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Por Allan Tolentino
Bebe Rexha está desfazendo as fronteiras entre rockstar e popstar. A cantora americana lançou, no início de maio, seu segundo álbum de estúdio, intitulado Better Mistakes, que durante treze músicas prova o porquê ela é uma das artistas mais reais na indústria da música, em especial a cena do pop mundial. “Nunca fui a popstar perfeita, supermagra e que fala a coisa certa a todo momento. Essa não sou eu”, conta ao RG por videochamada.
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O álbum tem singles que são hits no mundo todo, como o recente Sacrifice (que ela apresentou na última festa do Big Brother Brasil 21, na TV Globo) e Baby, I’m Jealous, com a cantora e fenômeno (inclusive fashion!) Doja Cat. Na letra, Bebe fala sobre querer “ter um quadril menor, mas ela ama o sabor da comida”, lembrando inclusive do episódio em que ela expôs nas redes sociais que nenhuma maison ou grande designer queria vesti-la para o Grammy de 2019 – quando foi indicada com o sucesso Meant To Be -, por causa de seu tamanho.
Com mais de 10 milhões de seguidores só no Instagram e outros 2 milhões no Twitter, Bebe chamou a atenção, recentemente, ao revelar que já teve relacionamentos amorosos com uma mulher bem famosa. Porém, não revelou quem é a artista misteriosa! E não é de agora que ela vem dando a cara a tapa com a honestidade na vida e nos trabalhos. Nascida em Nova York com pais albaneses, Bleta Rexha já tem mais de uma década de carreira. Compositora de mãos cheias, é dela o The Monster, parceria de Eminem com Rihanna.
E, nos últimos anos, vem consolidando seu sucesso com duas passagens pelo Brasil inclusas: abrindo para Katy Perry, em São Paulo, naquele mesmo 2018 do lançamento de Expectations, seu álbum de estreia. A outra para ser headliner do Rock in Rio 2019, em que conquistou o público, cantando a versão abrasileirada de seu hit I Got You, que em bom português, ficou: “só dá tu”.
Abaixo, confira a íntegra dessa entrevista.
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RG – Houve uma mudança de mentalidade entre seu primeiro disco, “Expectations”, e este novo trabalho, “Better Mistakes”?
Bebe Rexha – Acho que o primeiro era mais sobre me sentir mal por mim mesma, estava magoada e pensando: ‘por que as pessoas fazem isso?’. Agora, estou mais para “é a vida e esta é quem sou”. É pegar ou largar. Não vou sentir culpa, vou falar as coisas na lata, não importa se é sobre minhas inseguranças, medos, meu corpo, minha saúde mental… esta é quem sou. Não vou mais me sentir mal por ser assim. Eu me aceito.
RG – O álbum “Better Mistakes” soa muito pop e é lindo por esta razão. Algum outro artista ou álbum te inspiraram neste caminho?
Bebe Rexha – Eu amo pop. Mesmo. Não tenho nenhuma vergonha de gostar de música pop. A gente começou em um caminho mais rock. A primeira faixa feita foi Break My Heart Myself, aí veio Empty e My Dear Love. Então tinha bastante guitarra, um caminho entre o rock e o hip-hop. E, no meio do caminho, foram adicionadas outras canções, como Sacrifice. Ela, na verdade, foi a última. No último segundo! Amo, porque é mais fácil e dá pra dançar, mas tenho outras que amo mais… Tentamos um caminho mais pop-rock, mas aí fomos adicionando sons naturalmente durante o processo. Gosto muito da banda No Doubt, então foi uma grande inspiração. Também amo Twenty One Pilots, The Killers… esse universo.
RG – Na faixa com o mesmo nome do disco, você comenta sobre pintar o cabelo como sendo um desses “melhores erros”. Você está loira já tem um tempo. Algo mudou no jeito que você se enxerga, com essa transformação?
Bebe Rexha – Quis pintar meu cabelo porque sempre ficava assustada de tentar ser diferente, querendo ficar na zona de conforto. Nunca me deixaram pintar o meu cabelo e eu não tinha coragem. Mas aí, disse: “que se f*da” e fiz. Vi que ficou maravilhoso. Finalmente, fiz alguma coisa que eu queria! Me sinto eu mesma com o cabelo loiro. Combina comigo, valoriza meu rosto, me sinto sexy e bonita… me sinto a dona da p… toda.
RG – Ao invés de popstar, você se define como rockstar. Esse gênero musical está na mão das mulheres atualmente – vide lançamentos de Miley Cyrus, St. Vincent… como é a rockstar de 2021?
Bebe Rexha – Para mim, ser uma rockstar não é sobre a música rock, apesar de esse ser o tipo de música que amo ouvir. É sobre minha jornada não ter sido na base do 1+1=2. Nunca fui a popstar perfeita, supermagra e que fala a coisa certa a todo instante. Essa não sou eu. Se é o que querem de mim, não vão conseguir. Só consigo dizer o que sinto e faço o que quero. Vou escrever minhas próprias músicas. Não sou o que uma popstar “deveria ser”. Também é sobre ter atitude, não ter remorsos… ser um rockstar é viver do seu jeito, trilhar seu caminho.
RG – Às vezes, mesmo amadurecendo e se tornando mais segura de si, há dias ruins. Como você lida com eles?
Bebe Rexha – Há 100% desses dias. [Lido com] minha cachorrinha. Quando não estou me sentindo bem, especialmente quando tive um dia turbulento, gosto de abraçá-la e dar um banho nela, dar comida… Porque ela é a melhor coisa que já me aconteceu, é minha melhor amiga. E também tento fazer exercício, porque me ajuda muito. Mas é complicado quando a gente está ocupado. Mesmo que seja só um alongamento ou jogar basquete, caminhar, andar de bike… Fazer exercício é o número um para mim.
RG – Durante a quarentena, quem pôde ficar em casa, usou bastante pijama. Com você foi assim? Sentiu falta de se montar e desse glamour?
Bebe Rexha – Não, não… Não mesmo! (risos) Usei meu macacão de pijama. Só ele, todos os dias. E quando eu postava stories no Instagram, ficava “estou surpresa que ninguém até agora percebeu que é o mesmo macacão?! Ok!” Gosto de me sentir bonita, usar maquiagem e tudo mais, mas não senti falta dessas porcarias, não.
RG – Para fechar nosso papo, qual memória mais especial das vindas ao Brasil?
Bebe Rexha – Uau, é difícil. Porque tenho muitas memórias especiais aí! Acho que são duas. A primeira é com certeza com a Katy Perry, quando estive em turnê com ela. Poder dar uma volta juntas… ela é tão gentil, profissional e engraçada. A segunda é o Rock in Rio, porque foi demais. A energia… foi MALUCA! Sensacional. Sinto falta dos meus fãs brasileiros, de verdade. É meio difícil ir aí, porque fica caro levar a banda por ser uma viagem longa de dois voos. Mas, realmente, quero levar minha turnê ao Brasil assim que o mundo reabrir. E nem precisa ser um show gigante. Quero fazer em estilo mais rock, tipo em um porão, mas 1.500 ou 2 mil pessoas no máximo. Super sem frescuras. A gente tem que conseguir!