Fernanda Schein – Foto: Divulgação
Do interior do Rio Grande do Sul para Los Angeles, dá pra imaginar? O caminho foi longo, mas Fernanda Schein sempre acreditou que poderia transformar tudo em realidade. Trabalhando por trás das câmeras, a cineasta foi estudar nos Estados Unidos e conseguiu se estabelecer no concorrido mercado norte-americano. Atuando como editora na capital mundial do cinema, a brasileira de 29 anos acumulou experiência, aproveitando todas as oportunidades.
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Apaixonada pelo que faz, Fernanda se inspira em grandes nomes de Hollywood para crescer ainda mais na carreira. “Por gostar muito de pós-produção e efeitos especiais, eu adoro diretores que usam muito esses recursos, como Steven Spielberg e Christopher Nolan. Mas minha maior inspiração é a editora Thelma Schoonmaker, que está na indústria há décadas, trabalhando com Martin Scorsese e mostrando o potencial das mulheres no cinema e na pós-produção”, conta.
A cineasta trabalhou por seis meses em uma grande produção da Netflix, que vai ser lançada no ano que vem. Sem poder contar detalhes sobre a obra (não pode dar spoiler, né, gente!), Fernanda explica que o processo de edição foi totalmente inusitado por conta da pandemia e uma grande experiência para a carreira: “Fomos mandados trabalhar de casa, aí eu recebi uma estação de edição completa e um HD enorme de 60 TB com todo material. Toda semana, eu e as outras pessoas da equipe editorial tínhamos que trocar HDs uns com os outros, já que não tínhamos um sistema conectando todos os projetos, como acontece quando trabalhamos no estúdio. Mas a equipe era muito colaborativa, disciplinada e criamos processos remotos muito bons. Foi uma grande experiência que eu fiquei muito feliz em participar”.
Mas para chegar nesse ponto da carreira, foi preciso remar bastante. Em Porto Alegre, ainda aos 17 anos, Fernanda entrou na faculdade de Publicidade e Propaganda. Na universidade teve os primeiros contatos com edição, e a partir daí começou a se especializar. Após o primeiro curso de montagem cinematográfica, teve certeza de que era isso que queria para a vida, mergulhando cada vez mais no mundo da criação de produção de vídeo.
No Brasil, a editora atuou em produtoras importantes do mercado publicitário. Em produções comerciais, Fernanda trabalhou com Giovanna Antonelli e Alexandre Borges, além do ídolo do esporte nacional Gustavo Kuerten, o Guga. Em 2014, a gaúcha decidiu que precisava de novas experiências e partiu para a Califórnia.
Los Angeles
Em Los Angeles, a cineasta fez mestrado na New York Film Academy. A partir do contato estabelecido entre professores e colegas, conseguiu trabalhos como freelancer em produções locais e internacionais. Além disso, produziu filmes próprios e venceu o prêmio de melhor curta-metragem no California Women’s Film Festival, com “The Boy in The Mirror”. Vivendo há mais de 5 anos nos Estados Unidos, Fernanda celebra as conquistas e aconselha quem também sonha alto como ela:
“Desde adolescente eu sempre quis morar em L.A., por ser o lugar de maior referência no cinema. É maravilhosa a oportunidade de trabalhar fora e aproveito tudo o que posso. Sempre fui de expor meus sonhos para as pessoas, e acredito que isso me trouxe muitos convites e oportunidades. Eu fiquei nos Estados Unidos porque foi surgindo um projeto atrás do outro. Aprendi que ser bem vocal sobre as coisas que você quer, faz com que elas venham até você, pois as pessoas lembram do seu interesse.”
A cineasta acredita que o um filme é escrito três vezes. No roteiro, no set e na sala de edição. Depois das filmagens, o trabalho de montagem e seleção dos melhores takes faz toda a diferença na qualidade final do filme. A escolha das melhores sequências exige atenção, paciência e muito cuidado. São horas e horas de material na mão do editor, que pode potencializar os talentos do diretor e dos atores ou colocar tudo a perder.
Fernanda Schein durante edição de obra – Foto: Divulgação
Edição
“A edição é de longe minha parte preferida, só a montagem te mostra se o roteiro foi executado corretamente, e como extrair o melhor resultado possível daquele material. É um trabalho introspectivo, detalhista e sensível. Hoje em dia, com a filmagem digital, o editor chega a receber centenas de horas de material filmado. Cabe ao editor, garantir que toda fala que vai para o corte final tenha sido a melhor versão daquele diálogo, a melhor reação de cada ator. A edição pode criar ou destruir estrelas, na hora de escolher que performance usar”, avalia.
Ao mesmo tempo em que paralisou produções e diminuiu o fluxo de trabalho, por um período, a pandemia de Covid-19 indicou novos caminhos para a produção de conteúdo. Com o avanço da vacinação no mundo, as produtoras começam a retomar o ritmo, agora com um público acostumado a ficar em casa e sedento por entretenimento.
“As produtoras estão percebendo que devem ter o máximo de conteúdo pronto, pois na eventualidade de outra situação que prenda as pessoas em casa, o consumo streaming aumenta e o lucro é imenso. Além disso, o espectador está com muita vontade de ir ao cinema, então acredito que muitas coisas serão lançadas nos próximos dois anos para atender esta grande demanda. Espero que esse reflexo se perceba no Brasil. O cinema brasileiro é muito lindo e merece ser mais divulgado pelo mundo”, diz a cineasta.
Próximos projetos
Fernanda trabalha atualmente em dois projetos. Um curta metragem gravado no Rio e um documentário sobre xadrez. Para o próximo ano, a editora espera o lançamento de “People to People”, um documentário que mostra a reconstrução de uma escola em Israel pela comunidade judaica de San Diego, na Califórnia.
Especialista na montagem e edição dos filmes, a cineasta que expandir os horizontes. Para 2022, o objetivo é explorar novas funções e plataformas. “Já tive oportunidade de trabalhar em longa metragens e séries documentais, quero em breve editar alguma coisa de televisão. Edição é e sempre será minha parte preferida do cinema, mas atualmente estou me aventurando em roteiro e direção. Também estou iniciando a produção de um filme próprio que deve ser produzido em Los Angeles no próximo ano. Ele será estrelado pela atriz e dançarina Vernisa Allen, que teve um papel coadjuvante no meu curta-metragem premiado “The Boy in The Mirror” e para quem eu escrevi o papel principal do meu próximo filme”, conta.