Festa do MEL – Foto: Divulgação
Em 2020 fomos surpreendidos por uma pandemia que exige como medida preventiva o distanciamento físico entre as pessoas e as consequências disso têm sido expressivas para a economia criativa – em especial para a área de música. O impacto tem sido ainda pior para festas, artistas, casas de shows e clubes que precisam do movimento presencial para acontecer e onde a aglomeração é inevitável.
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“Os clubes e casas de shows são espaços importantes de difusão cultural. Sem contar que o fechamento desses locais paralisa o exercício da produção de músicos, fornecedores de equipamentos de som e diversos outros agentes que fazem parte da economia da cultura.”, afirma Karen Cunha, curadora e gestora cultural.
Em São Paulo, o recente decreto de retorno à fase amarela deixa mais evidente a necessidade dos cuidados e reforça ainda mais um movimento de ressignificação por parte dos espaços, como é o caso do Boteco Prato do Dia. “Estamos correndo atrás de auxílios e editais públicos, pensando em novos formatos para continuar fomentando a cultura da discotecagem e contando com as colaborações junto ao nosso público frequentador da casa.”
Diante de inúmeros pedidos para o retorno das atividades seguindo todas as normas de segurança, o bar entende que ainda não é o momento de abrir as portas. “As lives se apresentam como uma das alternativas para continuarmos ativos e ajuda a manter as boas lembranças da pista.”
Pensando em como oferecer acesso democrático e em como conectar clubes, artistas e trabalhadores da área com o público geral, em 2020, a Virada Cultural, que é realizada anualmente, se desloca das ruas da cidade para dentro das casas, promovendo o Clube em Casa, que é a união dos principais DJs e festas da cidade em uma série de apresentações musicais online utilizando como cenário casas de show e clubes renomados da capital – que atualmente se encontram fechados por conta da pandemia.
Totalizando 18 horas de programação, oito casas se unem para a transmissão ao vivo de performances e shows: Casa do Mancha, Aparelha Luzia, Boteco Prato do Dia, Casa da Luz, Mundo Pensante, Tokyo, Fatiado Discos e CARACOL abrem seus espaços para artistas que contemplam diferentes públicos e festas criadas a partir de diversas vertentes como MEL, Discopédia, Mamba Negra, Batekoo, Gop Tun, ODD, Pilantragi, KLJay, Calefação Tropicaos, Desculpa Qualquer Coisa, entre outros.
Do ponto de vista artístico, para alguns profissionais da cena, os novos formatos de festas, pautadas pelas normas de segurança e restrições não devem ser vistas como reflexo de impossibilidades. “É importante lembrar que em tempos de pandemia se faz necessário festejarmos o que ainda nos cabe: celebrar a vida por meio da música e se deixar mover para além do que nos impede, diz o DJ Akin Deckard, que participa do Clube em Casa com um set completo a partir do canal online do CARACOL. “Já que não podemos ir até as festas, que elas venham até nós, como uma janela de escapismo onde se conectar ainda se faz possível.”
Realizado nos dias 12 e 13 de dezembro, o Clube em Casa terá transmissão ao vivo pelo Twitch da Flerte e pelo site da Secretaria Municipal de Cultura. O evento será transmitido sábado, a partir das 18h, e domingo, a partir das 13h.