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Chay Suede no melhor momento da vida: segundo filho, próximos trabalhos e posicionamento contra Bolsonaro

Capa digital de RG com Chay Suede vestindo peças Gucci – Fotografia de Leo Faria, styling de Bruno Uchôa, beleza de Edu Hyde e locação Castelo Nacional Inn Campos do Jordão

Roobertchay Domingues da Rocha Filho vive o melhor momento de sua vida. Aos 29 anos recém-completados, morando em uma casa digna de novela em São Paulo, Chay Suede – ou Domênico para os brasileiros mais íntimos – não pestaneja o olhar e a mente ao afirmar que, sim, a convivência com Laurinha – o modo carinhoso como se refere à esposa e atriz, Laura Neiva -, os próximos passos como ator e a chegada futura de seu segundo filho consagram este período, que se iniciou em 2019, como o melhor de sua vida até aqui.

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“É o momento de sonhos muito antigos se realizando. Tenho realmente comemorado eles”, contou em papo com o RG em um dia ensolarado de inverno via Zoom, depois de treinar tênis, dar uma passada na academia e estralar tudo em uma sessão de quiropraxia.

Pode soar alienado dizer que vive momentos felizes em meio a tanta tristeza e dor que já levaram mais de 500 mil vidas brasileiras por conta da pandemia, mas Chay passa bem longe de ser uma pessoa desconectada da realidade do País em que nasceu. Mantendo seu posicionamento desde 2018, o multiartista se coloca quando acha útil e relevante participar da discussão e não foge de falar sobre o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). “Minha opinião sobre ele [Bolsonaro] é a mesma daquela época: continuo achando a mesma coisa, só que, agora, infelizmente, colhendo as consequências de ele ter sido eleito presidente do Brasil”, diz, completando com o desejo. “Para 2022 e os próximos anos, eu desejo um Brasil sem Bolsonaro.”

Depois de viver o filho perdido de Lurdes (vivida brilhantemente por Regina Casé) na novela global “Amor de Mãe”,  que o Brasil todo mais procurou, Chay se prepara para dar novos passos na carreira como ator, sem ainda – de fato – poder dizer em quais solos vai pisar. “Posso dizer que tenho coisas legais para fazer e o público vai, sim, poder me ver em 2021 em alguma atividade”, disse o ator. Questionado se afundaria os pés nos aceleradores e daria vida a Senna em uma possível série da Netflix, ele apenas diz ser um eterno fã do brasileiro que encantou as pistas mundo afora. “Se vou interpretar ele ou não, não posso falar ainda sobre isso. Mas o que posso dizer é que sou enlouquecidamente fã dele”, completou o ator, que nasceu em Vila Velha (ES).

Chay Suede veste peças Gucci e calça de acervo – Fotografia de Leo Faria, styling de Bruno Uchôa, beleza de Edu Hyde e locação Castelo Nacional Inn Campos do Jordão

Neste editorial clicado no hotel Castelo Nacional Inn Campos do Jordão com capa look all Gucci, Chay aproveita para contar que não acompanha os desfiles e as tendências de moda mas, sim, o que ele chama de “moda da vida real”, que auxilia no dia a dia e comunica sobre a vida da pessoa. “Quando gosto de uma pessoa, busco entender o que ela tem que me faz gostar dela – que é o que ela veste, o jeito que fala, os assuntos que aborda, as escolhas estéticas dela e os posicionamentos”, sinalizou.

No caminho para ser pai de um garotinho, o ator deseja que os próximos meses sejam de muito amor e carinho ao lado de sua família. “Que o meu filho nasça com muita saúde, que a gente continue juntos e se amando e se cuidando sempre”, finalizou.

Leia abaixo a entrevista com Chay Suede na íntegra para a nova capa digital de RG.

Chay Suede veste look all Gucci – Fotografia de Leo Faria, styling de Bruno Uchôa, beleza de Edu Hyde e locação Castelo Nacional Inn Campos do Jordão

RG – Quando estava me preparando para falar com você, li e vi bastante coisa – principalmente no Conversa com o Bial e um especial de Dia dos Namorados para outra revista – que você e Laura estão em um momento incrível da vida como casal. Com isso, lembrei que entrevistei vocês dois juntos no Lolla Lounge do Lollapalooza 2019, quando eu cobria celebridades para outro veículo, e me veio na minha memória que achei vocês dois muito apaixonados. Saí do nosso breve papo pensando: “Que amor lindo de se ver”. Pensando nisso, me vêem na mente: você está na melhor fase da sua vida pessoal até aqui?

Chay Suede – Sim, é sim o melhor momento da minha vida pessoal. Eu não faço sempre essa reflexão, de sentir se o momento que minha vida pessoal e profissional estão é o melhor que já estive mas, você me perguntando agora, não tem como negar. É o melhor momento da minha vida pessoal, com certeza. É o momento de sonhos muito antigos se realizando. Tenho realmente comemorado estes sonhos. De 2019 para cá, desde que eu e a Laurinha nos casamos e nos mudamos para essa casa que a gente mora hoje, muita coisa boa aconteceu com a gente. Ela ficou grávida em seguida; a Maria nasceu nesta casa; engravidou de novo aqui. São sonhos muito antigos, muito importantes para mim, que eu sempre quis realizar e que estão se realizando agora. Então, não tinha como não ser o melhor momento da minha vida até agora porque está tudo acontecendo de um jeito muito especial e importante. Estamos aproveitando cada segundo que estamos vivendo nestes últimos anos.

RG – A chegada de um segundo filho, em meio ao momento complicado que temos vivido no mundo, te preocupa?

Chay Suede – Preocupa, claro, porque – querendo ou não – a incerteza do momento atual é algo que me deixa ansioso, me tira do sério, me deixa reflexivo em um lugar super negativo. Me preocupo em ver meus filhos crescendo neste mundo esquisito. Mas, ao mesmo tempo, penso que o mundo precisa de gente boa e é isso que quero oferecer para o mundo: pessoas boas. Que meus filhos contribuam, de alguma maneira, para que este mundo doido seja menos doido daqui a umas duas gerações.

RG – Depois de passar pela paternidade de uma menina, qual sua expectativa de ser pai de um garotinho?

Chay Suede – É engraçado porque eu sou pai da Maria, por enquanto. Então, é uma coisa muito doida, né? Eu realmente não criei uma expectativa sobre como é ser pai de menino. Acho que, na verdade, eu só preciso ser um pai. Seja o meu neném menino ou menina, ele vai precisar de um pai e é o que eu quero ser. Ser um pai e, cada vez mais, o melhor pai possível.

Chay Suede veste peças Gucci e calça, camiseta e óculos de acervo – Fotografia de Leo Faria, styling de Bruno Uchôa, beleza de Edu Hyde e locação Castelo Nacional Inn Campos do Jordão

RG – Existe aquele seu lado de já pensar sobre dar uma criação pró-feminismo, antirracista e não perpetuar pensamentos machistas para seus filhos?

Chay Suede – Acho que, qualquer ideia que eu ache importante passar para os meus filhos, essa ideia precisa ser passada por meio do exemplo. É aquilo que sou na minha vida e eles vão observar e levar para a vida deles. Por isso, essa questão não me preocupa porque eu acredito que o meu exemplo e o da mãe deles já é o bastante para colocar os pingos nos i’s.

RG – Deixando um pouco a vida pessoal de lado e falando sobre trabalho, depois de viver Domênico e encantar o Brasil em “Amor de Mãe”, onde e quando vamos te ver de novo? A gente fica curioso para saber isso!

Chay Suede – Eu adoraria poder contar, mas – se essa entrevista fosse daqui três meses – eu poderia, inclusive. Mas, agora, ainda não posso, mesmo por que meu segundo semestre ainda está se desenhando. Posso dizer que tenho coisas legais para fazer e o público vai, sim, poder me ver neste ano em alguma atividade.

RG – Existem inúmeros boatos de que você dará vida à lenda brasileira da Fórmula 1, Ayrton Senna, em uma série da Netflix. Pode ser uma dessas coisas que você ainda não pode contar, mas você chegou a dedicar em seu Instagram um post para ele com aquele seu boné azul. É verdade? Já começou a se preparar para o papel?

Chay Suede – Ele é meu ídolo. Sou muito fã do Senna. Então, posto fotos dele e, se você for ver no meu Instagram, tem foto dele lá desde 2014, sempre no aniversário ou no dia da morte. Se vou interpretar ele ou não, não posso falar ainda sobre isso. Mas o que posso dizer é que sou enlouquecidamente fã dele.

Chay Suede veste peças Gucci – Fotografia de Leo Faria, styling de Bruno Uchôa, beleza de Edu Hyde e locação Castelo Nacional Inn Campos do Jordão

RG – Em uma de suas últimas entrevistas, você disse que “daria passos fora do Brasil”. Pode nos contar o que é? São viagens a turismo ou trabalho?

Chay Suede – Isso tudo está ligado aos meus próximos meses que são projetos futuros que eu sei que farei, mas não posso falar sobre ainda. Envolve projetos artísticos como ator que me levarão para fora do Brasil em determinado momento.

RG – Agora falando de coisas que talvez você possa falar sobre, você pensa em ter um projeto musical? Afinal, sabemos do seu talento como músico. Te conhecemos no lendário “RBD Brasil”, da RecordTV. Tem vontade de ter um duo, um trio, uma banda, não sei…

Chay Suede – Eu já fiz algumas coisas, né? Eu tive o “Aymoréco” com o Diego Strausz, que é um produtor musical amigo meu. Cheguei a gravar, em 2020, um ‘EPzinho’ que chamei de “O sal”, com Pedro Zopelar, aqui em São Paulo. Mas, hoje em dia, a música – para mim – está em um lugar de satisfação pessoal, de composição, de divertimento e de abastecimento artístico do que em um lugar de carreira principal e que possa me sustentar. Hoje em dia, me vejo muito mais como um ator e uma personalidade de uma maneira geral do que como músico e cantor. Isso falando no quesito profissional, obviamente. A música aqui em casa não para, está sempre presente nos meus momentos de lazer, mas isso não impede de lançar um disco, um EP. É só um lugar de como isto está na minha vida. Não é minha intenção viver de música, fazer shows, cantar por aí. Não tenho essa pretensão e nem essa vontade.

RG – Aproveitando que estamos falando sobre o seu eu artístico, fui buscar seus posicionamentos políticos públicos e achei que, em 2018, você declarou fazer parte do movimento #EleNão em entrevista ao jornalista Pedro Bial. Hoje, em meio à pandemia de Covid-19 com mais de 500 mil mortos, como você enxerga o governo Bolsonaro e como é a sua visão sobre o gigante dilema entre posicionamento político versus vida pública que, vocês famosos, enfrentam e enfrentarão?

Chay Suede – Muito antes de falar no Bial, em 2018, eu gravei um vídeo elencando os motivos pelos quais eu achava que ele [Jair Bolsonaro, sem partido] não deveria ser presidente da República e minha opinião é a mesma daquele ano. É só procurar no Google “Chay Suede Ele Não”. A minha opinião sobre Bolsonaro é a mesma daquela época, continuo achando a mesma coisa sobre ele. Só que, agora, infelizmente, colhendo as consequências de ele ter sido eleito presidente do Brasil. Então, isso se agrava. Sobre a questão dos posicionamentos, eu – Chay Suede – me posiciono quando eu acho que devo e quando acho importante. Mais que isso, me posiciono quando eu acho que vou contribuir com a discussão geral. Quando acho que não vou contribuir ou vou dizer algo que já está sendo dito por todo mundo ou algo que é repetido inúmeras vezes – por diferentes pessoas para um mesmo público -, não me posiciono. Eu realmente me posiciono quando acho que serei útil para a discussão. Em 2018, eu achava que seria útil, de alguma maneira. Não sei se fui, mas me posicionei quando ainda era possível não elegê-lo. Acho que se posiciona quem, realmente, tem algo importante a dizer. Você se posicionar apenas por se posicionar, eu acho uma obrigatoriedade vazia. Acho que tem muita gente com coisas importantes para dizer e que precisam ser ouvidas, mas também acho que nem todo mundo se enquadra neste perfil de pessoa. Quem não se encaixa, não se encaixa e acabou. Não se posiciona e colhe os bônus e os ônus disto.

Chay Suede veste peças Gucci – Fotografia de Leo Faria, styling de Bruno Uchôa, beleza de Edu Hyde e locação Castelo Nacional Inn Campos do Jordão

RG – E você acha que, em 2022, vocês, artistas, serão úteis para uma possível virada para a saída de uma força não benéfica ao Brasil?

Chay Suede – Acho que o papel do artista vai muito além de se posicionar ou não durante uma eleição. O que a gente faz com nossas escolhas artísticas, os trabalhos que escolhemos fazer, as emoções que a gente acessa nas pessoas com os papéis, isso eu acho que a gente comunica de uma forma inesquecível.

RG – Falando de temas mais amenos, o seu bordão “hoje teve” – se referindo ao momento pós-treino – ficou muito conhecido por todo mundo que te segue, principalmente nestes meses de pandemia. Qual o papel que o exercício físico e o esporte ocupam hoje na sua vida?

Chay Suede – O exercício físico é um dos pilares de uma vida alegre, com mais energia e com mais disposição. Fui sedentário por anos e, realmente, quando comecei a fazer exercícios para um personagem, descobri certas “coisas químicas” que são liberadas no nosso corpo no momento do exercício ou pós-exercício. São coisas maravilhosas, sensações maravilhosas que te abrem portas em muitos outros âmbitos. Meu fluxo de pensamentos mudou quando comecei a me exercitar. Passei a me sentir mais presente na vida como um todo, nas conversas, nos encontros, nas relações de trabalho. Percebi, com o passar do tempo, que o que o exercício poderia fazer por mim ia muito além do benefício estético, foi um ganho para vida toda. E, na pandemia, foi uma válvula de escape, de prazer. Indico o exercício físico para todo mundo, tento convencer todo mundo a começar se exercitar porque, realmente, mudou minha vida.

Chay Suede veste peças Gucci – Fotografia de Leo Faria, styling de Bruno Uchôa, beleza de Edu Hyde e locação Castelo Nacional Inn Campos do Jordão

RG – Um tema que era necessário eu tocar com você é moda, afinal, neste editorial você veste apenas Gucci. Ouso dizer que, nos últimos dois anos, você mudou muito seu estilo, né? Flertando muito com streetwear, usando tendências e modelagens que haviam saído há seis meses das passarelas. A quem ou a que você atribui isso?

Chay Suede – Eu não vejo um desfile desde 2015, quando fui para Londres acompanhar o desfile da Burberry. Não acompanho moda, de verdade, no sentido dos desfiles, dos editoriais, no sentido do que há de mais novo nas grifes. Acompanho a “moda da vida real”: aquelas que as pessoas usam na vida, o que as pessoas que eu amo usam no dia a dia, o que as pessoas que eu acompanho usam no cotidiano delas. Gosto de pensar e ver a roupa a serviço da vida, a serviço do dia que a pessoa vai ter e não a roupa como protagonista da situação. Gosto de gente e, quando gosto de uma pessoa, busco entender o que ela tem que me faz gostar dela – que é o que ela veste, o jeito que ela fala, os assuntos que aborda, as escolhas estéticas de uma maneira geral, os posicionamentos. Isso me chama a atenção e me faz querer acompanhar as pessoas e, para mim, a moda entra neste pacote de mil outras coisas que tornam alguém interessante e legal de se conviver. Eu, claramente, acompanho os “it-guys” e sempre fui uma pessoa de aglutinar informações, brincar com coisas e, de vez em quando, assumir papéis no meu dia a dia por meio da roupa. É sobre ser ator.

RG – E para encerrarmos, pensando daqui para frente, o que você deseja para sua vida e para o mundo nestes próximos seis meses?

Chay Suede – Olha… Para os próximos seis meses, eu desejo que a gravidez da Laurinha, pensando na minha vida, continue correndo bem, que o meu filho nasça com muita saúde, que a gente continue juntos e se amando e se cuidando sempre e, para o mundo, desejo saúde, cura desse vírus terrível, realmente que as pessoas sejam vacinadas, que a gente atinja logo um nível de vacinação considerável aqui no Brasil e que a gente já possa ir retomando nossa vida e nosso trabalho. E para 2022 e os próximos anos, eu desejo um Brasil sem Bolsonaro, de verdade.


Créditos

Foto – Léo Faria @leofaria
Beleza – Edu Hyde @eduhyde
Styling – Bruno Uchôa @brunouchoa21
Design de capa – Felipe Rodrigues @pheanacleto
Texto – João Victor Marques @jovi.marques
Locação – Hotel Castelo Nacional Inn Campos do Jordão @hotelcastelonacionalinn

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