e Stephen Cox RA; e o artista saudita SAR, príncipe Sultan Bin Fahad.
João Trevisan – Foto: Divulgação
“Eu estava em Nova York (inicio da pandemia), quando recebi o telefonema de Nadine Ghaffar – fundadora do Art D’ÉGYPTE – para ajudá-la no conceito e na internacionalização da exposição e assim escalei o artista brasileiro João Trevisan, o francês JR, Bin Fahad e Gisela Colón, que formam uma meditação sobre nosso futuro coletivo”, declara Watson,curador/colaborador do Art D’ÉGYPTE
Foto: Ana Pigosso
A exibição atua por meio da preservação e da democratização da arte que está mudando drasticamente, especialmente, nos tempos da pandemia da Covid-19, que se tornou parte-chave da criatividade.
“Os artistas também verão a grande arte do antigo reino, como as estátuas de Himiuno, o arquiteto da pirâmide de Khufu, e outras estátuas importantes que descobri em Gizé, como a estátua do sacerdote Kay e do anão. Os artistas ficarão em frente às pirâmides e lembrarão das portas secretas que encontrei dentro da pirâmide de Khufu, além, das tumbas dos construtores das pirâmides e os túneis secretos encontrados dentro da Esfinge. Finalmente, acredito que cada artista que vier ao Egito entrará com seus nomes cobertos de ouro na história”, diz o Dr. Zahi Hawass, arqueólogo, egiptólogo e um dos conselheiros da mostra.
Trevisan vai expor suas obras em uma individual na Galeria Raquel Arnaud, que representa o artista em São Paulo.
Foto: Ana Pigosso