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Depois de “As Five”, Giovanna Grigio grava série da Netflix no México

Foto: Andrea Dematte

Giovanna Grigio se mudou para o México de mala e cuia. Foi a trabalho depois de passar em um teste em espanhol da Netflix para a série “Rebelde”, que está sendo gravada na capital daquele país. Aos 23 anos, ela encara seu primeiro trabalho internacional e em outro idioma. Não teve medo, mas pediu ajuda de um amigo para os testes para não errar muito no espanhol, que, como diz, falava portunhol. “O convite veio para um teste de uma série internacional, e era só isso o que eu sabia. Eu não falava nada de espanhol e mesmo assim gravei meu ‘self tape’,  com a ajuda de um amigo – para pronunciar as palavras corretamente -, na coragem, às vezes, sem entender direito o que eu estava dizendo, mas foquei e confiei na verdade da minha atuação, que é o que eu mais amo, mesmo estando totalmente fora da minha zona de conforto”, conta.

Foto: Andrea Dematte

Conhecida por seus papéis em “Chiquititas”, do SBT, seguidos de “Êta Mundo Bom” e “Malhação – Viva a Diferença”, da TV Globo, e da série “As Five”, Globoplay, Giovanna é uma atriz jovem e versátil, ela também canta, é apresentadora,  modelo e talentosa. Tem até uma linha de cosméticos para o cabelo com sua assinatura.

Agora, sem dúvida, ela se depara com um grande desafio, que é filmar no México e em espanhol. Mas ela se dedicou, após a resposta positiva da Netflix, Giovanna se jogou nas aulas do idioma e viajou tranquila quanto a isso.

Única brasileira do elenco, ela diz que já se sente em casa e que a receptividade dos mexicanos foi excelente. Em terras mexicanas pretende ficar até o fim das filmagens, depois quer voltar ao Brasil, País em que pretende continuar desenvolvendo sua carreira. Por aqui, além das novelas e da série “As Five”, ela fez cinema e teatro.

Ligada em feminismo e quebra de padrões, a jovem não tem medo do que pode vir, e se arrisca nas oportunidades. E que venham muitas.

Foto: Andrea Dematte

Leia a seguir entrevista que a atriz deu para RG.

Você estudou, se sim, o quê?

Eu estudo teatro desde criança, sempre fiz cursos de interpretação com vários profissionais e para mídias diferentes, mas quando decidi tentar estudar em uma universidade eu optei pelo curso de animação. Eu sempre curti muito desenhar, então achei que foi uma boa misturar meu hobby com minha paixão pelo cinema. Não consegui terminar o curso, mas foi uma experiência maravilhosa! 

Mora sozinha no Brasil ou com a família? Em que cidade? 

Faz alguns anos que eu tenho morado sozinha, já morei sozinha no Rio e em São Paulo, mas no ano passado por conta da pandemia voltei a morar com minha mãe na cidade onde eu nasci, Mauá. Atualmente moro sozinha no México.

Foto: Andrea Dematte

Como nasce a Giovanna atriz?

Eu acho que a Giovanna atriz sempre existiu, desde criança brincava de teatrinho, cineminha… Como trabalhava em comerciais desde pequena e sempre estudei teatro eu meio que não lembro em que momento isso nasceu, acho que eu sempre quis ser atriz. O palco, o set… sempre foram minha casa, onde que eu mais amo estar.

Que trabalhos já fez no teatro, na TV e no cinema? Conte sobre eles.

Como atriz profissional eu comecei na novela “Chiquititas”, com 15 anos, e depois fui emendando em outras novelas como “Êta Mundo Bom”, que era novela de época das 18h, e “Malhação – Viva a Diferença”, depois pude reviver minha personagem da “Malhação” na série “As Five”, e entre um trabalho e outro na TV pude ganhar experiência no cinema com “Eu Fico Loko”, “Cinderela Pop”, “O Troco” e no teatro com “Meninos e Meninas” e “O Aprendiz de Feiticeiro”. Atualmente estou gravando a série “Rebelde”, da Netflix.

Como apareceu a oportunidade para fazer parte de “Rebelde”, no México?

O convite veio para um teste de uma série internacional, e era só isso que eu sabia. Eu não falava nada de espanhol e mesmo assim gravei meu “self tape”,  com a ajuda de um amigo (para pronunciar as palavras corretamente) na coragem, às vezes, sem entender direito o que eu estava dizendo, mas foquei e confiei na verdade da minha atuação, que é o que eu mais amo, mesmo estando totalmente fora da minha zona de conforto. Quando recebi a resposta do teste, foi uma grande surpresa. Fiquei muito feliz de ter tentado, mesmo com toda a insegurança de estar sendo testada em um outro idioma. O medo, às vezes, pode ser nosso maior incentivo!

Foto: Andrea Dematte

Você é a única brasileira no elenco?

Sim, do elenco sim!

É seu primeiro trabalho internacional?

Sim. Eu já trabalhei em novelas e filmes que passaram em outros países, mas é a primeira vez que eu estou atuando em outro idioma. É um grande desafio, mas é muito gratificante poder estar em um projeto onde além de tudo eu posso aprender sobre outras culturas e conhecer pessoas que eu não conheceria estando no Brasil.

Foto: Andrea Dematte

Como sua família viu essa mudança para o México?

Eu tenho muita sorte, minha família me apoia muito. Meus pais me criaram para o mundo, então, apesar da saudade, vejo que eles também estão vibrando com essa conquista. Está todo mundo bem feliz!

Qual sua expectativa com esse trabalho?

Para ser bem honesta, eu não tenho criado muitas expectativas, eu só sei que tudo que estamos fazendo está muito lindo e eu me orgulho muito de estar nesse projeto. Tento desfrutar ao máximo toda a experiência, eu estou realmente muito feliz.

Quanto tempo deve ficar no México?

Enquanto durarem as gravações de Rebelde.

Foto: Andrea Dematte

Em que cidade está?

Estou na Cidade do México, capital do país. É bem parecida com São Paulo, na verdade, eu me sinto bem em casa aqui!

Como está sendo atuar em outro país durante a pandemia?

Está sendo uma experiência diferente, com todos os protocolos. Apesar da falta que eu sinto de coisas que podíamos fazer em outros tempos, eu fico feliz de saber que estou trabalhando em uma produção que presa pela nossa segurança. 

Você já falava espanhol, onde aprendeu?

Eu não falava nada, arranhava um portunhol bem ruim, na real. Quando fui chamada para o teste, pedi ajuda paro meu amigo João Fenerich, que fala espanhol, para me ajudar com a pronúncia e com as réplicas. Mas admito que eu não estava entendendo o texto direito, então assim que recebi a resposta do teste comecei aulas intensivas de espanhol, que foi o que me salvou. Hoje posso falar que eu já falo bem, me confundo às vezes, óbvio, mas meus amigos sempre me ajudam me corrigindo e tirando minhas dúvidas.

Foto: Andrea Dematte

Pretende voltar ao Brasil depois desse trabalho?

Sim, claro, o Brasil ainda é a minha casa, é onde estão minha família e meus amigos, todos que eu amo. Eu amo o Brasil, mas viver aqui no México me despertou a vontade de conhecer outros lugares e viver essas experiências além do que eu já conheço.

Como é seu papel como feminista? De que forma atua em prol da causa?

O meu contato com o feminismo mudou completamente minha visão de mundo, não só em relação a essa causa, mas também na luta antirracista e nas questões LGBTQIA+. Acho que a melhor forma que eu encontrei por enquanto para ajudar as lutas nas quais eu acredito é divulgar informação, falar sobre o assunto, expor nossos problemas e revoltas. Acredito que a educação e a informação são a base para que as mudanças aconteçam. Estou estudando sempre e querendo aprender e espero despertar essa vontade nas pessoas que eu acompanho.

Fale sobre seu posicionamento frente a quebra de padrões.

Acho o padrão chato. A própria palavra diz isso. Além de completamente irreal. Acho a busca por um padrão de beleza que nos foi emposto chata, dolorosa e muitas vezes excludente e violenta. Eu gosto da diferença, gosto das particularidades de cada um, o que nos difere é nossa maior riqueza. Fico feliz com o crescimento de movimentos de body positive, por exemplo, mesmo para mim, que sou mais próxima de um padrão aceito socialmente. Me sinto livre quando outras mulheres se libertam.


Você se interessa por política? Como se posiciona a respeito disso?

De uns anos pra cá tenho me interessado mais e lido bastante sobre. Não sei tudo, mas gosto de aprender e adquirir minhas próprias impressões. Tudo é política. Não tenho medo de me posicionar em assuntos que dizem respeito à nossa sociedade, ao bem coletivo. Se o meu posicionamento pode informar e fortalecer uma causa que eu acredito, é um posicionamento que vale a pena.

Como vê o atual governo brasileiro no que diz respeito a arte e cultura?

Me entristece não ver a arte e cultura sendo valorizadas como deveriam. É um segmento essencial para educação, economia , entretenimento, identidade, questionamento, protesto, saúde. Enfim, engloba quase tudo. A arte não só alegra as nossas vidas, ela também gera muitos empregos e nos ensina a questionar nossa realidade, ter olhar mais crítico, além de sublinhar a liberdade de expressão.  É pena observar essa falta de apoio e de valorização por parte do governo.

Quais as principais dificuldades que sofreu no país logo que chegou?

Acho que o mais difícil realmente foi a questão do idioma, porque uma coisa é você falar espanhol na aula, outra é conviver com as pessoas, escutar gírias e expressões que não conhecemos. É quase como voltar à estaca zero, hahahaha, mas, particularmente falando, a parte difícil também é a melhor parte. Fazer conexões com pessoas que não falam nosso idioma é uma experiência realmente muito mágica.

Foto: Andrea Dematte

Já conhecia o México?

Não, conheci quando vim trabalhar! 

Como foi a receptividade?

Muito boa! Os mexicanos são superreceptivos e queridos, eu brinco que o México é o Brasil em espanhol, hahaha, o que está sendo ótimo, já que eu vim para cá sozinha e não tenho família por aqui. Sinto que já criei minha família mexicana de pessoas que eu amo e vou levar pra vida toda.

Como você cuida da beleza, cabelo, pele?

Com muito amor, vejo meu corpo como a minha casa e gosto de cuidar bem de onde vivo. Eu tive o privilégio de cocriar uma linha completa com a Seda, que é Seda by Gigi, então eu cuido do meu cabelo com a minha própria linha, que eu mesma ajudei a criar, e que é perfeita para o meu cabelo ondulado. Também sou viciada em skincare, principalmente porque tenho alguns problemas com acne. Acho que com relação à pele, algo que eu uso religiosamente é protetor solar, não descuido com isso.

Curte moda? Se sim, que marcas admira e usa?

Eu amo moda, na verdade. Gosto bastante de acompanhar o que está rolando na alta-costura, por exemplo. Atualmente eu estou muito na vibe de descobrir lojas e designers pequenos, curto brechós também, estou descobrindo esse lugar da moda sustentável e estou curtindo muito.

Créditos:

Fotos: Andrea Dematte.

Beauty: Kaká Oliveira.

Stylist: Gabi Lisboa.

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