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Michelle Batista: “Ser feminista não é uma receita pronta, é estar atenta e questionadora”

Foto: Fernanda Candido

Nascida em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, Michelle Batista até tentou seguir por outro caminho, mas sua paixão pela atuação falou mais alto. A atriz chegou a se formar em jornalismo pela UFRJ, mas nunca exerceu a profissão. Estudante de teatro desde seus 14 anos, ela cursou artes cênicas pela UniRio, e entendeu que a atuação era o seu destino.

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A atriz ficou conhecida pelo grande público graças ao seu papel na novela “Malhação”, em 2007, quando deu vida a Clarisse. Depois, participou dos seriados “Os Buchas”, exibido em 2009, pelo Multishow, “ClandestinosO Sonho Começou” em 2010, “Aline” em 2011, e “Louco por Elas” em 2012, e “Saramandaia”, em 2013, – todos exibidos pela Globo.

Habituada a participar de seriados, Michelle teve como marco em sua carreira a personagem Magali, uma das três protagonistas da produção brasileira “O Negócio”, da HBO. Já em sua terceira temporada, a série mostra o mundo dos negócios e do mercado de prostituição de luxo. Sua estreia foi em abril, às 21h, no canal pago. Além da grande aceitação nacional, a série tem dado um reconhecimento internacional para a atriz – graças ao seu sucesso em toda a América Latina e, mais recentemente, nos Estados Unidos.

Michelle também aparece nas telonas do cinema com o filme “Zoom”, de Pedro Morelli. O longa-metragem esteve em cartaz no Brasil após ser exibido no Canadá, durante a 40ª edição do Festival de Toronto. Com participação de Mariana Ximenes, Claudia Ohana e Allison Pill, Michelle contracena ao lado do ator Gael García Bernal, com a produção toda feita em inglês.

Recentemente, Michelle foi vista na novela “As Aventuras de Poliana”, do SBT, na pele de uma agenciadora de modelos. Sua última novela completa, no entanto, foi “O Rico e Lázaro” (2017), em reprise pela mesma emissora. Naquela ocasião, atuou ao lado de sua irmã gêmea, a também atriz Giselle Batista. Recentemente, a atriz deu vida a uma das personagens de destaque da trama “Amor Sem Igual”, na RecordTV, onde temáticas como violência doméstica e bipolaridade foram levadas ao público por meio da história de Maria Antônia.

Além dos trabalhos sequenciais na TV, a atriz também mantém seu canal no YouTube, o GiMi, ao lado da irmã gêmea. Na plataforma, elas falam sobre botânica, gastronomia, viagens, artesanato e muito mais. Leia a seguir entrevista dada por Michelle ao RG.

RG – Como foi o convite para participar da novela Gênesis, da RecordTV?

Michelle Batista – Eu fiquei muito feliz com o convite do Du Pradella e do Edgard Miranda para interpretar a Lia, e mais contente ainda em saber que faria par com o Miguel Coelho, que era meu irmão na novela anterior. A gente já havia construído uma parceria em “Amor Sem Igual”, e certamente isso ajudou bastante.

Qual sua expectativa com a nova personagem, Lia?

Eu estou muito animada com a novela e com esse desafio. É gratificante em meio a uma pandemia estar entregando um conteúdo inédito para o público. Feliz em dar a vida a esta protagonista. Estarei em muitas cenas e acredito que  conseguirei mostrar muitas nuances da vida desta personagem tão encantadora e corajosa. Espero que o público se emocione tanto quanto eu. Estamos contando histórias poderosas, de amor, perseverança e fé. Em tempos como esses, isso pode ser algo muito positivo e inspirador.

Foto: Fernanda Candido

Conte sobre a personagem?

A Lia é uma mulher bondosa, generosa e com muita fé na vida. Apesar de ser desacreditada por todos, ela não perde a esperança de viver um grande amor e ser feliz. É uma personagem inspiradora, pois ela é uma mulher de fibra, mas que também passa por momentos delicados em suas relações. Lia sabe do seu valor, mas também está buscando se encontrar no mundo, se fortalecer. Ela tem uma fé e resiliência que são verdadeiros atributos de inspiração nos dias de hoje.

Como se preparou para o papel?

A gente fez uma preparação intensa com a coach Fernanda Guimarães e tivemos aulas sobre os costumes da época. Grande parte da minha preparação foi com o Miguel Coelho e a Thaís Melchior, que interpretam personagens centrais na nossa história.

Como é para você fazer uma personagem bíblica?

O grande desafio de personagens bíblicos é você representar alguém que já existe no imaginário das pessoas. Falo que é uma novela que já vem com spoilers (risos). Porque apresenta uma trama que emociona e cativa o mundo, com textos e mensagens potentes.  É uma grande responsabilidade. E trabalhar em superprodução para qualquer atriz é muito enriquecedor. É minha primeira vez nisso!

Lia se envolve em um triângulo amoroso, como é isso na vida da personagem, sobretudo pelo fato de a outra pessoa ser sua irmã na trama?

A Lia se apaixona verdadeiramente pelo Jacó, ao contrário da irmã Raquel. Ela acaba se casando com Jacó pelas artimanhas de Labão, pai delas. O que faz com que Jacó se case duas vezes. Casar com mais de uma esposa era um costume da época para algumas pessoas, acho que os problemas entre Lia e Raquel vão além disso. A Lia sempre foi preterida na família e muito diferente da irmã ambiciosa, os conflitos entre elas têm mais a ver com as escolhas de cada uma.

Você tem emendado um trabalho no outro, mesmo em tempos de pandemia, como é isso para a sua carreira?

Felizmente eu me mantive trabalhando muito em tempos tão difíceis. Eu sei que a realidade de grande parte dos trabalhadores da cultura não é essa, torço muito pra que todos possam ter os seus trabalhos de volta muito em breve. E que os governos possam dar à cultura o valor que ela realmente merece.

O que tem feito no seu tempo livre?

Gosto de cozinhar, ver séries, estudar música, mas o que eu queria mesmo era reunir muitos amigos e matar a saudade, mas ainda não dá. Espero que muito em breve.

Como cuida da beleza?

O que eu mais cuido é a pele. Nunca durmo maquiada, faço questão de limpar e hidratar a pele todos os dias e uso muito filtro solar. Tenho meu ritual quando acordo e quando vou dormir, que já é automático, não vivo sem. Mas sempre penso que para me sentir bela o mais importante é cuidar da cabeça e do coração. Porque se internamente a gente não está feliz e bem resolvida não tem aparência nenhuma que salve.

E do corpo, você malha? Faz alguma atividade física?

Sim! Eu acho muito importante na minha rotina fazer exercício físico, me dá bom humor, felicidade. Eu malho regularmente e comecei a fazer ioga online na pandemia e acho que faz muito bem, ainda mais nesse momento tão desafiador.

Você é feminista? Se sim, como se coloca frente a essa causa? 

Sou feminista, sim, acho que sou uma mulher do meu tempo, consciente do poder que nós mulheres temos e busco sempre pensar nessas questões no meu dia a dia. Ser feminista não é uma receita pronta, é estar atenta e questionadora das nossas escolhas e do nosso lugar no mundo. É não rivalizar com outras mulheres, é acolher as manas, é se posicionar no mercado de trabalho. Mas é importante pensarmos que nem todas as manas têm as mesmas oportunidades. Dentro das lutas, é preciso olhar para os recortes. Então quando falamos de feminismo e seus avanços ou carências, temos que pensar: feminismo para quem? Isso já lança reflexão. E, claro, não podemos nos conformar com o que já conquistamos. É avançar cada vez mais! Porque o lugar da mulher é onde ela deseja e quer estar.

Foto: Fernanda Candido

Está namorando? 

Sim! Pedro Benoliel, chef de cozinha e comunicador.

Como você lida com as redes sociais, se incomoda com críticas? Dá bola para isso?

Eu adoro redes sociais e uso bastante. Mas sei que aquilo ali é um recorte da vida, e ninguém é só o que mostra nela. Sempre tive uma boa recepção nas redes, mas acho que a gente tem que saber filtrar o que lê por lá. Por outro lado, a internet pode servir como instrumento de conhecimento, gerar evolução na sociedade, mas, claro, com o cuidado necessário para não sermos reféns.

Gosta de seguir pessoas e se envolve em causas nas redes, como a causa preta, por exemplo?

Gosto de seguir pessoas que me influenciam positivamente e que tenham alguma relação com as coisas que me interessam. Como figura pública eu tenho, sim, uma responsabilidade social, a gente influencia pessoas e temos que saber isso. Mas cada um escolhe as suas batalhas, porém considero importante nos posicionarmos por batalhas coletivas, porque há guerras que afetam a todos. Compreender isso é um exercício de cidadania. Entendo, também, sobre aquilo que faz sentido para alguém defender, até mesmo a medida em que o faz.

Créditos

Foto: Fernanda Candido.
Make:Guto Moraes.
Stylist: Ale Duprat.

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