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LGBTQIAP+: Sara e Nina lançam música protesto “A História de Mafalda”

Sara e Nina – Foto: Luca Ayres

Segundo single do álbum “Céu de Framboesa” de Sara e Nina, “A História de Mafalda”, conta a história onde uma travesti é assassinada brutalmente por seu amante, um homem que a matou por preconceito cedendo à pressão social e ao conservadorismo que o cercavam. O clipe a ser lançado no mesmo dia, 28 de junho, conta com Dandara Vital, artista e ativista dos direitos LGBTQIAP+, que empresta sua imagem para representar Mafalda.

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“Dandara é uma amiga e Nina já a dirigiu em uma peça de teatro. Para nós, é muito importante inclusão e representatividade. Desde a primeira vontade de fazer um clipe para essa música, já sabíamos que queríamos uma atriz travesti para representar Mafalda. Não queríamos que as pessoas pensassem que nós estávamos representando Mafalda. Queremos que o protagonismo seja dado à pessoa certa, uma mulher travesti e preta. É importante que as pessoas entendam que uma mulher travesti tem sua própria narrativa de vida e não queremos tirar a importância e visibilidade dela. Nós, enquanto drag queens, estamos no papel artístico de expor esse assunto tão sério, mas o protagonismo não é nosso”, conta Sara.

A música foi apresentada a Sara e Nina, em sua forma embrionária, em 2018 pelo músico e amigo da dupla Pedro Barbosa, que tinha o refrão composto. Movidas por um sentimento de revolta, pelo assassinato da travesti Dandara dos Santos, morta apedrejada em 2017, Sara e Nina escreveram o restante da letra a fim de ressaltar a realidade da violência vivida por travestis e trans, evidenciando o preconceito e estigma social contra estas mulheres que, na maioria das vezes, são condenadas à marginalidade e têm seus direitos como cidadã negados.

“Essa é uma realidade muito cruel. Nós desde sempre nos aliamos as mulheres travestis e trans denunciando essa brutalidade. ‘A História de Mafalda’ vem para expor uma das facetas da transfobia. O quanto que elas são privadas de amor. Então essa música não vem de uma inspiração e sim de uma necessidade social”, completa Nina.

Durante o processo de composição da canção, as cantoras queriam uma melodia que instigasse o público a querer ouvir mais. Mas com uma letra que revelasse uma catástrofe, causando uma fricção proposital que estimulasse as pessoas a refletirem sobre a mensagem que a letra carrega.

Foto: Divulgação

“Esperamos que a música conquiste pela melodia e força, e que a letra ponha todo mundo para pensar, para avaliar a lgbtfobia que está tão presente na vida cotidiana. Mas para além disso, queremos que a música seja sentida, seja ouvida, e que cada pessoa possa se encontrar na letra e na melodia à sua própria maneira. É uma letra que fala de um amor com fim trágico. Quantos já vivemos essa história?”, ressaltam as cantoras.

A música e clipe serão lançados no Dia do Orgulho LGBTQIAP+, 28 de junho, em todas as plataformas de streaming de áudio e pelo canal de Sara e Nina no YouTube. A data foi escolhida pelas cantoras para que as pessoas lembrem da Rebelião de Stonewall, de 1969, onde a comunidade, liderada por duas travestis iniciando o levante, se manifestou contra os preconceitos da época que os impediam de viver livremente a sua sexualidade. E, infelizmente, hoje em dia, o preconceito ainda é latente na sociedade, principalmente no Brasil, que é o país que mais mata mulheres travestis e transexuais no mundo.

“É preciso lembrar de Xica Manicongo, de Gisberta, de Dandara dos Santos, de Luana Muniz. Por causa delas que hoje nós conquistamos tantos direitos, e são justamente elas que continuam sendo as mais ameaçadas, assassinadas e violentadas. São delas que a sociedade ainda tira o direito à vida, à inclusão e ao amor. As mulheres travestis, prostitutas e pretas são o alvo principal dessa realidade violenta e trágica. Para nós, é muito importante lembrar que essa data não é festiva, e sim uma data de conscientização, de reflexão, de escolhas e de tomar fôlego pra continuar a luta”, finaliza a dupla.

“A História de Mafalda” estará disponível em todas as plataformas digitais e o clipe no Youtube. Você pode fazer o pré-save pelo https://linktr.ee/sara_e_nina.

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