Foto: Marcus Vinicius de Arruda Camargo
Cerca de 120 obras do artista plástico neoconcretista e designer gráfico Amilcar de Castro passam a compor as instalações internas e externas do MuBE (Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia) a partir desta quinta-feira (11.02). A exposição “Amilcar de Castro: na dobra do mundo” é uma homenagem ao centenário do multifacetado artista, que integra o rol dos maiores expoentes brasileiros na arte e cultura, acumulando títulos como o prêmio da Fundação Guggenheim e Prêmio Nacional da Funarte. A mostra é gratuita e pode ser visitada de quinta a domingo, de 10h as 16h, mediante agendamento prévio.
Dentre a seleção de trabalhos de Amilcar, há obras inéditas que serão apresentadas pela primeira vez ao público, como a escultura horizontal, composta por duas partes, da década de 1990, disposta debaixo da marquise do MuBE, e a alta e esbelta escultura, sem título, também da década de 1990, instalada na grama do jardim do museu. Outro destaque é a participação da escultura, sem título, de 1999, com gigantescas dimensões (18 metros de altura e mais de 20 toneladas), pertencente à Universidade de Uberaba (MG), que pela primeira vez percorre mais de 480km para ocupar novo lar temporário no MuBE a partir de março de 2021.
Foto: Marcus Vinicius de Arruda Camargo
A mostra é realizada em parceria com o Instituto Amilcar de Castro e conta com a curadoria de Guilherme Wisnik (professor da FAU-USP, crítico de arte e curador), Rodrigo de Castro (filho do artista e diretor do Instituto Amilcar de Castro) e Galciani Neves (curadora-chefe do MuBE). “É realmente uma honra comemorar o centenário de Amilcar em um museu que conversa tanto com a proposta de trabalho do artista. É o encontro da instituição com as obras neoconstrutivas que remontam à universalidade da arte”, celebra Rodrigo de Castro, destacando que as obras sempre estiveram conectadas ao urbanismo.
Foto: Marcus Vinicius de Arruda Camargo
Outro ineditismo da exposição é a interação entre o trabalho de Paulo Mendes da Rocha (arquiteto responsável pela concepção do MuBE) e Amilcar. “O contraste entre a horizontalidade do prédio e a verticalidade das esculturas de aço corten de Castro resultam em uma fricção única entre arte, arquitetura e história”, destaca Wisnik, especialista em arquitetura, urbanismo e artes visuais. O curador também convida o público a celebrar o papel da ciência para nossa sociedade por meio do trabalho do artista: “as obras de Amilcar evidenciam a importância da engenharia e ciências exatas, essenciais para a construção de esculturas com altura e peso sobre-humanos, que as nossas mãos não alcançam nem mesmo conseguem suportar sozinhas.”
As obras estão expostas no pátio do MuBE, ao ar livre, e chamam a atenção de quem passa despretensiosamente na rua pelo lado de fora, mas também atraem quem busca por uma programação cultural ao ar livre. “Estamos muito felizes por trazermos para o MuBE, esse ícone da arte brasileira, cuja obra tão bem conversa com o fato de o Museu ser esse espaço aberto que promove e incita o diálogo com a rua”, ressalta a curadora da instituição, Galciani Neves.
Foto: Marcus Vinicius de Arruda Camargo
Uma das atrações dentro da exposição é o capítulo matéria-linha, uma seleção de trabalhos contemporâneos de artistas brasileiros diversos, que dialogam com as obras do Amilcar. Carmela Gross, Lia Chaia, Max Willà Morais, Moisés Patrício, Rubiane Maia e Carla Borba, Tomie Ohtake e Wlademir Dias-Pino fazem parte dessa seleção. “Nossa proposta é promover uma outra maneira de nos relacionarmos com o trabalho do Amilcar, trazendo uma visão atual a partir de diálogos que se relacionam com a ideia de linha, explorada pelo artista”, completa Galciani.