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Mulheres faturam apenas 9% dos direitos autorais na música brasileira

Elza Soares – Foto: Divulgação

“Deus é mulher/ Deus há de ser/ Deus há de entender/ Deus há de querer”, nos versos de “Deus há de ser”,  música interpretada por uma das maiores artistas vivas no Brasil, a grande Elza Soares canta que Deus há de ser mulher. Na música, na arte e na vida, as mulheres vêm reivindicando cada vez mais espaço na sociedade, vozes que não querem mais se calar. Um movimento forte, mas que ainda precisa crescer, o que se torna mais visível quando observamos as estatísticas.

Marina Lima – Foto: Divulgação

No Dia Internacional da Mulher, a União Brasileira de Compositores (UBC) lança a 4ª edição do relatório “Por Elas Que Fazem a Música”, um levantamento da participação da mulher na música, tendo como referência a base de dados da UBC, entidade responsável por 56% da distribuição de direitos autorais no país. A pesquisa já está disponível no site da UBC – https://ubc.vc/porelas2021.

“Mulheres são destaque no setor musical. Um setor que já foi muito masculino. É muito importante que a UBC nos traga a real participação delas na música. Grandes estrelas femininas impressionam por seus feitos em número de público e alcance das suas obras. Fico extremamente feliz e motivada com os acontecimentos”, afirma Paula Lima, diretora da UBC.

Paula Lima – Foto: Lucas Fonseca

“O objetivo maior, tanto do relatório quanto dos debates que promovemos, é levantar uma discussão sobre a disparidade tão grande entre homens e mulheres. Queremos incentivar as mulheres a realizarem mais trocas, olhando para o passado e refletindo sobre o futuro. O quadro avança devagar, como esperado, mas já podemos notar melhoras nos números em relação às últimas edições da pesquisa”, comenta Vanessa Schütt, responsável pela Comunicação da associação.
Desde a elaboração da primeira edição do relatório, em 2018, o crescimento do número de mulheres associadas à organização foi de 68%. Elas compõem apenas 15% do quadro de mais de 40 mil associados da UBC, no entanto, representaram 17% de todos os titulares que se filiaram em 2020. O estudo aponta que as associadas têm, em sua maioria, entre 18 a 40 anos, sendo 64% do Sudeste, 14% do Nordeste, 9% do Sul, 8% do Centro Oeste e 2% do Norte.

Kell Smith – Foto: Gustavo Arrais

Comparando com 2019, houve um aumento de 12% no cadastro de obras feitas por autoras e versionistas. Já em relação aos fonogramas, o cadastro com participação de intérpretes femininas aumentou 9%, de músicas executantes cresceu 8% e de produtoras fonográficas, 21%.
Em relação ao rendimento dos titulares, o valor recebido por mulheres no Brasil em 2020 continua representando 9% do total, ou seja, a cada R$ 100 distribuídos, o valor destinado a elas é de apenas R$ 9. Já sobre o valor arrecadado no exterior, dentre os 100 titulares com maior rendimento, 12 são mulheres.

De todas as pessoas que acessaram as principais páginas e notícias do site da UBC, 42% foram mulheres, o que revela a busca por informação e aprendizado do público feminino.

Veja o relatório completo – https://ubc.vc/porelas2021.

De 8 a 11 de março, a UBC promoverá lives em seu Instagram, trazendo nomes e assuntos relevantes para o debate sobre a atuação das mulheres no mercado musical. A jornalista Fabiane Pereira, apresentadora do “Papo de Música”, programa de entrevistas com cantores brasileiros no YouTube, receberá as artistas Marina Lima, Juliana Linhares, Julia Mestre, Kell Smith e Paula Lima.

Durante o mês, a UBC também exibirá depoimentos inéditos de cantoras em suas redes sociais. Serão mais de 30 vídeos, de nomes como Sandra de Sá, Emanuelle Araújo e Isabel Fillardis.

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