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“A Celebration for the GOoD Time”: Regina Vater ganha mostra individual em São Paulo

Foto: Divulgação

A Galeria Jaqueline Martins apresenta a segunda exposição individual da artista Regina Vater, de 78 anos, na galeria, mas a primeira a reunir importantes trabalhos das décadas de 1980, 1990 e 2000 em um mesmo contexto. A mostra “A Celebration for the GOoD Time” ocupa os três andares da galeria e – a partir deste sábado (28.08) – exibe séries fotográficas e instalações de grande porte.

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Ao longo das últimas cinco décadas, Regina desenvolveu um corpo de trabalho complexo e sofisticado onde cada trabalho dá forma a questionamentos sobre as relações entre sociedade, natureza e tecnologia. Ativista e transmidiática, a natureza poética de sua obra foi sempre tecida de maneira a destacar e a homenagear mitos e cosmologias ancestrais que propõe diferentes modos de pensar o tempo e a natureza, antagônicos ao discurso hegemônico ocidental/Europeu.

Regina inicia sua atividade artística nos anos 60 e, assim como muitos de sua geração, sua produção se desenvolve em resposta a um ambiente de intensa polarização política e cerceamento de autonomia e liberdade expressiva. Neste contexto, e preocupada com a degradação das relações humanas e dos ambientes sociais, a artista toma como missão a elaboração de novas formas de comunicação e colaboração, assumindo uma posição que culmina em ações micropolíticas de restauração das práxis sociais e de reconciliação com a natureza.

Mesmo alinhada à prática relacional que guiava toda a geração dos anos 70, Regina diferenciou-se ao valorizar (e trazer para o debate da arte contemporânea já no fim dos anos 70) o modo como mitologias indígenas e africanas sempre abordaram problemas sociais e ambientais que apenas no século 20 passaram a afligir as culturas ocidentais. Tal inclusão, no entanto, não se estrutura pela superficial apropriação de imagens e símbolos, mas por meio do tensionamento entre elementos europeus e ameríndios em um contexto artístico contemporâneo.

Ao longo de sua carreira, Regina produziu mais de cem instalações de grande porte, algumas delas serão apresentadas na exposição pela primeira vez desde sua concepção original. De acordo com o crítico de arte britânico Guy Brett (falecido neste ano e amigo próximo da artista): “Nas instalações de Regina, a forma segue uma certa licença poética combinada com um tipo de consagração ritualística dos materiais. Há um traço constante que, de certa forma, pode expandir o seu salutar ‘fora do local apropriado’: ela agrupa os materiais de acordo com a lógica poética, em vez de uma lógica forma.

Foto: Divulgação

Indo muito além da mera utilização estética e superficial, esta supracitada lógica poética e ritualística reafirma em camadas de significado (como num texto detetivesco) o profundo respeito e abordagem conceitual com que Regina seleciona os materiais que compõem suas instalações e, desta forma, conecta diferentes culturas e modos de ver o mundo.

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