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SP: com curadoria de Eder Chiodetto, Mario Baptista abre sua 1ª individual de fotografias

Foto: Divulgação

Passaram-se três décadas para que Mario Baptista realizasse uma exposição individual desde que ganhou sua primeira máquina fotográfica. Apesar do longo período de convivência com câmeras, ele passou a se dedicar exclusivamente à fotografia somente em 2019. O fruto dessa imersão plena na captura de imagens poderá ser conhecido a partir de 25 de agosto, quando ele abre, em São Paulo, a mostra “Cidade Errante”. Fruto de seu olhar sensível e apurado diante da paisagem urbana e humana da metrópole, a exposição reúne 17 imagens selecionadas sob a curadoria do jornalista, fotógrafo e crítico Eder Chiodetto e poderá ser vista pelo público até 24 de setembro.

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Foto: Divulgação

Com ampliações em papel algodão que variam de 1 m a 3 m de largura, as fotos escolhidas sintetizam uma estética pautada pela poética presente no contraponto entre luz e sombras. Uma linguagem que Baptista, autodidata que é, vem apurando para contar, por meio das imagens captadas, histórias com muita originalidade. “Nesse sentido, há um ano iniciei um trabalho de mentoria com o Eder, que vem me orientando e me acompanhando nessas incursões no universo da fotografia”, explica.

Foto: Divulgação

Em relação a esse olhar fotográfico que ele exercita desde a juventude, Baptista conta que em sua trajetória pesquisou estilos variados para balizarem sua linguagem artística. Confesso admirador do legado de alguns nomes consagrados internacionalmente, ele cita, entre os clássicos da fotografia universal, o francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004). No rol dos contemporâneos, destaca o brasileiro Sebastião Salgado e a norte-americana Vivien Maier (1926-2009), ex-babá que nas décadas de 1950 e 1960 se especializou, nas ruas e praças de Chicago e Nova York, na chamada street photography e que só teve reconhecimento mundial após sua morte, quando foram localizados por acaso uma mala com negativos e rolos de filmes não revelados.

Foto: Divulgação

A partir dessas referências, pouco a pouco e sempre à frente das câmeras, ele foi moldando sua percepção diante da paisagem urbana e humana da capital paulista, que é uma temática recorrente em suas fotos. Hoje com um olhar mais apurado, afirma que não altera a essência do que acontece em cena, preferindo atuar como se estivesse espionando por uma fechadura. “Busco registrar o que penso sobre a vida no outro e busco o outro em mim, estabelecendo uma conexão. No momento do clique, é inquietação versus reflexão”, diz. Fã confesso de composições em preto e branco, ele afirma que desenha com a sombra e não com a luz, sendo que, para ele, esta última é poesia que se transforma em ferramenta para esculpir a cidade.

Foto: Divulgação

Uma cidade, diga-se, errante, como contextualiza Chiodetto e que dá nome à exposição: “Mario revela-se um fotógrafo de cidades intangíveis. Suas imagens se negam a devolver mecanicamente a paisagem. Entre a sua aguçada percepção e o gesto fotográfico, a cidade se converte num território de fabulações. Luzes incidentais eclipsam as noites lúbricas da cidade, esse entreposto de desejos e temores, que os homens construíram a partir da percepção de que só é possível se encontrar na errância. Errar uma cidade, deixar-se seduzir pelos seus pontos de luz que agonizam na madrugada de roteiros incertos, para encontrar, no avesso das certezas, aquilo que estava segredado em seus monumentos. Não importa em que cenário do mundo ele se encontra, pois a cidade que ele investiga está instalada dentro de sua imaginação e não diante de seus olhos. Seu olhar investiga lumes, segredos à meia luz, monólitos encapsulados em sombra espessa, personagens que com seus passos trôpegos rompem limites, avançam perímetros”.

Foto: Divulgação

E, assim como os personagens que retrata rompem limites e fronteiras, Baptista vem obtendo reconhecimento internacional. Uma de suas fotos integra, desde março de 2020, o livro “Shadow and Light”, da Black Box Gallery, de Portland (Oregon/Estados Unidos). Além disso, em setembro do mesmo ano foi agraciado com uma menção honrosa pelo PX3, o Prêmio da Fotografia Paris.

Onde: Studio Raw Gallery.

Período: de 25.8 a 24.09.

Visitas: terça a sábado, entre 14h e 20h, mediante agendamento pelo WhatsApp 11 99580-4466 devido à não aglomeração por conta do momento (pandemia).

Endereço: Rua Augusta, 2.529, 1º andar, Jardins, São Paulo.

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