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Miley Cyrus ecoa aura oitentista em “Plastic Hearts” com direito a couro e látex

Trabalho chega com 12 faixas inéditas, além de remixes e covers na versão deluxe (Foto: Mick Rock)

Para quem achava que o rock havia morrido, dia desses a cantora Pitty falou que o gênero havia sido salvo por artistas como Billie Eilish e Miley Cyrus. E que esse tipo de música não estava mais nas mãos de “homens brancos”, que o popularizaram no passado. Ela não poderia estar mais certa! Com o lançamento de Plastic Hearts, novo e sétimo álbum de Miley, a cantora entrega um material maduro, com hegemonia sonora, cheio de riffs de guitarra e colaborações poderosas, do naipe de Billy Idol, Joan Jett e Dua Lipa nos vocais, além de Mark Ronson e Ryan Tedder (do OneRepublic) nas produções.

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Miley já havia liberado dois singles – Prisoner, com participação de Dua, e o hit Midnight Sky -, que serviram de alicerces para ela se entregar à era oitentista – na contramão de outros discos Pop lançados em 2020, que apostaram no groove da era Disco, popular na década de 1970. Para citar alguns nomes, tem o próprio Future Nostalgia, de Dua Lipe, What’s Your Pleasure?, de Jessie Ware, e DISCO, de Kylie Minogue. Se traçarmos um paralelo com a Moda, o couro e o látex já puderam ser sentidos nas passarelas de Sally LaPointe e Saint Laurent por Anthony Vaccarello, na última temporada de moda.

Nesse novo trabalho, Miley aposenta de vez sua imagem de ídolo teen com letras sobre força e independência feminina em hinos do Rock, que poderiam ter sido lançados na década em que Blondie, The Cure e The Cranberries estavam no auge. Ela já havia flertado com o rock no EP Miley Cyrus & Her Dead Petz, com participação do Flaming Lips.

Na época em que esteve no País, para show da era Bangerz, vinha se desvencilhando da ilibada imagem, após protagonizar o twerk durante o Video Music Awards (VMA) de 2013, que marcou de vez sua carreira para sempre. E, na sequência, limpou a barra com o álbum Younger Now – colado a um casamento com o ator Liam Hemsworth.

Miley foi muito bem-sucedida em todas as eras, e agora aposta em uma verve mais punk, com músicas de bateria marcada, compassada, sintetizadores e riffs rasgados, assim como a sua voz rouca. Famoso fotógrafo da era do roquenrou, Mick Rock é responsável pela arte da capa. É só o começo da nova era porque, já já, ela lança um disco de covers do Metallica, como já anunciou. Confira o faixa a faixa!

Cantora lança sétimo álbum de estúdio nesta sexta (27.11) – Foto: Mick Rock


1. WTF Do I Know
Com resquícios do Pop ‘N Roll, que em um passado recente fez famosos artistas como Avril Lavigne, Paramore, Fall Out Boy e Panic! At The Disco, ela se joga de cabeça nesse universo de couro e correntes, com direito a riff rasgado, beats potentes e palminhas. Parece criticar o passado, que já apostou em eras de Pop, sexy e country angelical.

2. Plastic Hearts
O tecladinho da faixa que dá nome ao álbum em nada lembra os riffs pesados (apesar de ter um solo bem marcado). Para situar o ouvinte, ela até cita que já curtiu o California Dreamin’, hit dos anos 1970, da banda The Mamas & The Papas. A trilha mais com bandinhas oitentistas do tipo A-ha pelo vocal e beat que nos faz acompanhar com a cabeça, de um lado para outro, e o passo marcado com o bater dos pés.

3. Angels like You
O rock esperançoso da terceira faixa vai na linha de Knocking on Heavens Door, do Guns ‘N Roses, que já teve até cover de Avril Lavigne. A letra narra aquele tipo de amor que nem nossas mães apoiam, a gente não escolhe ter, mas o destino se encarrega de pôr bem nas nossas mãos. “Anjos como você não podem voar para o inferno comigo”, diz a letra.

4. Prisoner (featuring Dua Lipa)
Muito por causa de Future Nostalgia, nos acostumamos com a aura setentista de Dua Lipa. Aqui ela se despede da década passada para entoar um refrão-chiclete que remete ao hit Physical, de Olivia Newton-John, do que a sua própria faixa, de mesmo nome. O single narra aquele tipo de amor que não sai da nossa cabeça, bastante cantado no Pop recente.

5. Gimme What I Want
A faixa upbeat poderia ser facilmente um beside de Can’t Be Tamed, dos idos de 2010, pela cadência com um quê de mistério. Potentíssima, o compasso marcado das batidas divide espaço com o liquidificador sonoro da faixa sobre tortura e auto-flagelação.

6. Night Crawling (feat. Billy Idol)
Era para ser a trilha sonora dos inferninhos da Rua Augusta e do Centro de São Paulo, se não estivéssemos no meio de uma pandemia. Os acordes remetem a “The Final Countdown”, do Europe, e se Miley fosse brasileira, com certeza teria um clipe rodado no Madame Satã ou no Love Story, dirigido por Vera Egito. Pode apostar!

7. Midnight Sky
A estética colorida serviu para dosar a mescla de universos. Com direito a muito brilho e balões, como se fosse uma fotografia da artista Flávia Junqueira, Miley nos convidou para entrar de cabeça na fase independente, que não se prende, mas ainda assim sofre de amor.

8. High
Música mais leve do trabalho, a faixa flerta com o gospel e o country, mostrando claramente os potentes vocais de Miley. Na canção, ela traça um paralelo entre se drogar e aquele sentimento de deixar um amor ir embora.

9. Hate Me
“Por que é tão difícil dizer adeus”, diz a letra, que Miley canta rasgando. A música questiona por que é tão complicado se desvencilhar de pessoas e sentimentos. Ela sugere que, no dia em que morrer, gostaria que seus amigos saíssem para beber e ficar chapados.

10.  Bad Karma (feat. Joan Jett)
O tilintar das baquetas na bateria em meio a gemidos cadenciados sinalizam o rock oitentista por trás da produção de Ronson. A crítica especializada pontuou: parece que vem com um filtro do Instagram. “Existe carma para quem arrasa corações?”, questiona a letra.

11. Never Be Me
O vocal efusivo e a cadência melódica evocam Drive, do The Cars, popular em 1980. A cantora já contou em entrevistas que o produtor relutou a entender a faixa, que fala sobre uma pessoa que não anda na linha, brinca com fogo e não quer saber de bajular seu amor.

12. Golden G String
Depois dos gritos e riffs poderosos, ela se entrega aos sintetizadores e espécie de redenção. A letra fala sobre se empoderar em um mundo repleto de homens no poder, que selam o destino de mulheres como ela e, ela própria revelou que se trata sobre a gestão de Donald Trump na presidência dos EUA.

**A versão deluxe ainda apresenta alguns remixes, como o de Midnight Sky com participação de Stevie Nicks e outras apresentações ao vivo.

Trabalho já está disponível em todas as plataformas – Foto: Divulgação

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