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Galeria Jaqueline Martins apresenta a mostra “Lydia Okumura”

Foto: Divulgação

A Galeria Jaqueline Martins apresenta a mostra “Lydia Okumura,” a segunda individual da artista homônima organizada pela galeria paulistana. Ocupando os três andares de seu espaço, um galpão industrial de 600 metros quadrados localizado na Vila Buarque, a mostra é composta por instalações espaciais, esculturas e pinturas que não são vistas pelo público brasileiro desde os anos 1970 e 1980.

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A exposição conta ainda com obras das artistas Maria Noujaim, Maria Leontina, Martha Araújo e Jandyra Waters, buscando estabelecer um diálogo com a produção abstrata de Lydia.

A mostra é a primeira individual de 2021, ano em que a galeria comemora dez anos de história dedicada ao resgate de artistas e práticas experimentais dos anos 1970 e 1980 em dialogo com a produção contemporânea. No ano passado, a galeria inaugurou um espaço em Bruxelas, Bélgica, iniciativa que amplia o alcance internacional de seu programa e seleção de artistas.

“Eu nunca tento fazer de um espaço algo que ele não é, mas reafirmá-lo e expandir suas possibilidades”, diz Lydia.

Em 1978, Ellen Schwartz, diretora de exposições do Instituto Pratt em Nova York, escreveu “Lydia Okumura é uma artista maga. Dê-lhe um espaço – qualquer espaço – e ela vai enfeitiçá-lo por meio de pintura, corda ou vidro, com resultados inevitavelmente surpreendentes”.

Aos 12 anos de idade, Lydia recebeu uma bolsa para estudar num estúdio profissional de cerâmica. Tendo a arte e o processo criativo como prioridade na vida, Lydia realizou sua primeira exposição individual de pinturas em 1968, aos 19 anos, na Galeria Varanda, em São Paulo.

Em 1971, durante seus estudos na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP, São Paulo), ela começou a pesquisar as potencialidades de intervir diretamente em espaços físico. Ela desafiava ativamente os espectadores a questionarem suas percepções do mundo ao seu redor, por meio de esculturas, instalações e obras em papel que apagavam os limites entre duas e três dimensões. Ainda em 1971, na exposição “Jovem Arte Contemporânea”, realizada no Museu de Arte Contemporânea de Campinas, Lydia desenvolveu três instalações que funcionavam em conjunto: “Different Dimensions of Reality I, II e III”. Estas obras produzem sombras como uma técnica de marcar o espaço, brincando com a distinção entre a ficção e realidade, utilizando formas geométricas simples como triângulos e quadrados. Diferente da OpArt, que faz o olho se mover pela obra de arte rapidamente, o processo da artista anima suas formas, permitindo que os espectadores tenham interações mais profundas e longevas com a obra. Estas peças marcam o início, para Lydia, de uma linguagem visual abstrata baseada em linha, forma e espaço.

Foto: Divulgação

Embora não influenciada diretamente pelo Concretismo e Neo-Concretismo, que se desenvolveram no Brasil ao longo da década de 1950, a obra de Lydia segue uma trajetória de abstração presente na arte latino-americana em geral. Podem-se notar similitudes entre o crescimento do vocabulário visual de Lydia e as primeiras obras de Waldemar Cordeiro, Lygia Pape e Hélio Oiticica. Quando a artista mudou-se para Nova York, em 1974, para frequentar o Pratt Graphics Center, sua obra continuava explorando arranjos formais e espaciais, tanto em instalações, quanto em suas obras em papel. Suas instalações começaram a incorporar a pintura diretamente na parede para conectar formas com pedaços de corda e linhas desenhadas em grafite, enquanto as obras em papel olhavam para a arquitetura com a pretensão de expandir espaços bidimensionais para tridimensionais.

Ao realçar os meios usando material e espaço, o estilo singular de Lydia é uma conglomeração das qualidades puramente formais presentes em toda a história da abstração geométrica. Como afirmou Mondrian, “a beleza universal resulta do ritmo dinâmico das ‘relações mútuas das formas.’” Com suas pesquisas espaciais, Lydia expande e renova a estética da abstração, ao sintetizar e transformar ideias de cor, forma e composição, assim como interatividade e percepção.

Galeria Jaqueline Martins – Rua Cesário da Motta Junior 443, Vila Buarque, São Paulo. Tel.: 11 2628-1943.

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