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Felipe Morozini e Rita Wainer criam empena para SP: “se entende e se completa com amor”

Obra de Rita e Morozini foi instalada na Rua dos Pinheiros, em São Paulo (Foto: Thomas Albert Rera)

Amigos de longa data, Felipe Morozini e Rita Wainer trabalharam juntos pela primeira vez em um presente para São Paulo: uma empena, erguida na Rua dos Pinheiros, na altura do número 1300. As frases “Estamos todos brilhando” e “Aqui, agora e em todos os futuros possíveis” se misturam neste grande mural, recém-inaugurado, com os já conhecidos símbolos das obras de ambos. “Nossos olhos e o infinito. Foi tudo muito fluido. A gente não precisa falar muito para se entender. Eu sinto o que ela sente”, explica o artista. “A gente se entende e se completa com muito amor. Na verdade eu nem me lembro do processo porque tem vezes que o trabalho nem parece trabalho, é um presente”, completa Rita.

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Para Morozini, a mensagem de empatia e ressignificação do futuro é uma tentativa de um novo diálogo entre as pessoas após este estranho ano. “Um futuro mais amoroso, gentil e brilhante para todos”, deseja ele. “Criamos todos juntos, é um lugar onde a gente trabalha em uma dinâmica muito amorosa e divertida. Foi como uma festa entre amigos , daquelas que não existem mais (por enquanto)”, completa Rita. Apesar de terem trabalhados juntos pela primeira vez, brincam como se tivesse sido a milésima. Os trabalhos se conversam e Rita tem uma frase dele tatuada em seu coração. “Ele tá sempre comigo.”

As frases são um suspiro no meio de tanta falta de ar, segundo a artista. “Passar uma mensagem que pudesse arrancar nem por um segundo um sorriso, uma esperança.” Para ela, não faz muita diferença criar uma obra pequena ou grande: “faz diferença pintar o grande pelo esforço físico que a pintura em altura exige de nós, o calor, o balanço, é um esporte radical para fazer arte”, ri, “Mas é lindo que fique acessível para todos e que todos se sintam donos da obra. É na cidade, é sua também.”

O mural faz parte da campanha “Be The Sparkle”, de Chandon, que também apresenta uma Ecobag estampada com a arte da Rita Wainer e de Felipe Morozini ou uma caixa personalizada com a arte com quatro taças exclusivas.

Mural mescla símbolos conhecidos dos dois artistas e duas frases (Foto: Divulgação)

Tempos bicudos
Como sempre criou dentro de casa, o estúdio de Morozini é em sua casa há anos. Com a pandemia, continuou criando sob novas temáticas e perspectivas, ajustado ao momento. “Lúcido e atordoado, como todos. Senti falta do contato humano, que também alimenta meu trabalho e meu desenvolvimento de ideias e pensamentos. Senti falta da rua e do vento no cabelo”, comenta. No mês passado, Morozini teve seu apartamento-ateliê, no centro de São Paulo, invadido. Furtaram obras e equipamentos. “Meu primeiro pensamento foi o de me retirar da cidade. Me invadiu uma insegurança absurda. Me senti completamente vulnerável e desassistido pelo sistema”, recorda. Ao mesmo tempo, sentiu-se seguro e amado pela rede de amigos. “Esses buracos acontecem para a gente voltar maior depois, rever valores, agradecer de estar vivo e seguir. Já foi tudo ressignificado por aqui. Seguirei mais forte. Por enquanto, ainda continuarei por aqui.” A gente agradece, a cidade, também!

Planos para 2021
Morozini espera que o ano seja “de mares mais tranquilos” para todos. E que a vacina contra a covid-19 seja distribuída de maneira a contemplar a sociedade como um todo. “Não crio expectativas para nada”, conta ele, apesar de cheio de realizações pessoais e profissionais. Em breve, teremos notícias de um sonho adolescente dele: um possível hotel na Bahia, além de novidades do Parque Minhocão, no centro da capital paulista. Avante!

Assim como o amigo, Rita aguarda esperançosa a vacina e aposta em surpresas boas para o ano que se aproxima. “Sempre acho que amanhã vai ser melhor que hoje. Não sou saudosista, apesar de trabalhar o tema saudade desde sempre”, diz ela. Em 2021, protagoniza o filme “Pedro”, de Laís Bodanzky, em que interpreta Domitila, a marquesa de Santos. “Não me considero atriz, nem no filme. Me considero uma artista que pode levar sua arte para qualquer plataforma, seja um prédio gigante, um par de meias, ou contar uma história na tela do cinema.” Para o ano que vem, pretende estudar muito, resultado da pandemia. “Tenho estudado filosofia, pintura, história da arte e pretendo continuar.”

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