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“Hoje Não É Um Bom Dia” debate sororidade e a precariedade do capitalismo pandêmico

Cena de “Hoje Não É Um Bom Dia”- Foto: Divulgação

O cenário é o isolamento social, uma chamada de vídeo é aberta por duas mulheres que iniciam uma conversa de tom erótico, porém o clima do encontro muda quando uma delas assume ter um vídeo íntimo da outra. O desenrolar deste encontro é o que o espectador vai encontrar na tragicomédia “Hoje Não É Um Bom Dia”, um retrato provocador e bem humorado sobre as interações humanas em tempos de pandemia.

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Transmitido pela plataforma Zoom, o filme ao vivo mostra o efeito que a precariedade do capitalismo pandêmico pode exercer nas relações entre as pessoas. O espetáculo tem direção de Priscila Lima e expõe por meio de uma sequência desesperada de chamadas de vídeo, as inseguranças e a falta de empatia entre um grupo de mulheres.

“Estamos vivendo um momento de sobrevivência, é cada um por si, o problema é que não estamos lutando para sobreviver enquanto sociedade, humanidade, mas individualmente. Em “Hoje Não É Um Bom Dia”, mostramos que isso acarreta relações abusivas de todos os lados, até entre as mulheres, mesmo em um momento em que falamos de sororidade, que precisamos estar juntas”, comenta a diretora.

A diretora Priscila Lima – Foto: Divulgação

O espetáculo foi desenvolvido ao longo de seis meses na plataforma Zoom, utilizando o método Meisner de treinamento de atores criando uma linguagem que transita entre o cinema e o teatro, considerando os limites desse formato tecnológico. “A tecnologia é instável e essa insegurança foi algo que a gente precisou trabalhar e também tem a dificuldade de conexão entre os atores, porque a arte cênica parte do princípio do encontro, é toque, olhar, cheiro, suor e aqui nós estamos tentando nos conectar através de telas”, explica a Priscila.

No período de criação, o elenco composto inteiro por mulheres se encontrou regularmente com a diretora  e o dramaturgo João Maia, improvisando situações de chamadas de vídeo, criando uma narrativa dinâmica e fluida entre as telas de cada personagem.

Depois do sucesso em 2020, o espetáculo retorna com temporada de um mês aberta ao público em junho, com elenco e história renovados e trazendo à tona a realidade nesses dois anos de pandemia.

“Estrear um trabalho em uma plataforma e linguagem nova é sempre uma surpresa, tem uma expectativa, em 2020 a gente realmente não sabia o que esperar e tivemos um retorno muito legal do público, por isso resolvemos continuar nosso processo e fazer essa segunda temporada”, conta Priscila.

Temporada: 12 a 27 de junho, às 20h, na plataforma Zoom, todo sábado e domingo.
Ingressos: entradas a partir de R$ 15, e ingressos solidários gratuitos com limite de 10 pessoas por sessão.
Elenco: Priscila Lima, Andressa Robles, Tainá Medina, Charlotte Cochrane, Amanda Gouveia e Fernanda Vizeu.

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