Alline Azevedo, jovem e mulher negra de 27 anos, é dançarina profissional e faz parte do balllet oficial da cantora Anitta. Em papo com o RG, ela conta um pouco mais sobre como é ser mulher preta no mundo da dança no Brasil.
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‘’Ser mulher e negra é uma preocupação constante, quebrar os padrões é uma batalha que ainda acontece diariamente. Existem vários relatos que descrevem bem como funciona a situação para conquistar o nosso espaço. O sentimento que eu tenho, juntando tudo que já vi até hoje, é que precisamos sempre estar provando o nosso valor. Tentar fazer as pessoas enxergarem o que vai além da cor da pele”
Alline sente, ainda, que o preconceito não é somente com sua cor de pele mas, sim, com sua profissão. A dançarina relata que já passou por situações em que foi rotulada como burra e que sente um olhar de julgamento muito forte.
“Já passei preconceito por ser dançarina e por dançar funk. Algumas pessoas acham que por eu trabalhar com dança, principalmente com funk, eu sou burra e/ou objeto sexual. Já encontrei um grupo de amigos dos amigos que após de algumas horas de conversas sobre os temas mais variados alguém soltar um comentário: nossa não sabia que você era dançarina, você não tem jeito de dançarina. E esse comentário ficou martelando na minha cabeça e percebi que o estereótipo de “dançarina” para ele, acredito que para muita gente também, é associado a mulher burra, gostosa que sabe rebolar e sem nenhum conteúdo. Muitos paradigmas ainda têm que ser quebrados, e esse também é um deles.’’
Mesmo com todos estes lados negativos, tudo isso compensa: Alline conta se sentir muito realizada com tudo que já fez e ama a ideia de estar inspirando outras meninas e meninos como ela que também tem este sonho.
“Já me disseram que me viam como inspiração e isso mexeu demais comigo. No final das contas. acabou que eles viraram as minhas inspirações: eu penso que sou o espelho para algumas pessoas, então, isso me motiva a melhorar, a não parar. Por diversas vezes, converso com os meus seguidores que mandam mensagens tirando dúvidas profissionais, pedindo uma orientação. Fico explodindo de alegria quando alguém me manda mensagem dizendo que começou ou voltou a dançar por minha causa, essa receptividade não tem preço”