Bernardo Figueiredo (1934-2012) – Foto: Divulgação
A trajetória profissional de Bernardo Figueiredo (1934-2012) é revista em exposição no Museu da Casa Brasileira (MCB) – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – e em livro publicado pela Editora Olhares a partir de 17 de julho, com o título “Bernardo Figueiredo: Designer e Arquiteto Brasileiro”. Curadoras da mostra e autoras do livro, Maria Cecília Loschiavo dos Santos, professora titular de Design da FAUUSP, Amanda Beatriz Palma de Carvalho, doutora em design, e Karen Matsuda, mestre em Design, ambas pela mesma instituição, tiveram o Acervo Bernardo Figueiredo como ponto de partida para a pesquisa.
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“A produção de Figueiredo está situada no cruzamento da arquitetura, urbanismo, design de mobiliário, design de interiores, cultura e suas inter-relações transdisciplinares. O que motivou estes cruzamentos? Bernardo foi um homem de pensamento aberto e sua identidade profissional sempre esteve imbricada com as condições culturais e sociais do Rio de Janeiro de seu tempo. Ele se envolveu em diferentes experiências profissionais e humanas, sempre com uma atitude aberta e positiva, expandindo suas práticas criativas em direções interdisciplinares e em constante fluxo no Brasil e no exterior”, diz Maria Cecilia Loschiavo.
Dividida entre o hall de entrada e as três salas principais do MCB, a mostra traz uma linha do tempo com datas e eventos importantes: desenhos, fotos de suas criações de design de móveis e arquitetura, além do vídeo “Fabricando a Poltrona Milhazes”, que apresenta a fabricação desta peça na fábrica da Schuster, em Santo Cristo, RS. Haverá também desenhos originais de projetos urbanísticos criados por Figueiredo para a cidade de Porto Seguro, na Bahia.
Uma das salas contará com 11 peças produzidas nos anos 1960 que fazem parte do Acervo Bernardo Figueiredo, além de fotos de ambientações dessa época, incluindo imagens da residência de Bernardo. A exibição de um vídeo com trechos do filme “Garota de Ipanema”, de Leon Hirzman, 1967, apresenta a segunda residência de Bernardo, que foi uma das principais locações do filme
“Cadeiras Arcos”, Palácio do Itamaraty – Foto: Divulgação
A “Poltrona Carioca”, desenvolvida para ser montada em um programa de TV da época, estará desmontada e aplicada em uma das paredes mostrando cada uma das partes que a compõem. Os visitantes ainda poderão ver fotos do porão da loja Chica da Silva, que pertenceu à figurinista Kalma Murtinho, pioneira no comércio de artesanato brasileiro no Rio de Janeiro. O local era ponto de encontro de intelectuais cariocas e comercializou moveis de Bernardo durante vários anos.
Outra sala será dedicada ao Palácio do Itamaraty, que abriga o Ministério das Relações Exteriores, em Brasília. Móveis originais como a “Cadeira dos Arcos” e a “Poltrona Rio” irão dividir espaço com as reedições produzidas pela Schuster como a “Cadeira Bahia” e a “Poltrona Leve”. Essas peças fazem parte do projeto do palácio. A sala conta ainda com reedições sofás “Conversadeira”, que poderão ser utilizados pelos visitantes e com o vídeo Palácio dos Arcos, criado por Angela Figueiredo com fotos e imagens de 1967 e 2017.
Em um terceiro espaço serão apresentadas peças reeditadas pela fábrica gaúcha Schuster Móveis que, desde 2011, produz os móveis de Bernardo. O público visitante poderá experimentar o mobiliário.
“Relançar os móveis do Bernardo significa manter vivo o legado e a própria história do mobiliário nacional. Suas dificuldades, necessidades e propostas de solução. Tudo isso sempre apresentado uma brasilidade típica junto à discussão do jeito de ser e morar do brasileiro e suas relações com a natureza e sua filosofia própria”, comenta Wilson Schuster, diretor da empresa gaúcha.