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Galeria Jaqueline Martins recebe o 1º Prêmio Vozes Agudas

Vulcanica Pokaropa – Foto: Divulgação

Em 6 de março, a Galeria Jaqueline Martins inaugura exposição que celebra o 1º Prêmio Vozes Agudas para Mulheres Artistas. O Prêmio foi criado pelo coletivo feminista Vozes Agudas, uma das linhas de atuação do Ateliê 397, reconhecido como um dos mais relevantes espaços independentes do Brasil por seu trabalho com pesquisa, produção e exibição de arte contemporânea. O gesto de troca entre as duas instituições reforça a vocação da Galeria Jaqueline Martins em projetos colaborativos em um ano em que completa uma década de história.

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“Temos o desejo genuíno de ser uma galeria que apoia o desenvolvimento de artistas, compartilhando com nosso público e colaboradores um programa marcado pelo rigor conceitual, inclusivo e plural,” diz Jaqueline Martins.

Para a primeira edição do prêmio, criado por meio de chamada pública, foram recebidos mais de 800 portfólios de artistas mulheres de vários estados do País, assim como de brasileiras morando no exterior, para uma avaliação de um júri composto por mulheres profissionais femininas do setor. 

Após uma análise criteriosa, foram selecionadas três artistas e duas menções honrosas. As artistas premiadas ganharão R$ 1.000 em dinheiro e participação em uma exposição coletiva na galeria organizada pelo coletivo, além de serem entrevistas para o podcast do Vozes Agudas, sendo que nos últimos dois itens, as Menções Honrosas também serão contempladas.

Laryssa Machada – Foto: Divulgação

São elas: a fotógrafa gaúcha afro-futurista Laryssa Machada, residente em Salvador, que faz uso das estratégias visuais de editoriais de moda e propaganda para examinar arquétipos regionais com base em sua identidade mestiça. Massuelen Cristina, mineira de Sabará, que transita por mídias tecnológicas para construir narrativas subjetivas de percepção, em que aspectos raciais e de gênero dialogam com as contradições da vida. E Monica Coster, artista paulista que mora no Rio de Janeiro, selecionada pelo seu trabalho escultórico e performático, e por sua perspectiva poético-biológica dos processos digestivos.

Terroristas del Amor – Foto: Divulgação

O coletivo Terroristas del Amor, formado pelas artistas Dhiovana Barroso e Marissa Noana, é um dos dois portfólios indicados pelo júri para a categoria Menção Honrosa. As artistas de Fortaleza trabalham com militância lésbica, desencadeando um processo educativo e esclarecedor sobre o amor lésbico e às diversas violências as quais estão à mercê. A outra Menção Honrosa vai para Vulcânica PokaRopa, artista “travesti racializada”,  como se autodenomina, que faz uso dos aparatos performáticos e documentais para elaborar peças de crítica à heterossexualidade e cisgeneridade compulsória, apontando os transfobismos camuflados em nosso cotidiano. Sua obra “Desaquenda” é a primeira de uma artists trans adquirida pelo MAM, após a sua  participação do último Panorama da Arte Brasileira.

Mônica Coster – Foto: Divulgação

As premiadas ganharão ainda participação no podcast do Vozes Agudas para as artistas indicadas na categoria Menção Honrosa. Outras 12 artistas foram selecionadas para participar da exposição, em um total de 36 obras.  

Além de São Paulo, as premiadas irão viajar para Brasília, onde irão participar de uma mostra coletiva na galeria Karla Osório com outros artistas da região Centro-Oeste. Uma exposição em Recife também está sendo negociada, com local a definir. Todas as obras das artistas estarão à venda.

O prêmio em dinheiro e custos de produção foram viabilizados por meio da generosa doação de cinco mulheres colecionadoras.

Massu Cristina – Foto: Divulgação

 “O Prêmio Vozes Agudas é entendido como uma plataforma de visibilidade para o trabalho de artistas mulheres ainda não absorvidas pelo circuito institucional das artes, seja por questões de linguagem ou contingência social,” diz Talita Trizoli, júri do prêmio e coordenadora do coletivo Vozes Agudas. “Criamos uma ponte entre estas artistas, muitas vezes distantes do eixo Rio-São Paulo, através de um processo de acolhimento e valorização.”

O coletivo Vozes Agudas já planeja uma segunda edição do prêmio a ser lançado ainda este ano.

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