Foto: Gustavo Arrais/ Arte: Beatriz Trentino
Após abordar temas como vulnerabilidade, saúde mental e ressignificação do luto, no lado A de “O Velho e Bom Novo”, segundo álbum de Kell Smith, lançado em maio de 2020, agora, a cantora e compositora encerra um ciclo lançando as 6 faixas inéditas que compõem o lado B. A obra chega a todas as plataformas digitais, pelo selo Na Moral, e está disponível neste link.
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Na jornada durante as canções, todas escritas por Kell, vemos uma artista versátil, não apenas em lírica e potência vocal, mas em temáticas contemporâneas à vida de uma mulher jovem, em franco processo criativo e de autoconhecimento. Mantendo o equilíbrio entre técnicas analógicas e digitais, apresentadas no lado A, vemos no lado B de “O Velho e Bom Novo” uma outra faceta de Kell, mais solar e romântica, mas igualmente engajada, visceral, sensível e despida de qualquer recurso de afinação artificial. É um álbum orgânico, como a própria vida.
Foto: Gustavo Arrais
Assim como no lado A, a segunda metade de “O Velho e Bom Novo” conta com produção e arranjos do maestro Bruno Alves. Aqui, Kell segue abordando a vida real, sem medo de encarar conflitos e expor feridas. Em cada faixa, a artista transborda sentimentos, vivências, referências literárias e autobiográficas, sempre dialogando com questões urgentes, como o feminismo e o empoderamento da mulher, como na faixa “Princesa”, que subverte o lugar comum machista de um conto de fadas.
Mas, antes disso, o lado B se apresenta com “Me Deixe Viver”, uma balada ao mesmo tempo romântica e questionadora, que revela, verso após verso, o processo de autoconhecimento.
Em seguida, chegamos à supracitada “Princesa”, um manifesto pop, com doses generosas de R&B e nuances latinas, que convulsionam a lógica da fragilidade feminina. A princesa criada por Kell é forte, dona de si, empoderada e pronta para a luta, a Princesa se salva sozinha sem precisar de ninguém para defendê-la.
Foto: Gustavo Arrais
O álbum segue em sua pluralidade rítmica, em “Vai Com Alma” flertando com o ska, gênero musical nascido na Jamaica, marcado pela potência dos metais com trombone, sax e trompete. Com citação a Belchior, sua maior referência como compositor, a canção é um apelo por mais sentimento e intensidade nas relações humanas e na relação com a vida.
Logo depois, somos apresentados a “Poesia”, composta em parceria com Alves, com a suavidade do piano embalando uma declaração de amor cheia de esperança. Já em “Que Seja Com Você”, mais uma dobradinha com Alves, os versos de Kell revelam a esperança de um futuro feliz através de um amor recém descoberto.
O lado B de “O Velho e Bom Novo” se despede com “Nossa Bossa”, parceria com o violonista e guitarrista Edson Guidetti, a canção é uma espécie de síntese do álbum que nela se encerra. Um protesto em forma de poesia, uma Bossa de “quase amor”, que reflete os tempos atuais. Aqui, Kell olha para dentro de si, mas também ao redor, revelando de maneira visceral e crítica, sua busca pelo autoconhecimento, força feminina, amor e sobretudo, excelência artística.
Foto: Gustavo Arrais
Força, aliás, é a palavra que define o Lado B, seja na força do amor, na força pelo direito de amar, da intensidade de viver, do protesto em forma de poesia e a força pelo grito de liberdade.
Todos estes elementos se encontram em perfeita harmonia, em uma bossa que remete a um período de ouro da nossa música, que em “O Velho e Bom Novo” é resgatado não apenas no apuro técnico, mas no talento vibrante de uma cantora e compositora que, mesmo após 12 faixas divididas em dois lados, seguirá tendo muito a dizer.